31 de agosto de 2012

FEIRA DO LIVRO DE GRAMADO VAI DA BELEZA DAS CAPAS ÀS EMOÇÕES DAS HISTÓRIAS - Janaína Casanova

BANCAS: Livros para todos os gostos. Foto: Sandro Seewald/GES

Gramado - Durante 10 dias, a Rua Coberta se torna a casa dos livros em Gramado. Abriu ontem, dia 30, a 16ª edição da Feira do Livro de Gramado. No Centro de Gramado, turistas e gramadenses passam e param para ver as bancas de livros infantis, adultos, best sellers e projetos de escolas e instituições gramadenses. No palco, apresentações artísticas de grupos de Gramado e Canela encantam os alunos e crianças. Enfim, há muitos motivos para apreciar a festa da leitura.

Em uma das bancas, a professora Tatiane Araújo, 32 anos, folhava atenta um livro de mágica. A turista de Minas Gerais voltou a Gramado e ficou feliz em ver que novamente ocorria a Feira. Parou e achou um livro sobre ilusionismo, tema que fascina. “Não sabia que tinha a feira, cheguei na Rua Coberta e vi por acaso”, contou.

E o colorido das bancas infantis atrai as crianças, desde as mais pequenas, como Sofia Marques Cuozzo, de dois anos. Com a mãe Cíntia Marques, de Santa Cruz do Sul, escolhia atenta um livro de princesas. É o incentivo à leitura se multiplicando, como deve ser.

As bancas ficam abertas de segunda a quinta-feira, das 9 às 19 horas. Sexta das 9 às 21 horas. Sábado, domingos e feriados das 10 às 21 horas.

Extraído do sítio Jornal de Gramado

HÁ 215 ANOS, NASCIA AUTORA DE FRANKENSTEIN, MULHER À FRENTE DE SEU TEMPO

Mary Shelley e Frankenstein: criadora e criatura
Mary Shelley, a autora de Frankenstein, um clássico da literatura gótica de terror, completaria 215 anos nesta quinta-feira (30). Mas quem foi esta escritora muito famosa em sua época que escreveu um livro considerado menor dentro de sua carreira literária mas, ao mesmo tempo, um dos grandes best sellers de todos os tempos.

Quem foi Mary Shelley?

A mulher que amava o pai, William Godwin, um filósofo libertário e sua mãe, Mary Wollstonecraft, que foi uma das primeiras feministas do mundo ocidental, escreveu Uma Defesa dos Direitos da Mulher (1790) e morreu dez dias após o nascimento de sua filha.

A romântica que foge da Inglaterra em uma aventura na Europa continental com seu grande amor, o poeta inglês Percy Shelley, que era casado na época. Com a morte da primeira esposa do escritor, ela casa-se oficialmente com ele. É uma vida de troca de informações intelectuais e comportamentais e a morte do marido afogado na costa italiana, a leva a ficar cada vez mais deprimida.

A libertária que era a favor do amor livre, contra as convenções rígidas da burguesia nascente, ajudou um casal de lésbicas, uma delas a escritora Mary Diana Dods que usava o pseudônimo David Lyndsay, a fugir da Inglaterra cada vez mais casta e vitoriana para uma França mais tolerante na época.

Tudo isto a faz uma mulher impar para sua época, em um tempo em que a educação não era permitida ao sexo feminino, muito menos ter voz política ou literária.

Frankenstein nasce de um encontro de escritores - entre eles, Lord Byron, um dos grandes nomes do romantismo - em um lago na Suíça. É proposto a todos que cada um escreva um conto de terror. Shelley escreve sobre um cientista que tenta ser Deus e cria através das ciências naturais um ser repulsivo, mas inteligente e muito humano. O livro foi um sucesso imediato e assim o é até hoje.

Muitas leituras já foram feitas do personagem, mas uma leitura possível é sobre uma metáfora sobre o grupo de artistas que Shelley frequentava, que eram tão à frente de seu tempo e tão cheios de humanismo que eram considerados uma aberração pelos seus contemporâneos.

Extraído do sítio Tribuna Hoje

AUDITÓRIO ARAÚJO VIANNA REABRE DIA 20 DE SETEMBRO - Marcelo Oliveira da Silva

Sítio Fala Bom Fim
A reinauguração do auditório Araújo Vianna foi objeto de uma entrevista coletiva à imprensa no dia 30 de agosto às 15h, em encontro realizado no local. O histórico da parceria público-privada que permitiu a recuperação do espaço, cuja abertura acontece dia 20 de setembro, às 18h, com um concerto gratuito envolvendo 21 grandes nomes da música da cidade, foi explicado pelo secretário da Cultura de Porto Alegre, Sergius Gonzaga, em companhia do arquiteto autor do projeto original do local, Moacyr Moojen Marques, o diretor da Opus Promoções, Carlos Konrath, e Deise Dornelles, diretora de comunicação da Vonpar, representando os patrocinadores.

