9 de dezembro de 2011

25 DE DEZEMBRO - NATAL VII

NATAL NA ALEMANHA

Nascimento de Jesus já foi
comemorado em maio.
A questão do Natal é parecida com o mistério da concepção da Virgem Maria. Ninguém sabe ao certo como aconteceu. Nos primeiros séculos da nossa era, havia na Palestina até mesmo cristãos que comemoravam o nascimento de Jesus em maio. Tradição, aliás, que muitos alemães até pensam não ser uma má ideia, considerando o estresse de fazer as suas últimas compras de Natal enfrentando o frio e ruas abarrotadas de neve.

A tradição de se festejar o Natal durante o inverno europeu foi estabelecida no século 4º. Em 336, o 25 de dezembro é mencionado oficialmente pela primeira vez como o aniversário de Jesus. Mas o motivo dessa escolha é discutido pelos estudiosos até hoje. Alguns dizem que a data decisiva para o cálculo foi o 25 de março, quando dia e noite têm duração igual.

A data já tinha significado importante na era pré-cristã, e os cristãos tomaram posse dela, como a dia em que um anjo anunciou a Maria que ela teria um filho. Nove meses depois, e estamos no dia 25 de dezembro.

Mas que ninguém pergunte como se sabia que o anjo apareceu exatamente no dia 25 de março, ou por que uma concepção divina deve necessariamente durar nove meses.

A teoria mais difundida sobre o Natal no fim do ano evoca a "Festa do Sol Vitorioso", que os povos germânicos comemoravam no dia 21 de dezembro com muitas luzes. Eles temiam que o mundo saísse dos eixos, devido à longa escuridão e, com tochas e velas, garantiam que isso não iria acontecer, durante a noite mais longa do ano.

Já os cristãos, muito espertinhos, se apoderaram, conta-se, desse simbolismo de luzes e colocaram o nascimento do Messias, seu redentor, simplesmente na mesma data, dando um novo significado às festividades germânicas. Afinal, no Antigo Testamento o Salvador é, de fato, designado como a luz que virá ao mundo.

E como essa apropriação funcionou tão bem, os cristãos decidiram ao longo dos séculos também ir se apoderando de vários outros costumes pagãos. Um exemplo é a sempre verdejante árvore de Natal, um símbolo da fidelidade e da esperança, enfeitada com luzes, como sinal dos planos de Deus para salvar a humanidade.

Na Alemanha, assim como no Brasil, é na véspera de Natal que se presenteiam parentes e amigos, com a diferença de que os alemães não costumam esperar até a meia-noite. Porém o feriado é em 25 de dezembro, quando, em muitos países, também acontece a troca de presentes.

Natal por toda a Alemanha.
Em dezembro, ninguém consegue escapar do Natal na Alemanha. As feiras e as decorações natalinas estão por toda parte. Na televisão, não se fala de outra coisa. Entre biscoitos de Natal e missas, cada vez mais pessoas que tradicionalmente não têm nada a ver com a festa terminam por comemorá-la.

A população alemã é formada por 70% de cristãos. O restante, sem nenhum vínculo religioso com o Natal, não deixa de se confrontar com a data, no entanto. Na maioria das vezes, essas pessoas participam de forma ativa e aberta do burburinho das festas de fim de ano.

O maior grupo de não cristãos da Alemanha – e também o maior grupo entre os imigrantes – é a comunidade muçulmana. "Temos nosso Ramadã e nele recebemos nossos presentes", diz Nourafza, uma jovem muçulmana de nacionalidade alemã.

Mas quem acaba de chegar à Alemanha pela primeira vez, vindo de uma outra cultura religiosa, tem suas dificuldades. Loay Mudhoon, especialista em Islã da Deutsche Welle, viveu essa experiência há 17 anos. "Na vida privada senti uma espécie de coerção não oficial. Temos que trocar presentes. A gente fica meio perplexa no começo. Você fica no canto, meio abobalhado, sem saber o que presentear. Havia alguns rituais que não eram tão familiares."

