10 de junho de 2012

MUSEUS, TECNOLOGIA E CIDADES - João Luiz de Figueiredo

Os museus ganharam grande importância em todo o mundo, especialmente a partir da década de 1980, como instrumentos de desenvolvimento econômico através de suas capacidades em atrair fluxo populacional de moradores da cidade e fluxo turístico.

Museu Guggenheim Bilbao
Muitas cidades da Europa recorreram a essa estratégia para revitalizar áreas industriais degradadas, como os espanhóis Guggenheim de Bilbao e o Centro Cultural Internacional Oscar Niemeyer, em Avilés.

Contudo, os museus são muito mais que isso. Eles são poderosos centros de educação, cultura, arte e entretenimento. São instrumentos muito importantes para a formação educacional de qualquer sociedade e para a construção dos laços de identidade entre seus membros, promovendo a preservação da memória e garantindo a transmissão do conhecimento.

Para alcançar esses dois objetivos, os museus possuem um grande desafio: como formar público para as suas exposições e garantir, dessa maneira, a sua verdadeira inserção no ambiente urbano?

No século XXI, a resposta passa pela interatividade e pela tecnologia, além das questões como a necessidade de uma boa curadoria, de amplo plano de comunicação e uma gestão de recursos eficiente.

O uso da tecnologia é um caminho sem volta para os museus e para os centros culturais, como demonstram os bem sucedidos casos do Museu da Língua Portuguesa e do Museu do Futebol em São Paulo, assim como os projetos do Museu do Amanhã e do Museu da Imagem e do Som no Rio de Janeiro.

Projeto do novo Museu da Imagem e do Som do Rio de Janeiro
A tecnologia é uma poderosa ferramenta para garantir a interatividade nos museus, porém, a criatividade na definição da museografia também importa. O fundamental é permitir que o visitante consuma a exposição de maneira mais ativa, proporcionando-lhe uma experiência.

Em 2011, em termos relativos, a exposição mais visitada em no mundo foi "O mundo mágico de Escher" no CCBB do Rio de Janeiro, que atraiu a média de 9.667 pessoas/dia ao longo dos três meses da temporada. Existem muitas explicações para o sucesso, porém, a interatividade da exposição apresenta-se como elemento central da sua atratividade.

Apesar desses casos, os museus brasileiros ainda estão muito defasados nesses aspectos, uma vez que a grande maioria ainda não dispõe sequer de audioguias.

O problema é potencializado pela intensificação do uso da tecnologia e da interatividade nos principais museus do mundo, que utilizam crescentemente consoles portáteis de videogames como suporte dos conteúdos interativos, e oferecem conteúdos através de QR codes acessados pelos smartphones. O resultado que lá se verifica é a ampliação do público jovem.

Assim, os ambientes interativos e permeados pelo uso inteligente da tecnologia potencializam os museus como centros de formação educacional, cultural e artística. O museu se incorpora ao espaço urbano e assume papel decisivo na formação das pessoas que ali vivem.

O museu deve ser percebido como pertencente à cidade e aos que nela vivem ou circulam e, por conseqüência, um importante instrumento na revitalização de áreas degradadas através da atração de pessoas e, consequentemente, de outros investimentos.

* João Luiz de Figueiredo é coordenador do Núcleo de Economia Criativa e chefe do Departamento de Gestão do Entretenimento da ESPM-RJ.


Extraído do sítio Brasil Econômico

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