11 de novembro de 2011

SEGUNDA SEMANA DA 57ª FEIRA DO LIVRO DE PORTO ALEGRE

Presidente da Bienal Internacional do Livro de Pernambuco visita a Feira de Porto Alegre




O Rio Grande do Sul, estado homenageado na 8ª Bienal Internacional do Livro de Pernambuco, recebeu José Alventino, presidente da Associação do Nordeste dos Distribuidores de Livros, entidade organizadora da Bienal. O baiano-pernambucano, como se declara, retribuiu a visita de João Carneiro, presidente da Câmara Rio-grandense do Livro que prestigiou o evento ocorrido entre 23 setembro a 8 de outubro no pavilhão de exposições do Centro de Convenções de Olinda:

- A Feira do Livro de Porto Alegre é uma tradição, uma referência. Eu sempre tive vontade de vir e de conhecer esta feira. – Declarou Alventino que, há cerca de 50 anos, comercializa publicações.

Foi aos 18 anos de idade que ele começou a oferecer livros de porta em porta. Teve livraria e, hoje, é dono da distribuidora Grupo Desafio que vende para ambulantes:

- O vendedor de livros faz às vezes de “livraria volante”, é uma espécie de “embaixador da cultura”. – Resume Alventino.


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Mary Del Priore e a intimidade dos nossos antepassados

A sala dos Jacarandás, no Memorial do Rio Grande do Sul, ficou lotada no começo da noite desta quinta-feira (10/11). O público compareceu para participar do bate-papo com a escritora e historiadora Mary Del Priore, autora do livro Histórias íntimas – Sexualidade e erotismo na história do Brasil.

Com mediação da jornalista e apresentadora, Tânia Carvalho, a pesquisadora falou sobre a intimidade dos nossos antepassados, as noções de privacidade e os choques culturais que envolveram a sexualidade ao longo da história.

Mary Del Priore comentou que no período colonial os homens eram alucinados pelos pés femininos. Ela relembrou que, antigamente, as mulheres não tinham a menor ideia do que aconteceria na noite de núpcias.
“Existia uma mentalidade que o corpo da mulher só servia para reprodução, para ter filhos. Com a chegada da lingerie e dos hábitos de higiene, tudo isso começa a mudar”, pontuou a especialista em História do Brasil.

A escritora também relembrou a chegada do biquini ao Brasil, o surgimento da pílula anticoncepcional e a inserção da mulher no mercado de trabalho. “A grande virada aconteceu nos anos 70 e 80”, finalizou. 

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Feira do Livro presta homenagem a José Hernández

No dia dos 177 anos de nascimento do argentino José Hernández, o livreiro Miguel Angel Gómez, da Livraria Calle Corrientes, instalada na Área Internacional, expõe, em prateleira especial, edições da obra mais expressiva da poesia gauchesca, o clássico Martín Fierro. Em destaque, a publicação bilíngue espanhol-guaraní. Também estão à mostra, outros textos sobre o autor e sua obra literária e política.

Em 1872, José Hernández publicou El gaucho Martín Fierro, e sua continuação, La vuelta de Martín Fierro, em 1879. Foi traduzido em mais de 30 idiomas. A obra narra o caráter independente, heróico e sacrificado dos gaúchos, habitantes dos pampas, e os situam como os verdadeiros representantes do caráter argentino, colocação que contrariou os interesses políticos vigentes na época de Hernández. Martín Fierro tem a peculiaridade de não estar escrito na forma culta do espanhol, mas registrando foneticamente a forma de falar dos gaúchos. 

O sucesso da obra foi tanto que José Hernández era confundido com o título de seu livro e se habituou a ser chamado de Martín Fierro. Ele dizia que deveria ser a primeira vez que o filho dá o nome ao pai. 

Críticos literários consideram Martín Fierro como "o livro nacional dos argentinos" e uma interpretação da história argentina.