Orçada atualmente em 18 milhões, a reforma oferece ao local um teto fixo, atendendo assim a exigência de isolamento acústico por parte dos moradores da av. Oswaldo Aranha, climatização e tratamento acústico para todos os 3.014 assentos quando o formato for fixo e cerca de 4300 quando for misto (composto por cadeiras e pista), 2 bares, novos camarins, novos banheiros, com acessibilidade para cadeirantes, e tratamento paisagístico do entorno.

A administração pública vai prover o local de iluminação especial, informou, Sergius Gonzaga, que citou ainda a proximidade de outro edital de parceria público-privada, desta vez para a construção de uma garagem subterrânea embaixo do estádio de futebol Ramiro Souto, ao lado do auditório. O secretário revelou ainda que o concerto do dia 20 envolverá nomes marcantes da cena musical gaúcha ligados ao auditório dos anos 60 até hoje. São eles: Carlinhos Carneiro, Edu K, Wander Wildner, Hermes Aquino, Gelson Oliveira, Nico Nicolaiewsky, Nei Van Soria, Gloria Oliveira, Raul Elwanger, Charles Máster, Nelson Coelho de Castro, Zé Caradípia e Elisa, Júlio Reny, King Jim, Tonho Crocco, Cláudio Heinz e Júlia Barth (Replicantes), Elaine Geissler, Tiago Ferraz, Hique Gómez, Antônio Villeroy e Bebeto Alves.

Carlos Konrath enfatizou tratar-se da primeira parceria público-privada do setor cultural da cidade e ressaltou que a Opus, detentora de 75% do calendário anual do espaço pelo período de dez anos, vai gerir o espaço em parceria com a Secretaria Municipal de Cultura, compondo um conselho gestor com participação paritária entre os dois parceiros. Os 91 dias anuais de programação da Prefeitura terão atrações a preços populares ou mesmo gratuitos. Estão já confirmados Tom Zé, no dia 3 de outubro, no dia 14 um espetáculo de dança, no dia 21 Concertos Comunitários e um especial no dia 2 de dezembro em comemoração ao Dia Nacional do Samba. A programação da Opus abre no dia 22 de setembro com Maria Rita cantando Elis Regina, e segue com nomes como Paulinho da Viola, Roupa Nova e muitos outros.

Moacyr Moojen Marques, arquiteto autor do auditório Araújo Vianna, e o secretário da Cultura, Sergius Gonzaga. Foto: Ricardo Stricher / PMPA

Histórico

Inaugurado em 12 de março de 1964, com capacidade para 4,5 mil pessoas, o projeto é dos arquitetos Moacyr Moojen Marques e Carlos Maximiliano Fayet. A partir da década de 70, o Araújo Vianna consagrou-se como espaço para apresentação de espetáculos de MPB. A cobertura do Auditório Araújo Vianna foi debatida durante 30 anos entre a população de Porto Alegre. Em meados dos anos 90, nas reuniões do Orçamento Participativo no bairro Bom Fim, foi decidido que a questão seria uma das prioridades da região. A lona que cobria o Araújo Vianna foi inaugurada em 4 de outubro de 1996, com um histórico show de João Gilberto. Segundo laudo técnico da Secretaria Municipal de Obras e Viação (SMOV), a cobertura perdeu sua validade em julho de 2002. O risco era de, em caso de chuvas mais persistentes e ventos fortes a pressão sobre a lona rompesse os cabos. No início de 2005 o auditório foi interditado pela Prefeitura de Porto Alegre, por motivos de segurança, depois do rompimento de um cabo de sustentação.

Vista geral do Auditório Araújo Vianna, nos anos 70. Foto: Ronaldo Marcos Bastos
Diante da impossibilidade financeira de arcar com os custos desta obra após determinação do Ministério Público de agosto de 2006, exigindo do local isolamento acústico, o que encarecia a reforma em valores impossíveis para o orçamento público, e considerando o fato de que, entre 1996 até a interdição, a média de eventos ali realizados foi inferior a trinta dias/ano, a Secretaria Municipal de Cultura (SMC) publicou no início de 2007 um edital de licitação para recuperação do espaço. Era formulado pela primeira vez o princípio de uma parceria-público-privada para o setor cultural de Porto Alegre. Foram convidadas empresas privadas a executarem a obra, oferecendo-se em troca a permissão de utilização de 75% das datas anuais do auditório por um período limite de dez anos, mantendo-se no período 91 dias/ano para programação da SMC. A Opus Promoções foi vencedora da licitação.

