2 de julho de 2012

PROFESSOR QUER REVOLUCIONAR A GRAMÁTICA ESCRITA DO BRASIL - Noemi Flores


Uma gramática que pretende revolucionar todas as já escritas no país, segundo o autor, foi elaborada pelo professor de Português Pedro Alcântara Lima e Silva, que ainda está buscando patrocinadores para o lançamento da obra que tem como revisor e crítico o professor Gilberto Sobral. 

O pretenso nome do livro é “Nas entranhas da língua”. Alcântara, que é licenciado em Letras pela Associação Fluminense de Educação (AFE) e pós-graduado (em nível de especialização) em Língua Portuguesa e Metodologia para Ensino Superior, pela Faculdade de Artes do Paraná, explica que decidiu escrever uma gramática para questionar várias palavras do idioma, tanto a grafia como a pronúncia corretas para o seguinte público-alvo: estudantes de Letras e Pedagogia; docentes com graduação em Língua Portuguesa, no exercício do magistério; mestres, doutores, pesquisadores em Língua Portuguesa, linguistas, dicionaristas e congêneres, servindo a obra como material de estudo e discussão.

O professor conta que a ideia surgiu ainda no ensino médio, quando começou a “levantar tópicos ou conteúdos de língua portuguesa passíveis de questionamento: aqueles que continham incongruências linguísticas (falta de analogia), como ocorre com a palavra obséquio, em que o “s” é pronunciado indevidamente como z, fato esse que se torna ainda mais grave porque há instrução neste sentido no próprio dicionário”.

No caso desta palavra obséquio, o autor explica que o “s” está colocado entre uma consoante (b) e uma vogal (e), sendo que a pronúncia correta é com som de “s” mesmo. O mesmo se dá com a palavra observação, que possui as mesmas letras antes e depois do “s” e se usa a pronúncia correta.

Outro exemplo citado por Alcântara é a palavra baloeiro que, seguindo o padrão “canção/cancioneiro”, deveria ser baloneiro. “Casos outros de vagueza conceitual, como ocorre nas palavras viagem (com g) e viajem (com j), cuja vaga explicação das gramáticas se resume apenas em dizer que será com g se for substantivo e com j se for verbo. Para questões como esta, em nossa obra, apresentamos a completa justificativa gramatical e assim por diante”, declarou.

Reflexão e questionamento

O objetivo desta obra, de acordo com o autor, é “levantar, de forma séria e responsável, o máximo possível de questionamentos gramaticais que nossa língua enseja; dar o destaque (que, até então, não tem sido dado) à parte semântica da língua, que, no nosso entendimento, representa o que há de mais importante nela, já que diz respeito ao significado/sentido das palavras em diferentes contextos”, afirmou o autor. 

Ele cita como exemplo “uma inocente frase 'Como você está cheirosa hoje', onde há, na parte semântica, uma terrível ofensa, decorrente do emprego do advérbio hoje. Assim posta a frase, indica que a pessoa a quem está endereçada a mensagem habitualmente não cheira bem”, explicou.

Além disso, a obra pretende promover uma espécie de “chacoalhada” nos colegas docentes de língua portuguesa, segundo afirmação do professor, “no sentido de fazê-los sair dessa postura, até então totalmente passiva, àquilo que a língua estabelece, sem qualquer reflexão ou questionamento. Esclarecemos, por oportuno, que não é objetivo nosso nos insurgirmos às normas gramaticais vigentes, mas nos permitimos questionar aquilo que permite ser questionado.

Outro objetivo é “questionar, criar polêmica, com gramáticos, linguistas e dicionaristas, a partir do quê, espera-se, surja uma nova abordagem para os tópicos ou conteúdos gramaticais questionados. Incluir, nas gramáticas, tópicos novos de língua portuguesa, totalmente desconhecidos pela maioria dos docentes, pela omissão nas gramáticas (exemplos: o que são hiperonímia e homonímia, haplologia, sílabas canônicas...etc)”, afirmou Alcântara.

Para o professor, esta obra é uma forma de “tentar mudar o formato das aulas de língua portuguesa: ao invés da simples memorização de conteúdos, passar a entendê-los em diferentes contextos e, sempre questionando aquilo que ao discente lhe pareça incongruente, sem analogia e com vagueza conceitual, sinalizou.

Pedro Alcântara é pesquisador gramatical, autor de regras alternativas funcionais, em caso dec omprovada vagueza conceitual; dramaturgo, vinculado à SBAT – Sociedade Brasileira de Autores Teatrais, com textos de diversos gêneros (tragédia, comédia, tragicomédia, autos), inclusive aqueles de aplicabilidade no segmento escolar, atinente a projetos. 

Poeta-compositor, autor da antologia “A poesia e eu”; Consultor gramatical no Google, que utiliza os textos publicados pelo autor em sua página no Recanto das Letras (onde tem publicados, até o momento, 1250 textos predominantemente voltados para a Língua Portuguesa, com um total de 1.790.000 visitas, com expressivo volume de comentários elogiosos). Revisor gramatical (como prestador de serviços) para a Editora Scipione (projeto Radix). Palestrante, tendo sido mediador em várias temáticas.

Extraído do sítio Tribuna da Bahia

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