6 de março de 2012

HÁ 500 ANOS NASCIA O REVOLUCIONÁRIO CARTÓGRAFO MERCATOR - Gudrun Stegen


Cientista, desenhista, filósofo e comerciante, o genial filho de um sapateiro flamengo redefiniu na Alemanha a forma de representar em duas dimensões nosso mundo tridimensional, enfrentando até acusações de heresia.

O clima era de revolução cultural. Navegadores descobriam novos continentes, Nicolau Copérnico reconhecia que os planetas revolviam em torno do Sol, um monge dissidente alemão chamado Martinho Lutero se rebelava contra a Igreja Católica. Um novo mundo estava à espera de ser descoberto.

O filho de sapateiro Gheert de Kremer, nascido em Flandres em 5 de março 1512, nem podia imaginar que um dia se tornaria um cartógrafo de estatura mundial, e tema de debates, ainda meio milênio mais tarde. Um tio abastado definira para ele uma carreira eclesiástica e paga os seus estudos. Gheert estuda latim, e seguindo a moda da época, adota a versão latina de seu nome de família: Mercator – comerciante.

Ambição e heresia

Gerardus Mercator se revela um jovem sequioso de saber, que persegue uma meta ambiciosa: o registro desse novo mundo em medidas exatas e a representação gráfica de suas partes. Na Universidade de Leuven, ele encontra personalidades que estimulam seus interesses: matemáticos, cartógrafos e gravadores, com cujo auxílio ele absorve os fundamentos técnicos para suas atividades científicas.

Na cidade portuária de Antuérpia, Mercator abre um negócio próprio: ele desenha mapas, produz globos, coleta descrições de viagens dos navegadores. Seus negócios florescem, até que, em 1544, em que é acusado de heresia – ou "luterismo". Seus questionamentos filosóficos críticos sobre a Bíblia e sobre a ideia de que Deus pudesse ter criado o universo a partir do nada, o levam ao cárcere, ainda que por tempo breve.

Após essa experiência traumática, o jovem flamengo abandona os Países Baixos sete anos mais tarde, mudando-se para a Alemanha. Na universidade a ser construída em Duisburg, lhe é oferecida uma cátedra. Mas esses planos fracassam e Mercator se contenta em lecionar num ginásio.

"Atlas": obra de uma vida



Sua profissão principal permanece sendo a cartografia. Durante mais de 40 anos, desenha os mapas segundo os mais novos dados científicos e os grava em placas de cobre. Os trabalhos de sua oficina são solicitados em todo o mundo. Esse é o período mais criativo de sua vida, quando ele conclui seu famoso mapa da Europa em 18 folhas impressas.

Porém sua meta ia ainda bem mais longe: seu plano era uma descrição abrangente do Céu e da Terra, com base na teologia e na história. Ele a denominara Atlas, em homenagem ao astrônomo da Mauritânia. Mercator almejava explicar todo o cosmo nessa obra em diversas partes, contendo tanto textos sobre a criação do mundo quanto descrições geográficas das regiões e suas histórias nacionais.

Gerardus Mercator trabalhou até o fim da vida nessa obra colossal. Porém o que a transformaria num best-seller era a parte cartográfica. O termo "atlas" permaneceu, designando não apenas uma coleção de mapas em forma de livro, como também toda uma imagem do mundo que nos marca até hoje.

Extraído do sítio da Deutsche Welle

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