22 de abril de 2012

CONFIE, MAS TENHA CUIDADO


As pessoas costumam ter confiança nas enciclopédias que existem na Internet, que permitem o acesso de forma gratuita ao conhecimento acumulado pela humanidade. Mas existe também o outro lado da moeda – estes sites não podem pagar salários a quem escreva os artigos, sendo isso feito por todos os usuários da Internet, que enviam seus materiais e corrigem os artigos já existentes.

Os redatores não são obrigados a verificar detalhadamente a informação enviada e limitam-se apenas a dar-lhe um aspeto conveniente. Ora o fácil acesso aos materiais faz com que alguns sejam alterados de forma propositada.

Por sua vez, os especialistas sublinham que tais zonas da Internet que, na prática, não têm proprietários responsáveis pelo bom nome da obra, muitas vezes são fontes de desinformação.

Cerca de 60% dos artigos da Wikipédia sobre as empresas contêm erros. Isto foi provado por uma investigação levada a cabo pela organização Public Relations Society of America (PRSA), na qual participaram mais de 1200 consultores de relações públicas.

A Internet, como se costuma dizer, aguenta tudo. Esta característica é utilizada pelos consultores de relações públicas que dão valor à sua carreira. Assim, a maioria das empresas mundiais altera regularmente a informação negativa publicada sobre si. Por exemplo, a Nintendo, empresa japonesa de jogos de vídeo e consolas, retira as referências aos problemas técnicos nas suas consolas de jogos.

O FBI altera o artigo sobre a prisão de Guantánamo. Naturalmente, as seitas religiosas (a Cientologia ou a Igreja dos Santos dos Últimos Dias) são muito ativas a redigir os artigos sobre as suas organizações. A Herbalife não quer que haja referências aos seus processos judiciais. Há alguns meses atrás, o artigo na Wikipédia sobre o gigante automóvel Daimler AG foi sujeito a censura: dele foi retirado o parágrafo que continha críticas à política lobista do consórcio.

“A Internet é o meio ideal para a correção de materiais e a publicação de desinformação, que pode afetar tanto positivamente como negativamente a reputação de determinada empresa”, diz Bogdan Vovchenko, dirigente do serviço de imprensa da companhia Group - IB, cuja atividade está ligada à investigação de crimes cibernéticos.

A Internet é uma grande lixeira, onde existem muitos materiais que não correspondem à realidade. Não pretendo dizer que a Wikipédia é um mau recurso mas não é o mesmo que a Enciclopédia Britânica ou a Grande Enciclopédia Soviética. Por isso, não se pense que qualquer texto que lá é publicado corresponde a cem por cento à realidade.

Nem todos os erros nos artigos são devidos a ignorância ou surgiram inadvertidamente, às vezes eles são feitos de forma deliberada”.

A desinformação premeditada na Internet é perigosa porque os bloggers e a mídia podem copiá-la sem verificar a sua veracidade.

Como resultado, ela se torna tão largamente disseminada na Internet que pode afetar a reputação de uma empresa ou pessoa.

Para proteger os usuários mais crédulos da difusão de informação não verificada, na Internet russa (Runet) surgiram umas imagens humorísticas com a representação de Lenine, mostrando que não se pode acreditar em tudo o que aparece escrito na Internet.

Na rede global é cada vez mais difícil saber onde passa a fronteira entre um site que se responsabiliza pelo conteúdo publicado, daquele que publica materiais de veracidade duvidosa, informação sensacionalista.

Isto acontece com mais frequência no caso dos recursos de acesso gratuito e que não colocam o objetivo de obter lucro. Neste caso, os danos ligados à reputação não se tornam danos materiais.

A vastidão da Internet de fato não permite verificar toda a informação publicada. A única coisa que nos dá satisfação é que a mídia de qualidade não mudou a sua atitude em relação ao rigor e à objetividade ao passar para as versões online.


Extraído do sítio Pravda.ru

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