21 de abril de 2012

GREGORY JONES: "SE A CHINA COMEÇA A PRODUZIR BOM VINHO, MUITAS EMPRESAS VÃO SAIR DO MERCADO" - Mariana de Araújo Barbosa

O especialista norte-americano teme o impacto do vinho chinês e elogia as castas e as condições do clima em Portugal.

Exportação rende 670 milhões de euros - Foto: Pedro Rosario/Dinheiro Vivo


Dentro de dez anos, a China será um importante player no mercado vitivinícola internacional. O palpite é de Gregory Jones, professor do Departamento de Estudos Ambientais da Southern Oregon University, em Portugal para o seminário "Alterações Climáticas na Produção de Vinho" organizado pela ADVID (Cluster dos Vinhos da Região do Douro).

"A questão essencial da China é que, se todas as pessoas começassem a beber vinho, seria um mercado gigante. Têm muito potencial para produzir uvas, aumentar a formação da população. A China vai ser um grande player no mercado, dentro de dez anos. A questão maior é: se a China começa a produzir bom vinho, se se tornam bons o suficiente, haverá muitas empresas a sair do mercado, no negócio, a não aguentar. É perigoso. Temos ainda algum tempo antes disso acontecer mas neste momento muitos consumidores de vinho no mundo não veem ainda o vinho chinês como um produto sério.", sublinha o especialista.

Gregory Jones estuda o clima e a influência que as alterações climáticas têm na produção de vinho: o estudo da ADVID quis investigar o impacto das alterações na região duriense, responsável por 50% das exportações de vinhos portugueses.

Jones diz que Portugal, tal como o resto da Europa, tem do seu lado o protecionismo às castas originárias desses países. No entanto, face ao novo mundo, os produtores portugueses devem investir sobretudo na investigação e desenvolvimento das técnicas de produção de uvas e de vinho.

"A maior diferença é que, na Europa, a grande maioria da produção de vinho é muito controlada e isso reporta para a perspectiva histórica, nomeadamente no caso das castas Pinot Noir e Chardonnay. O controlo de regulação é bom até certo ponto mas quando se trata de tornar um produto bem sucedido num determinado mercado, deixa de ser. O que se passa aqui é que, a Europa tem história. O Novo Mundo (Chile, Argentina, Nova Zelândia) tem a vantagem de trabalhar no mercado porque são adaptáveis a esse mercado.", analisa.


Extraído do sítio DinheiroVivo.pt

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