5 de novembro de 2011

PRIMEIRA SEMANA DA 57ª FEIRA DO LIVRO DE PORTO ALEGRE

Divulgada parcial de vendas da Feira do Livro nos primeiros seis dias

A Câmara Rio-Grandense do Livro divulga, nesta quinta-feira (3/11), a primeira parcial de vendas da 57ª Feira do Livro de Porto Alegre. Desde o início do evento, em 28 de outubro, foram vendidos 138.361 livros, número que ultrapassa a quantidade vendida no ano passado em 1.571 títulos. Esta é a maior venda registrada em igual período nos últimos seis anos.

O feriado de Finados também foi especial para os leitores que visitaram a Praça da Alfândega e o Cais do Porto. Só neste dia, mais de 200 mil pessoas passaram pela Feira, onde foram comercializados 41.859 livros..


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Eduardo Sacheri falou sobre a relação da literatura e o cinema

O escritor argentino Eduardo Sacheri revelou que ficou impressionado com a repercussão do filme O Segredo de Seus Olhos comparado ao livro de sua autoria La Pregunta de tu Ojos, que deu origem à produção cinematográfica ganhadora do Oscar de Melhor Filme Estrangeiro em 2010:

"A primeira edição da obra esgotou com a venda de três mil exemplares, e dois milhões e meio de pessoa viram o filme. O mundo que se move ao redor de um filme é muito mais massivo e popular que o mundo da literatura", afirmou o autor, que também participou da criação do roteiro com o cineasta Jose Juan Campanella.

O fato de poder estar ao lado do diretor na criação das cenas e dos personagens tranquilizou Sacheri. "Às vezes, vemos um filme que não tem nada a ver com o livro ou vice-versa", refletiu o escritor, uma vez que tentou conciliar as ideias do livro aos pedidos de Campanella, que queria para o filme um final “imprevisível e inevitável” ao mesmo tempo.

Sacheri correspondeu à altura às exigências criando duas histórias que se cruzam: o crime e seu castigo e um homem e seu amor. Justificou que o filme é romântico sem mostrar sequer um beijo entre o casal e que a porta que se fecha atrás dele faz cada um dos expectadores definir o futuro dos personagens.

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O biógrafo pop do Brasil revela a primavera de Glauber Rocha

O jornalista, escritor e músico carioca Nelson Motta esteve na Feira do Livro de Porto Alegre lançando uma nova biografia e, novamente, de um grande amigo seu. Considerado um dos nomes mais cult da cultura pop nacional, ele, que já havia biografado Tim Maia, no livro Vale Tudo (2008, ed. Ponto de Leitura), agora lança A Primavera do Dragão: a Juventude de Glauber Rocha (Objetiva), que conta os primeiros anos de vida do gênio do cinema novo brasileiro, o cineasta baiano Glauber Rocha. 

Num auditório repleto de admiradores, entre eles personalidades como Eduardo Bueno e Dulce Helfer, Nelson Motta bateu um papo com o público, na sala dos Jacarandás, no Memorial, sob mediação da jornalista Kátia Suman. “Sou um biógrafo pop movido por sentimentos amorosos”, autodefiniu-se, explicando que, assim como ocorrera com Tim Maia, com quem nutriu uma longa amizade, também teve como primeiro impulso para escrever o fato de manter um forte laço com Glauber Rocha, além de admirar suas personalidades. “Admiro muito esses dois doidões, o que, para um careta como eu, é uma forma de me realizar na doidice deles”, brincou.

No livro sobre o diretor de Terra em Transe e Deus e o Diabo na Terra do Sol, o escritor se valeu de entrevistas, depoimentos e muito material de arquivo para trazer à luz os anos iniciais de vida deste revolucionário cineasta, que, “com uma câmera na mão e uma ideia na cabeça”, encabeçou o movimento Cinema Novo nos anos 60 e mudou para sempre a estética cinematográfica no Brasil e no mundo. “Sou encantado nesta parte da vida de um artista, na primavera de um artista florescendo. É quando ele ainda tem ambições, guarda certa inocência e não foi castigado pela vida”, comentou.

Com caprichada arte do designer Luis Stein, o livro começou a ser escrito em 1989, mas ficou engaveteado. Por insistência do jornalista Zuenir Ventura, a quem Nelson Motta considera seu “mestre”, Motta retomou o projeto este ano, finalizando-o em apenas seis meses. “Foi um prazer escrever sobre Glauber, um personagem complexo, rico, contraditório, anárquico, libertário, de vanguarda”, classificou o autor. Perguntado se hoje em dia existiria um outro Glauber Rocha, o jornalista foi pessimista: “Esse tipo de personagem hoje é difícil de acontecer. As coisas hoje estão muito politicamente corretas, certinhas, o que não tem nada a ver com Glauber Rocha.”

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Extraído do sítio da Feira do Livro de Porto Alegre