17 de abril de 2012

'NOVO DESAFIO' DE JOSÉ LUIS PEIXOTO PASSA PELA CHINA



Depois de ter publicado uma dúzia de títulos de ficção e poesia, José Luís Peixoto começou a aventurar-se na literatura de viagens e, como está a acontecer em muitos outros ofícios, o seu horizonte chama-se China.

"Os meus textos de ficção têm sempre uma dimensão muito íntima e falam na primeira pessoa do singular. Escrever sobre outros lugares é também lançar novos desafios a mim próprio", disse o escritor, em entrevista à agência Lusa em Pequim.

José Luís Peixoto concluiu este fim-de-semana a sua terceira visita à China em menos de um ano e tenciona regressar aquele país no próximo outono: "A China encarna uma certa atração que sempre tive pelo desconhecido. É um país avassalador em termos de contrastes e de diferentes realidades".

A entrevista decorre no renovado "Xin Qiao", um dos mais antigos hoteis de Pequim, gerido agora por uma cadeia francesa. José Luís Peixoto fala pausadamente, no mesmo ritmo em que vai saboreando um chá com pétalas de crisântemo.

Ao fim de mais de trinta anos de reformas económicas e de abertura ao exterior, a China "não está tão ocidentalizada" como o escritor esperava: "As pessoas escapam ao nosso entendimento. Parece que existe sempre uma 'décalage'".

Jose Luis Peixoto, 37 anos, é um dos escritores portugueses com maior sucesso. "Nenhum Olhar", o seu romance mais conhecido, galardoado em 2001 com o Prémio José Saramago, está traduzido em 22 línguas.

Desde há cerca de uma década, vive exclusivamente da escrita: romances, contos, peças de teatro, crónicas e também letras de canções para estilos tão distintos como o fado ou o "heavy metal".

O seu primeiro trabalho no domínio da literatura de viagens resultou de uma encomenda da revista "Volta ao Mundo", cuja edição de março passado, dedicada a três destinos (Moscovo, Miami e Pequim), foi inteiramente escrita por José Luís Peixoto.

Macau poderá ser o próximo "destino": "É um lugar muito intenso e um ponto em que tivemos um grande encontro com o Oriente. Tenho vários projectos sobre Macau", adiantou.

Num encontro com dezenas de estudantes de português, na Universidade de Comunicação da China, perguntaram-lhe o que pensava do controlo do governo chinês sobre a internet, que impede o acesso ao Facebook e a outros sites populares pelo mundo fora: "Não estava nada à espera que me fizessem essa pergunta".

Viajar, para José Luís Peixoto, é "ver outras formas de viver", o que requer "atenção ao desconhecido" e "disponibilidade para receber o que é diferente".

"Mas é preciso a pessoa manter uma certa capacidade de se surpreender. Quem viaja muito pode perder essa capacidade", acrescenta.

País mais populoso do mundo, onde vive quase um quinto da Humanidade, a China é também uma das maiores e mais antigas nações do planeta, com uma História de cinco milénios.

"Até matematicamente falando, se queremos conhecer o mundo não podemos ignorar a China. Sei que acabarei por escrever sobre a China e dar notícia do que vi e senti aqui", diz José Luís Peixoto.


Extraído do sítio Sol

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