13 de julho de 2012

DÉCIMA FLIP TERMINA CONSAGRADA, MAS COM POUCAS NOVIDADES - Guilherme Bryan

O grande homenageado da 10ª Flip, Carlos Drummond de Andrade: obra lembrada em festa cultural consagrada (CC/sonharescrevereviver.blogspot)
Paraty – Para uma festa que começou com as pessoas praticamente amontoadas na Casa de Cultura da cidade completamente lotada para ouvir a conferência do historiador egípcio Eric Hobsbawn, em 2003, a Festa Literária Internacional de Paraty (Flip) tornou-se um grande sucesso e entrou definitivamente para o calendário de eventos do Brasil.

Em 2012, em sua décima edição, não houve muitas novidades e nem grandes estrelas, mas, mesmo assim, ela atraiu mais uma vez uma multidão para a cidade histórica do litoral sul fluminense.

As grandes apostas deste ano foram os romancistas norte-americano Jonathan Franzen – que dividiu opiniões ao parecer fazer certo tipo, mas arrancar elogios com as críticas à propaganda realizada em seu país em torno dos atentados de 11 de setembro de 2001 – e inglês Ian McEwan – que já havia comparecido em 2004 e trocou elogios dessa vez com a norte-americana Jeniffer Egan.

Mas a consagração ficou mesmo por conta dos escritores espanhóis Enrique Vila-Matas e Javier Cercas; do haitiano Denny Laferrière; do escritor e jornalista indiano Suketu Mehta; e do norte-americano Teju Cole, que garantiu ter sido sofrido preconceitos no Brasil, inclusive em Parati, por ser negro.

Outros grandes momentos foram quando o desenhista brasileiro Angeli afirmou “gostar de ser homem” e defendeu a causa de seu amigo e companheiro de longa data Laerte, que aderiu há alguns anos ao “cross-dressing”, vestindo-se de mulher.

O antropólogo fluminense Roberto Da Matta até que se atrapalhou, mas a fala dele e a seleção de canções que têm em comum a temática das cidades encantou os presentes. Já Zuenir Ventura causou certa polêmica ao parecer igualar os políticos populistas e ex-governadores do Rio de Janeiro, Leonel Brizola e Anthony Garotinho, mas terminou ovacionado na mesa em que apresentou seu mais recente romance, “Sagrada família”. Ele também conversou com o escritor gaúcho Luis Fernando Veríssimo, num evento paralelo, no Instituto Moreira Salles.

As novidades? A melhor delas foi o fato de que o homenageado do ano, desta vez o poeta e cronista mineiro Carlos Drummond de Andrade, não foi lembrado apenas em algumas poucas mesas dedicadas a ele, mas na programação toda, com escritores lendo poemas antes do início de cada conferência.

A segunda melhor foi que a programação principal (tenda dos autores, local dos autógrafos e tenda do telão) passou a ficar concentrada num mesmo corredor. Foram criados novos espaços de debates, como a Casa da Folha de S.Paulo e o próprio espaço do IMS, além da OffFlip e da FlipZona. Quem desejava adquirir livros também ganhou mais uma opção, além da loja da Livraria da Vila. Algumas editoras, como Rocco, Companhia das Letras e Intrínseca, se instalaram em casas onde venderam suas publicações.

Porém, o modelo básico utilizado desde a segunda edição, com conferências longas, reunindo até três conferencistas, além do mediador, permanece o mesmo, assim como a mesa de encerramento, batizada "Livro de Cabeceira", onde alguns convidados leem trechos e comentam suas obras preferidas da literatura universal.

Foi a consagração definitiva de uma festa que já se tornou conhecida por trazer, anualmente, os principais escritores, mesmo que lançados em sua maioria pela mesma editora, à paradisíaca cidade histórica fluminense.

Extraído do sítio Rede Brasil Atual

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