14 de janeiro de 2012

DICA: NOVA ANTOLOGIA DO CONTO RUSSO (1792- 1998)

Formato: LIVRO
Autor: Vários, organizados por BRUNO BARRETTO GOMIDE
Editora: EDITORA 34
1ª ed. - 2011
648 p
Assunto: LITERATURA ESTRANGEIRA

Sinopse: Quarenta autores, quarenta contos, duzentos anos da melhor prosa russa reunida em um único volume. Organizada por Bruno Barretto Gomide, professor da Universidade de São Paulo, esta antologia — a primeira no país inteiramente traduzida do russo e composta quase só de obras inéditas em português — apresenta ao leitor um rico panorama da literatura russa ao longo da história, iniciando-se em fins do século XVIII, com Nikolai Karamzin, e chegando até nossos dias, com Serguei Dovlátov, Liudmila Petruchévskaia, Tatiana Tolstaia e Vladímir Sorókin. Entre esses dois extremos, estão presentes todos os grandes nomes, como Púchkin, Gógol, Dostoiévski, Turguêniev, Tchekhov, Tolstói, Górki, Pasternak, Bábel e Nabókov, mas também vários outros menos conhecidos, porém igualmente importantes — Gárchin, Odóievski, Saltikov-Schedrin, Katáiev, Grin, Chalámov, Kharms, Platónov —, alguns deles nunca antes publicados no Brasil. (Veja aqui a lista completa dos contos reunidos). Para além dos grandiosos romances de Tolstói e Dostoiévski que, com seus debates de questões morais e existenciais, consagraram a literatura do país em todo o mundo, esta antologia vem mostrar que, na arte do conto, tanto em número como em qualidade — e abarcando uma diversidade de tons e temas —, os russos são igualmente magistrais. Traduções de Arlete Cavaliere, Aurora Fornoni Bernardini, Boris Schnaiderman, Cecília Rosas, Daniela Mountian, Denise Sales, Fátima Bianchi, Graziela Schneider, Lucas Simone, Mário Ramos, Moissei Mountian, Natalia Marcelli de Carvalho, Nivaldo dos Santos, Noé Silva e Yulia Mikaelyan. (Editora 34)

Abrangente coletânea de contos atualiza o leitor brasileiro para a sólida tradição da prosa dos autores russos. Desde o fim do século XIX e por todo o século XX, a literatura dos escritores russos foi tida como uma espécie de grife, um selo de qualidade que atraiu leitores, que podiam gozar não só dos livros, mas da fama de serem pessoas de "bom gosto". Os livros de gigantes de Dostoiévski, Tolstói, Górki e Tchekhov tornaram-se referências de solidez literária, de uma escrita de caráter quase sociológico, que retratava não apenas os conflitos interiores do homem, mas de seu universo urbano e rural. A boa fama dos russos, contudo, não foi suficiente para fazer o mercado editorial local se empenhar na exploração deste vasto território literário. Até a década passada, quase tudo que se lia havia sido escrito por autores clássicos, mortos antes da primeira metade do século XX. Na maioria das vezes, contos e romances eram vertidos de maneira indireta, a partir de traduções francesas. Ainda assim, notícias chegavam até nós da riqueza da prosa, da poesia e da crítica produzida no país e em suas pátrias vizinhas. O que chegava por aqui era devorado com avidez: textos ainda inéditos, as teorias dos formalistas russos, a poesia dos escritores que sucumbiram à loucura do regime de Stalin. O que havia acontecido nos últimos 50, 60 anos de literatura russa era, quase completamente, um mistério. Mistério que a "Nova Antologia do Conto Russo (1792 - 1998)" fez um de seus atrativos maiores. O livro é um calhamaço de mais de 600 páginas, organizado por Bruno Barreto Gomide, professor de Literatura Russa da Universidade de São Paulo (USP). Não se poderia esperar menos de uma obra que, independente da vontade de seus idealizadores, tinha a responsabilidade de atualizar o leitor brasileiro do que se passa no continente literário russo. Atualização, aliás, que merece ser compreendida numa acepção mais contemporânea do termo, à exemplo da maneira como é usado na web. Afinal, não se trata apenas de compilar "novidades" para um leitor acostumado apenas com clássicos, mas de revisar estes próprios clássicos. Dostoiévski, Gógol, Bábel e Nabókov, claro, não perdem seus postos, tampouco têm sua importância relativizada. Estão presentes no volume, que inova, sem ignorar os autores já consagrados. Contudo, a antologia nos lembra que eles não estavam sozinhos quando escreveram suas grandes obras, nem era deles o privilégio exclusivo de produzir obras levadas à imortalidade. (Diário do Nordeste)

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Os comentários serão moderados. Não serão mais publicados os de anônimos.