28 de março de 2012

APEGADO A MIM - Gabriela Mistral



Floco de lã de minha carne,
que em minha entranha eu teci,
floco de lã friorento,
dorme apegado a mim!
A perdiz dorme no trevo
escutando-o latir:
não te perturbem meus alentos,
dorme apegado a mim!
Ervazinha assustada
assombrada de viver,
não te soltes de meu peito:
dorme apegado a mim!
Eu que tudo o hei perdido
agora tremo de dormir.
Não escorregues de meu braço:
dorme apegado a mim!

* Tradução - Maria Teresa Almeida Pina

Gabriela Mistral nasceu numa pequena cidade do norte do Chile, Vicuña no dia 7 de abril de 1889. Seu nome verdadeiro era Lucila Godoy Alcayaga. Adotou o nome de Gabriela em homenagem ao poeta italiano Gabriele D’Annunzio e Mistral como forma de expressar sua admiração pelo poeta provençal Frederic Mistral. Em 1907, seu noivo suicidou-se, fato que marca toda a sua vida e obra. Gabriela nunca se casou. Findou por dedicar sua vida ao trabalho. Em 1914, venceu seu primeiro concurso literário no Chile com Sonetos de la Muerte. Em 1922 publica seu primeiro livro de poesias, Desolación. Este livro contém o poema “Dolor”, no qual fala da perda do amado. Denota-se em suas poesias imagens singulares que expressam uma intensidade e consciências inconfundíveis.Convivem em seus escritos sentimentos antagônicos que bem se equilibram: a ardência e a quietude, o amor e a solidão, a vida e a morte. Foi a primeira escritora latino-americana a receber o Prêmio Nobel de Literatura, em 1945. Morreu em 1957 em Nova York. Publicações: Desolación (1922); Ternura (1924); Tala (1938); Lagar (1954).

Extraído do sítio Luna e Amigos

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