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Lídia Jorge fala sobre sua obra a escritores gaúchos

A escritora portuguesa Lídia Jorge participou de entrevista na noite quarta-feira (09/11), na Sala dos Jacarandás do Memorial do RS. Coube aos escritores Walter Galvani, Cíntia Moscovich e à patrona Jane Tutikian questioná-la sobre sua obra e sua forma de escrever.

Cíntia foi a primeira a perguntar à sua colega portuguesa. Trouxe para a pauta o livro que Lídia autografou à noite na Praça dos Autógrafos, O Vento Assobiando nas Gruas (Ed. Record). Quis saber sobre o recurso que ela usou de um narrador falando na terceira pessoa durante toda a história. A autora disse que este livro tem como cenário o Algarve, região onde nasceu, “e sua paisagem maravilhosa, porém bastante devastada pela ação dos empreendimentos turísticos que invadiram aquela região”. Quanto à figura da esquizofrênica, sobre a qual trata o livro, explicou que “o leitor vai descobrindo a personagem aos poucos, através do recurso do narrador”.

Objetiva, Jane Tutikian quis saber como a Literatura entrou na vida de Lídia. Ela contou que em sua casa da infância havia uma pequena biblioteca, herdada de um avô, que “mesmo pobre era culto”. Ela lia os livros para a família. “Mas eram histórias de abandono e violência e isto me incomodava”. Assim, a escritora passou a escrever novos finais diferentes para os tais livros, “mais felizes e harmônicos”. Até hoje, segundo diz Lídia, “os meus livros, nas páginas finais, sempre reclamam mais harmonia para o mundo”.

O escritor Walter Galvani, patrono da Feira do Livro de 2003, revelou que conhece Lídia Jorge há 13 anos. Indagou sobre a questão do título que, segundo ele, “é uma construção fundamental em qualquer obra”.

Especificamente sobre o livro autografado ontem, Lídia diz que o título curioso “é uma cruz que carrego. Sempre tenho que explicá-lo. Um dos personagens é condutor de uma grua, espécie de guindaste, muito usado na construção civil e em estaleiros. Um dia de vento forte, ele não desce do equipamento e passa a correr riscos, porém, em determinado momento, o vento pára totalmente. É o momento salvador que pode acontecer com qualquer pessoa”, relata. Este, conforme explica, é o mote da história.

Cíntia perguntou como a autora se sente, escrevendo em Português. “Tenho muita dificuldade em me expressar noutro idioma. Sinto-me muito bem falando em Português, que é uma língua arcaica – na qual usa-se muitas palavras para se dizer determinada coisa – mas também muito rica e poética”.

Sobre a Literatura em si, ela opina que a mesma não dá respostas. “Tudo está em aberto. Escrever é uma caminhada difícil e exige que dominemos a língua, que é um instrumento do nosso ofício”.

Abordando o aspecto histórico e de identidade de Portugal, Lídia lembra a condição daquele país, “que deixou de ser um império para se tornar uma nação pobre da Europa”. As ditaduras, a repressão e o salto que as novas gerações tiveram que dar para se inserir na modernidade causaram sofrimento ao povo português. E isso transparece na obra de Lídia. “Sou uma testemunha do meu tempo. São registros para o futuro”, acrescenta.

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Bate-papo sobre os 50 anos da Legalidade

Os jornalistas e escritores Juremir Machado da Silva, Duda Hamilton e Paulo Markun foram os convidados para o bate-papo 50 anos da Legalidade realizado na tarde tesa terça-feira (8/11), na sala dos Jacarandás, no Memorial do Rio Grande do Sul. O encontro teve mediação do jornalista Sérgio Reis.

“Estes homens tiveram, realmente, uma atitude de grande destaque”, disse Juremir, referindo-se a Brizola e João Goulart. “Mais importante do que o fato de um gaúcho assumir a Presidência foi a consciência da sociedade que a lei existia para ser cumprida”, apontou Markun.