Investimentos e modificações

O custo da revitalização do Auditório foi orçado inicialmente em R$ 6 milhões. Necessidades não previstas no projeto original, como ampliação do palco, melhor tratamento acústico, instalação de câmeras de vídeo para segurança externa, entre outras modificações, elevaram o investimento para mais de R$ 18 milhões. O Araújo Vianna também passará a ser local de inclusão social, com a transformação da Sala Radamés Gnattali em um espaço multiuso, onde será oferecida capacitação cultural através de oficinas, workshops e cursos, muitas vezes gratuitos. Também está prevista a construção do Acervo do Araújo Vianna, a fim de resgatar e preservar a história musical e a importância cultural da casa.

Extraído do sítio da PMPA

UMA PROFISSÃO COMO OUTRA QUALQUER - Mario Prata


Hoje vou falar sério. Vou escrever sobre o ato de escrever.

O ato de escrever é uma profissão como outra qualquer. Exige um certo dom de observação, talento e muita técnica. Além do suor, é claro. Será mesmo que é uma profissão como outra qualquer? Meu filho Antonio, de 16 anos, quer ser escritor como o pai e a mãe. E me perguntou: “que faculdade eu devo fazer?”. Penso. Não sei, meu filho.

Além de mandar ler os clássicos brasileiros, portugueses, franceses e russos, sei lá. O que eu quero dizer é que o Brasil é um dos únicos países do mundo onde não se ensina a escrever em nenhuma faculdade. Não temos uma Faculdade de Escritores. Cuba, por exemplo, tem uma escola de roteiros e dramaturgia que forma alunos de todo o mundo. Seu diretor, ninguém menos que Gabriel Garcia Márques. Jean Claude Carriere, roteirista dos últimos filmes do Buñuel, faz o mesmo nos arredores de Paris. Aqui o jovem tem que aprender na marra, na datilografia apressada. Mas não é com os dedos que se escreve. Tem que aprender apenas lendo os outros. Será que isto basta?

Sou júri de um interessante projeto do Ministério da Cultura para premiar (com financiamento) projetos de filmes de longa, média e curta metragem. Já li uns 70 roteiros. A quantidade de pessoas (inteligentes) que acha que sabe escrever um roteiro de cinema me impressionou. Filmes onde todos os personagens falam exatamente igual, roteiros sem pé nem cabeça, nenhuma estrutura dramática, sem ação nem reação, é o que se encontra ao folhear os calhamaços que o MinC me mandou. Por que não uma escola para roteirista de cinema? Glauber Rocha fez um grande mal para os novos cineastas brasileiros quando afirmou que, para filmar, basta ”uma câmera na mão e uma idéia na cabeça”. O problema é que os pretensos cineastas não têm nem a mão nem a cabeça do baiano.

Vejam o caso das telenovelas brasileiras. Há alguns anos que elas são todas iguais. Se pegar a primeira parte da novela das seis, a segunda da novela das sete e a terceira da das oito e misturar, ninguém vai perceber a diferença. Tudo igual. Claro, são escritas pelos mesmos profissionais há mais de vinte anos. Não houve e nem haverá nunca uma renovação nas telinhas. O gênero telenovela tende a morrer por falta de autores.

A literatura brasileira, tão rica (apesar de escrevermos em português) não nos dá um Machado, um Nelson Rodrigues, há quanto tempo? O teatro brasileiro, que teve um grande boom de dramaturgos nos anos 60 e 70, carece de textos. Quem é o novo dramaturgo brasileiro?

Eu não tenho nenhuma dúvida ao afirmar que a profissão de escritor ainda é olhada meio de soslaio pela sociedade brasileira. Quando preencho alguma ficha (em hotel, por exemplo) e no item profissão tasco ESCRITOR, todo mundo me olha meio de lado, provavelmente pensando: mas isso lá é profissão? Pior ainda é quando digo numa rodinha que escrevo, logo alguém pergunta: “mas, para viver, faz o quê?”. Ora, minha senhora…

Meu filho já sentiu isso. Com 16 anos todo mundo pergunta para ele o que ele vai ser. Ele tem vergonha de dizer que quer ser escritor. As pessoas, segundo ele, acham que é esnobismo querer ser escritor no Brasil. Não consigo, por mais que eu tente, descobrir de onde vem este absurdo preconceito.

Será que não caberia à nossa arcaica e acadêmica Academia Brasileira de Letras pensar um pouco neste assunto enquanto tomam chá de cadeira? Será que a Sociedade Brasileira de Autores Teatrais (a nossa velha SBAT) não poderia fazer algo nesse sentido? Será que as USPs e Unicamps da vida não poderiam dar bolsas para brasileiros irem estudar lá fora? Será que apenas a Fundação Vitae (que é do Mindlin, um empresário que gosta de ler) subsidiará escritores no Brasil?

Espero que o filho do meu filho, se um dia quiser ser escritor, tenha a possibilidade de estudar numa faculdade específica para isto e aprenda as técnicas necessárias. Como toda profissão, a nossa também requer técnicas. E, portanto, cursos técnicos para tais fins.

