28 de junho de 2012

UNIÃO EUROPEIA: SONDAGEM SOBRE OS EUROPEUS E O APRENDIZADO DE LÍNGUAS ESTRANGEIRAS

Eurobarómetro: 98 % dos inquiridos opinam que aprender línguas é bom para os filhos, mas testes realçam défice de competênciasda Comissão Europeia – Comunicados de Imprensa - Bruxelas, Bélgica - 21 de junho de 2012.


Quase 27 mil pessoas de todos os países da União Europeia foram entrevistadas sobre suas competências linguísticas.

Quase nove em cada dez cidadãos da União Europeia (UE) pensam que a sua capacidade para falar línguas estrangeiras é muito útil e 98% dizem que o domínio das línguas será bom para o futuro dos seus filhos, de acordo com uma nova sondagem de opinião Eurobarómetro sobre as atitudes dos cidadãos da UE perante o multilinguismo e a aprendizagem de línguas estrangeiras.

Contudo, um estudo separado da Comissão Europeia, o primeiro Inquérito Europeu sobre Competências Linguísticas, salienta que existe um fosso entre as aspirações e a realidade no que toca às competências em línguas estrangeiras na prática.

Testes efetuados entre alunos adolescentes em 14 países europeus mostram que apenas 42% são competentes na sua primeira língua estrangeira e apenas 25% na segunda. Um número significativo, 14%, no caso da primeira língua estrangeira, e 20%, na segunda, não atingem nem o nível de “utilizador de base”.

Na opinião da cipriota Androulla Vassiliou, a Comissária Europeia responsável pela Educação, Cultura, Multilinguismo e Juventude, “o presente inquérito Eurobarómetro mostra o quanto o multilinguismo e a aprendizagem das línguas contam para as pessoas, e isso é algo com que nos devemos alegrar. Mas devemos igualmente fazer mais para melhorar o ensino e a aprendizagem de línguas. Ser capaz de comunicar numa língua estrangeira expande os horizontes e abre portas, aumenta a empregabilidade e, no caso das empresas, pode criar mais oportunidades no mercado único.”

Os europeus e a meta do multilinguismo

Dez anos volvidos desde a Declaração de Barcelona, em 2002, pelos Chefes de Estado e de Governo, onde se instava a que, pelo menos, duas línguas estrangeiras fossem ensinadas desde a mais tenra idade, os cidadãos europeus estão perfeitamente conscientes das vantagens do multilinguismo.

Androulla Vassiliou: “O multilinguismo abre portas 
e cria oportunidades de mercado.”
Quase três quartos (72%) estão de acordo com este objetivo e 77% consideram-no uma prioridade política. Mais de metade dos europeus (53%) utiliza línguas no seu trabalho e 45% consideram ter um emprego melhor no seu próprio país graças às suas competências em línguas estrangeiras.

Não obstante, o número de cidadãos europeus que dizem poder comunicar numa língua estrangeira diminuiu ligeiramente, passando de 56% para 54%. Tal é, em parte, devido ao facto de o alemão e o russo já não serem obrigatórios nos programas escolares em países da Europa Central e Oriental.

A proporção de alunos que são competentes na sua primeira língua estrangeira varia entre 82% em Malta e na Suécia (onde o inglês é a primeira língua estrangeira), e apenas 14% em França (aprendizagem do inglês) e 9% em Inglaterra (aprendizagem do francês).

Uma das mudanças mais marcantes desde 2005 é que a Internet tem incentivado as pessoas a alargar a sua leitura e compreensão oral “passivas” em línguas estrangeiras. O número de cidadãos europeus que regularmente utilizam línguas estrangeiras na Internet, nas redes sociais, por exemplo, aumentou cerca de 10 pontos percentuais, passando de 26% para 36%.

Próximas etapas

A Comissão Europeia pretende reforçar o apoio à aprendizagem de línguas, através do novo projeto integrado Erasmus para Todos (IP/11/1398). A aprendizagem de línguas é um dos seus seis objetivos específicos e a Comissão tenciona reforçar o financiamento de cursos de línguas em benefício das pessoas que pretendem estudar, receber formação ou efetuar voluntariado no estrangeiro.

A Comissão irá propor um parâmetro de referência europeu sobre competências linguísticas até ao final de 2012, através do qual se poderão medir os progressos dos Estados-Membros no melhoramento do ensino e da aprendizagem das línguas.

Os resultados do Eurobarómetro sobre Os Europeus e as Suas Línguas e o Inquérito Europeu sobre Competências Linguísticas serão discutidos por ocasião de uma conferência internacional em Limassol (Chipre), que coincidirá com o próximo Dia Europeu das Línguas (26 de setembro).

