16 de julho de 2012

UMA ESTANTE DE TCHÉKHOV NO FACEBOOK - John Freedman

Biblioteca ganha vida na rede social e acumula fãs sedentos por imagens e textos sobre a cultura russa.

O famoso escritor russo Anton Tchékhov. Foto: http://chehov.niv.ru

Passei por lá milhares de vezes e certa vez resolvi entrar. Não fazia ideia de que a biblioteca Tchékhov, localizada no bulevar Strastnoi, era um lugar tão fascinante.

Lentamente fui me dando conta disso e meu interesse se tornando cada vez maior, a ponto de virar fã da página da biblioteca no Facebook uma das mais culturais desta rede social.

A página foi criada em fevereiro de 2011, mas ganhou força no segundo trimestre do ano como uma verdadeira miscelânea de informações e imagens do mundo da arte, teatro, literatura, arquitetura, música e cinema.

A comunidade agora disponibiliza links para vídeos de poetas recitando seus trabalhos, trechos de filmes de diretores renomados, e até mesmo um flash mob baseado na peça teatral “Peer Gynt”, de Grieg, no metrô de Copenhage.

Há anúncios de palestras, leituras e sessões de autógrafo na biblioteca, além de informações de interesse histórico, incluindo aniversários e celebrações diversas de artistas proeminentes – ou nem tão proeminentes assim.

Mas o que alavancou a reputação da biblioteca do Facebook – atualmente possui mais de 2 mil fãs – são as fotografias fascinantes que a diretora da instituição, Vera Murzinova, vem publicando em blocos temáticos semanalmente.

Nos últimos tempos, por exemplo, Murzinova postou caricaturas de atrizes que fizeram papéis de Shakespeare em Londres na metade do século 19, e uma série de fotografias de esculturas nos jardins das Tulherias, em Paris.

O artista russo que vivia na França Marc Chagall e a pintora mexicana Frida Kahlo foram ambos homenageados na semana passada com fotos, reproduções de suas obras, vídeos e textos informativos. Os especiais foram produzidos em virtude do 105 aniversário do nascimento de Kahlo em 6 de julho e do 125 aniversário de Chagall no dia 7.

Rússia on-line

Embora Murzinova desenvolva um trabalho excelente na seleção de olhares excêntricos sobre os acontecimentos da cultura mundial, o conteúdo é geralmente focado na cultura russa.

No total, a diretora inseriu cerca de 1.500 fotografias – das quais uma boa quantidade são imagens únicas, se não raras. Não é de se surpreender que muitas publicações envolvam Tchékhov, suas peças e produções.

“Algumas das fotos são de nossos acervos e outras, da internet”, explica Murzinova. “Minhas pesquisas na rede são facilitadas por nossas publicações, catálogos e guias.”

O que particularmente me chamou atenção e me fez tornar um seguidor da página foi uma série de fotos antigas de Moscou postadas em abril. A mais triste delas foi tirada em 1938, depois do histórico Monastério Strastnoi ser tombado para dar espaço ao que hoje conhecemos como Praça Púchkin.

Juntamente com aquela fotografia havia uma imagem belíssima de 1930 mostrando como era a área quando o monastério e a igreja próxima ainda existiam. A biblioteca Tchékhov, conhecido por seus fãs como Tchekhova, está situada na região que costumava ser a parte de trás do mosteiro.

Se ainda assim o visitante achar que página do Facebook não é suficiente, Murzinova também desenvolveu um site informativo. Ali é possível acompanhar todos os eventos da biblioteca, assim como ler sobre a história do edifício onde está localizada.

Originalmente construído no final da década de 1880, o prédio abrigava um cinema antes da Revolução e depois tornou-se o Clube de Imigrantes Políticos da Letônia em 1919.

O clube abriu um teatro chamado Skatuve e uma biblioteca em suas instalações, que duraram até 1938, quando todas as salas, exceto a biblioteca, foram vítimas de expurgos. 

O texto original pode ser encontrado em The Moscow Times.


Extraído do sítio Gazeta Russa

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