Os muçulmanos têm facilidade, no entanto, de descobrir semelhanças com seus vizinhos durante o Natal. Até porque Jesus aparece como um profeta no Alcorão. Por isso, os muçulmanos na Alemanha muita vezes acabam interiorizando o Natal como parte de sua própria cultura.

A feira de Natal de Nuremberg é uma das mais famosas da Alemanha.
"Embora não seja possível especificar exatamente quando Jesus nasceu, a data é perfeitamente aceitável, e os muçulmanos também reconhecem a celebração do nascimento de Jesus. Então, há muita coisa em comum", afirma Aimann Mazyek, secretário-geral do Conselho Central dos Muçulmanos na Alemanha, empenhado em promover o diálogo entre cristãos e muçulmanos.

Mesmo quando não há muito em comum, parte dos migrantes experimenta o Natal na Alemanha como uma festa tranquila e bonita. Esse é o caso do monge budista Thalpawila Kusalagnana, do Sri Lanka. Ele vive há um ano em Bonn e se recorda como as decorações de fim de ano marcaram suas primeiras impressões do país. "No caminho todo do aeroporto, eu podia ver as decorações de Natal. Descobri que os alemães se animam mais com festas do que outros povos. Eles gostam de enfeites, de música, gostam de festejar mais do que outros".

Comércio que marca a época do ano causa estranhamento em muita gente.
Um ponto em comum entre todos os não cristãos é a crítica à comercialização e ao materialismo do Natal alemão. Um episódio contado pelo jovem muçulmano Bahadir, residente em Bonn, ilustra bem isso. "A gente tinha uma professora que queria nos ensinar o verdadeiro espírito do Natal e pediu que cada um escrevesse seus desejos. Todo mundo escreveu Playstation 3, Playstation 2 e coisas do tipo. Eu e um amigo meu fomos os únicos que desejamos paz para o mundo". 

As semanas que antecedem o Natal são um período muito especial na Alemanha. A partir do final de novembro, centenas de feiras de Natal mudam a paisagem urbana em todo o país.

A capital alemã apresenta diversas feiras de Natal. Uma das mais conhecidas é a da igreja Kaiser Wilhelm Gedächtniskirche (Igreja Memorial do Imperador Guilherme).
Para muitos, uma época fria, escura e sem graça. Para outros, um período festivo cheio de encantos. É com as feiras de Natal, espalhadas desde o menor lugarejo até os grandes centros, que o inverno ganha uma cor diferente, um cheiro e um gosto de fim de ano. Visitado por famílias, amigos, colegas de trabalho, o mercado de Natal é o local favorito para o happy hour na época mais fria do ano. 


Glühwein bebido em 
canecas  de metal
 imitando botas.

Em vez de peru, ganso assado. Muitas famílias alemãs comem na ceia de Natal ganso recheado. Típicos da época natalina são também vários tipos de bolachas (Zimtsterne) e biscoitos (butterplätzchen), o vinho quente (Glühwein) , as maçãs assadas.


Ganso assado com castanhas
 e maçãs.
Ganso assado não é somente um prato festivo para a noite de Natal na Alemanha. Todos os anos, ele faz parte do cardápio da nação desde 11 de novembro, dia de São Martinho. Conta-se que o santo que não queria ser bispo se escondeu entre os gansos, quando foram buscá-lo, mas as aves delataram o seu esconderijo com seu alarido.

Fonte: artigos diversos do sítio da Deutsche Welle.


O Tannembaun - Canção dos Aprendizes de Carpinteiros
Autor: Ernst Anschütz (1780-1861) Origem: Alemanha

oh tannenbaum, oh tannenbaum wie grün sind deine blättern, du grünst nicht nur zu sommer zeit, nein auch im winter wenn es schneit... oh tannenbaum, oh tannenbaum wie treu sind deine blättern
(Ó pinheiro, ó pinheiro, tu me agradas enormemente! Quantas vezes no tempo de Natal não me extasiou tua árvore! Ó pinheiro, ó pinheiro, tu me agradas enormemente!)

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