5 de abril de 2012

SOBRE PROJETO PIXINGUINHA - Pedro Paulo Malta

João Bosco e Clementina de Jesus no Projeto Pixinguinha de 1977
“E, por acreditar que nenhuma manifestação deve ser feita sem registro que a documente para a posteridade, o Projeto, de comum acordo com o Centro de Documentação e Pesquisa da Funarte, será todo ele gravado, destinando-se cópia para o Museu da Imagem e do Som.”

Foi assim que o produtor e poeta Herminio Bello de Carvalho definiu uma das bases do Projeto Pixinguinha – que começava a circular pelo país naquele ano de 1977, com espetáculos de música brasileira acessíveis às camadas populares. Proposta pela Sombras (Sociedade Musical Brasileira), da qual Herminio era vice-presidente e encampada pela então recém-criada Funarte, a iniciativa nasceu inspirada na série de shows Seis e Meia, que desde o ano anterior lotava o Teatro João Caetano, no Centro do Rio de Janeiro, com espetáculos às 18h30 e ingressos a preços populares.

O sucesso de público que se viu em 1977 e nos anos seguintes contribuiu para que o Projeto Pixinguinha se tornasse um capítulo importante na trajetória da música popular brasileira. Um capítulo que, com mais de 30 anos de história, hoje se desdobra em milhares de documentos que compõem os acervos impresso, institucional e audiovisual do Cedoc/Funarte. São notícias de jornal de todos os cantos do Brasil, borderôs diversos, notas contratuais, programas dos shows, liberações da Censura, memorandos, balanços e relatórios anuais, entre outros documentos fundamentais.

Um acervo que nos revela não só diversos causos de bastidores, como embates políticos, críticas de espetáculos, discussões a respeito do formato do projeto e até mesmo manuais de produção de shows em turnê – atividade que só ganharia estrutura profissional no Brasil a partir do fim dos anos 70. No mesmo baú, fotos e registros sonoros dos espetáculos nos apresentam artistas de muitos sotaques que ajudaram a construir a história do Projeto Pixinguinha: de Ademilde Fonseca a Alceu Valença, de Edu Lobo a Jackson do Pandeiro, de Clementina de Jesus a Maria Lúcia Godoy, de Cartola às Frenéticas, além dos então iniciantes Djavan, Marina Lima e Zizi Possi, entre muitos outros.

Um projeto complexo e diverso – como o próprio país – que terá um pouco mais de sua história contada através de seu próprio acervo, aqui no Brasil Memória das Artes.


Extraído do sítio da Funarte

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