3 de julho de 2012

ÁGUA PERRIER - Antonio Cícero



Não quero mudar você
nem mostrar novos mundos
pois eu, meu amor, acho graça até mesmo em clichês.

Adoro esse olhar blasé
que não só já viu quase tudo
mas acha tudo déjà vu mesmo antes de ver.

Só proponho
alimentar seu tédio.

Para tanto, exponho a
minha admiração.
Você em troca cede o
seu olhar sem sonhos
à minha contemplação:

Adoro, sei lá por que,
esse olhar
meio escudo
que em vez do meu álcool forte pede água Perrier.

In 'Guardar: melhores poemas', p 63.


Extraído do blog Persephone

Adriana Calcanhotto - Água Perrier (Álbum "Senhas", 1992).

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