21 de junho de 2012

SONETO - Eduardo Guimarães

Retrato de Dante Alighieri. Ilustração de Gustave Doré (século XIX).
"Tudo que faz da carne um mistério inquietante,
languescências, brancor de túmulos ao luar,
marfins de rosa murcha, inerte e singular,
tudo o seu corpo tem, de abandonada amante

Nimba-lhe a fronte o horror. Quando emudece, o olhar
mostra a antiga tortura eterna e alucinante,
porque os seus olhos são dois tercetos de Dante
que Gustavo Doré deixou por ilustrar!

Do gesto vão, jamais de arremesso ou de assomo,
fez o esforço brutal que dá glória ao perigo;
atrai assim, contudo, a alma do sonhador,

Magnífica, fatal e funerária como
hirta e nua, ao entrar de um cenotáfio antigo,
uma estátua da morte, um mármore de dor!"

(A Divina Quimera, 1916)

Eduardo Gaspar da Costa Guimarães nasceu em Porto Alegre no dia 30 de março de 1892, filho de Gaspar da Costa Guimarães e Balbina da Silveira Guimarães. Estudou na Escola Pública da Prof. Isabel Gama, no Colégio Rio-Grandense e no Colégio Júlio de Castilhos. Foi redator de A Hora e Rio Jornal, ambos no Rio de Janeiro em 1912. Foi funcionário público estadual desde 1913, tendo servido na Biblioteca Pública Estadual como diretor da mesma a partir de 1922, permanecendo no cargo até o seu falecimento. Em Porto Alegre foi redator do jornal A Federação, diretor da Revista Máscara, fundador da revista Mensário do Sul e membro e fundador da Sociedade Sul-Rio-Grandense de Belas Artes. Pertenceu ao grupo de neo-simbolistas do Rio Grande do Sul, a que pertenceram também Homero Prates, Álvaro Moreira, José Picorelli e Felipe d'0liveira. Usava os pseudônimos de Lúcio Del Rio, Paulo Rubens, Paulo Del Rio, Toni Clown e Tristão Domingues. Sua obra máxima é A Divina Quimera, versos publicados em 1916. Faleceu em 13 de dezembro de 1928 no Rio de Janeiro.Patrono da Cadeira 38 da Academia Rio-grandense de Letras. Foi homenageado como Patrono da Feira do Livro de 1969. Obra poética: Caminho da Vida (poesias - 1908);    Arabela e Ataneal (contos - 1912); A Divina Quimera (poesias - 1916). (Wikipedia)

Extraído do sítio Antonio Miranda

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