Duda Hamilton e Paulo Markun são autores da obra 1961 - Que as Armas não Falem (Saraiva), que retrata o movimento mais focado em Brasília e na renúncia de Jânio Quadros, enquanto Juremir Machado escreveu o livro Vozes da Legalidade (Sulina), que aborda a repercussão do fato no Rio Grande do Sul.

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Leitores gaúchos conhecem pessoalmente Henri Loevenbruck

O jornalista Arthur de Faria apresentou Henri Loevenbruck, 41 anos, na tarde desta terça-feira (8/11), no Memorial do Rio Grande do Sul. Loevenbruck revelou gostar, ao mesmo tempo, de música e de escrever. Na adolescência, participou de várias bandas de rock e tocou nos palcos da região de Paris. Foi aos 25 anos que começou a escrever. E, então, a literatura ficou mais intensa na sua vida.

- Após dez anos escrevendo livros, a música começou a me fazer falta. Fui retomando e, agora, divido meu tempo entre meus romances e música. Estou gravando um álbum que, espero, fique pronto no ano que vem. – Confessou o escritor, cantor e compositor Henri Loevenbruck.

Seus nove livros - contos fantásticos, romances e roteiros para cinema - já foram traduzidos em mais de 15 países. Na França, é considerado o mestre do thriller. No Brasil, estreou com O Testamento dos Séculos (2003). Agora, apresenta Síndrome de Copérnico (Editora Record).

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Escritor togolês Kangni Alem lança 'Escravos' na Feira do Livro

A patrona Jane Tutikian apresentou, às 19h desta segunda-feira (7/11), no Memorial do Rio Grande do Sul, o togolês Kangni Alem, professor universitário de Literatura e de teatro, dramaturgo, romancista, contista, vencedor do Grande Prêmio de Literatura da África Negra jazz Cola Cola em 2001. O escritor, nascido no Togo, em 1966, já publicou mais de dez livros. O seu trabalho explora a memória política e histórica da África em temas como escravidão, ditadura e questões culturais e raciais. Kangni lança, no Brasil, e em primeira mão na 57ª Feira do Livro de Porto Alegre, o romance Escravos (Pallas), publicado, na Europa, em 2009.

Ao pegar o microfone, Kangni falou de sua satisfação em conhecer a Feira do Livro e estar na Capital gaúcha: "Faz anos que eu ouço falar em Porto Alegre por causa do Fórum Social e, agora, pela Feira do Livro. É a primeira vez que venho ao sul do Brasil. Em 2004, visitei Recife e Salvador para fazer pesquisas necessárias para a redigir Escravos", contou.

O autor seguiu fazendo um resumo de sua obra, considerada pelos críticos uma das mais importantes do continente africano.

Escravos aborda a história dos negros que, depois de algum tempo no Brasil, voltaram para a África. O personagem principal é um mestre dos rituais Vaudoun (babalorixá) e do rei de Abomey (Adandozan), que foi traído e depois vendido, em 1818, a um negociante inglês, que o enviou ao Brasil e que retorna a sua terra natal em 1836 como muçulmano. Tendo se convertido durante a revolta dos Males, em Salvador (1835), participou dela ativamente como um dos líderes. Adandozan mudou pelo menos três vezes de nome.

O percurso deste mestre de rituais é emblemático como de toda uma população de afro-brasileiros que se estabeleceu no século 19 ao longo da costa do Golfo da Guiné (África Ocidental), vinda, principalmente, da Bahia.

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57ª edição da Feira do Livro divulga nova parcial de vendas

Até domingo, dia 6, foram comercializados 4% de livros a mais do que igual período no ano passado. Em 10 dias da Feira de 2011, 236.854 obras saíram das prateleiras da Praça da Alfândega e Cais do Porto para as casas e bibliotecas dos gaúchos.

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Extraído do sítio da 57ª Feira do Livro de Porto Alegre