Antecedentes do inquérito sobre as línguas 

Logomarca do Dia Europeu das Línguas que será celebrado na União Europeia em 26 de setembro.
Em 2002, em Barcelona, o Conselho Europeu apelou para que fossem tomadas medidas para “melhorar o domínio das competências de base, nomeadamente através do ensino de duas línguas estrangeiras, pelo menos, desde a idade mais precoce” e para o “estabelecimento de um indicador de competência linguística”.

O Inquérito Eurobarómetro Especial (nº. 386) sobre Os Europeus e as Suas Línguas teve lugar na primavera de 2012. Quase 27.000 pessoas foram entrevistadas pessoalmente na sua língua materna. Foram abrangidos todos os 27 Estados-Membros e os participantes representavam diferentes grupos sociais e demográficos.

A língua materna mais amplamente falada é a alemã (16%), seguida da italiana e da inglesa (13% cada uma), da francesa (12%), da espanhola e da polaca (8% cada uma).

Os países que revelam os aumentos mais notáveis na proporção de inquiridos a afirmar serem capazes de falar, pelo menos, uma língua estrangeira suficientemente bem para manter uma conversa, em relação aos dados provenientes da sondagem Eurobarómetro de 2005, são a Áustria (mais 16 pontos percentuais, com 78%), a Finlândia (mais 6 pontos, com 75%) e a Irlanda (mais 6 pontos, com 40%).

Em contrapartida, a proporção capaz de falar pelo menos uma língua estrangeira diminuiu nomeadamente na Eslováquia (menos 17 pontos percentuais, com 80%), na República Checa (menos 12 pontos, com 49%), na Bulgária (menos 11 pontos, com 48%), na Polónia (menos 7 pontos, com 50%) e na Hungria (menos 7 pontos, com 35%). Nestes países houve uma descida, desde 2005, nas percentagens capazes de falar línguas estrangeiras como o russo e o alemão.

Classe de português para estrangeiros no distrito do Aveiro: 72% dos europeus são a favor do multilinguismo.
As cinco línguas estrangeiras mais faladas permanecem o inglês (38%), o francês (12%), o alemão (11%), o espanhol (7%) e o russo (5%).

A nível nacional, o inglês é a língua estrangeira mais falada em 19 dos 25 Estados-Membros em que não é língua oficial (isto é, à exceção do Reino Unido e da Irlanda).

Pela primeira vez, foram também exploradas as atitudes perante o papel da tradução no domínio da saúde e segurança, da educação, da procura de emprego, assim como das atividades de informação e de lazer, tal como os filmes e a leitura. A Comissão já havia encomendado inquéritos Eurobarómetro sobre as línguas anteriormente, tendo estes sido realizados em 2001 e 2005.

O Inquérito Europeu sobre Competências Linguísticas foi realizado na primavera de 2011 e as conclusões foram agora publicadas, na sequência de uma análise pormenorizada. Foram inquiridos cerca de 54.000 alunos em 14 países e 16 sistemas educativos (as três comunidades linguísticas da Bélgica, a Bulgária, a Croácia, a Inglaterra, a Estónia, a França, a Grécia, Malta, os Países Baixos, a Polónia, Portugal, a Eslovénia, a Espanha e a Suécia).

A análise fornece dados comparáveis sobre o nível de competências linguísticas em línguas estrangeiras dos alunos com idades compreendidas entre os 14 e os 15 anos. Em cada país, os testes mediam as aptidões de leitura, de audição e de escrita em duas das cinco mais ensinadas línguas oficiais da UE: inglês, francês, alemão, italiano e espanhol.

Além disso, com base nos questionários preenchidos pelos alunos, bem como por quase 5.000 professores de línguas e 2.250 diretores de escolas, a análise indica que as competências de aprendizagem de línguas estão estreitamente relacionadas com um sentido de motivação que está, por sua vez, ligado à situação familiar, à educação e à sociedade em geral.

Só 13% dos portugueses falam duas línguas estrangeiras 

O mesmo inquérito Eurobarómetro regista que apenas 13% dos portugueses conseguem falar pelo menos duas línguas estrangeiras: uma queda de 10% ante o inquérito anterior e uma proporção ainda abaixo da média da União Europeia, de 25%.

Os países onde os cidadãos têm menor probabilidade de saber falar qualquer língua estrangeira são a Hungria (65%), a Itália (62%), o Reino Unido e Portugal (61% cada um).


Extraído do sítio Ventos da Lusofonia

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