Não tenha vergonha, Antonio, de querer ser escritor. Afinal, você foi criado pelos seus pais, que só sabem fazer isso na vida: escrever. Com muito orgulho, diga-se de passagem.

Quando eu disse para o meu pai, aos 16 anos, que queria ser escritor, ele torceu o bigode e me perguntou:

- E isso lá é profissão que se apresente?

Hoje, 32 anos depois, eu respondo para o meu filho:

- É!

* Texto publicado, originalmente, no Estadão, em 23 de março de 1994.

Extraído do Blog da Macondo

IMPORTANTE OBRA DA LITERATURA RUSSA GANHA EDIÇÃO EM PORTUGUÊS - Bernardo Scartezini

A Avenida Niévski é o principal endereço de São Petersburgo. Nos quarteirões ao seu redor se concentram prédios comerciais, escritórios, lojas chiques, teatros e apartamentos residenciais. Por ali as pessoas circulam dia e noite, seja por conta dos afazeres diários, seja por conta da vida social. Já era assim na primeira metade do século 19, quando Nikolai Gógol era um dos transeuntes que passavam pela Niévski.

Natural, portanto, que Gógol tenha se inspirado naquela rua e naquelas pessoas para Avenida Niévski, conto publicado em 1835, que agora recebe uma edição bacaninha da Cosac Naify, sob tradução de Rubem Figueiredo. 

Nikolai Vassílievitch Gógol (1809-1852) é considerado o introdutor do realismo na literatura russa. O que vale dizer que Gógol veio antes de Dostoiévski, de Tolstói, de Tchekhov, antes de todos esses baitas romancistas do século 19 que ergueram uma das maiores tradições literárias de que se tem notícia, esses gigantes que lançaram as bases estéticas e narrativas que até hoje norteiam a literatura mundial.

Verdade. Mas Nikolai Gógol, naquele então, idos de 1835, ainda era apenas um poeta frustrado que se arrastava pelas tarefas cotidianas de um reles funcionário público e batia as pernas pela Niévski enquanto se deixava levar por delírios de grandeza: um dia poderia escrever como seu ídolo Alexander Pushkin (1799-1837).

Quem se aventurar por esta Avenida Niévski na companhia do jovem Gógol poderá ouvir os ecos do romântico Pushkin - ecos de uma época em que as pessoas perdiam a vida em duelos em nome da honra - ecos de uma época em que as histórias tinham sempre um fundo moral. Mas o grande barato aqui é que já se pressente também um seco realismo social que ganharia contornos definitivos em obras como o romance Almas mortas (1842), a novela O capote (1842) e a peça Inspetor geral (1845).

Na Avenida Niévski encontraremos o jovem pintor Piskarióv e o tenente Pirigóv. Ambos os personagens, um de cada vez, se deixarão levar pelos ares cosmopolitas e glamorosos daquela rua e logo se meterão em sérias enrascadas. 

O primeiro deles, Piskarióv, hoje em dia parece soar como um alter ego de Gógol. Ele nos é apresentado como um jovem sonhador, que se imagina como grande artista, mas ainda é incapaz de se virar sozinho na vida adulta. Piskarióv previsivelmente se deixará encantar por uma bela garota que mostra não ser quem Piskarióv pensava que ela fosse. Por esse erro, Gógol não o poupará, não. 

Logo ali adiante, Pirigóv, que até parece ser um sujeito mais experiente e mais safo perto do outro, também cometerá um erro de avaliação em relação às intenções de uma dama que cruza seu caminho pela Niévski. E Gógol, nesse ponto, perderá o ar de fascínio e deslumbre que carrega pelos primeiros quarteirões de sua avenida para dar vez a uma amarga crueldade. Sem final feliz para Pirigóv.

A antiga capital 

Como pano de fundo para as quedas de Piskarióv & Pirigóv, temos Nikolai Gógol a pintar São Petersburgo como um pulsante centro urbano, que guarda tentações e arma suas armadilhas para os afoitos que não entenderem onde estão pisando.

Naquela época, vale ter esse contexto em mente durante a leitura, São Petersburgo estava por baixo na Rússia. A capital política tinha voltado a ser Moscou na década de 1810, por conta de sua localização mais central, mais segura diante de europeus militarmente inquietos (pense em Napoleão Bonaparte). Assim São Petersburgo, uma cidade planejada e construída por Pedro, o Grande às margens do Mar Báltico e do Rio Neva, parecia ter perdido sua razão de ser. E será justamente nessa cidade sórdida e decadente que mais tarde Dostoiévski situará as Notas do subterrâneo, 1864.

Esta edição de Avenida Niévski pela Cosac Naify reforça a dicotomia entre São Petersburgo (mais europeia e mais intelectual) e Moscou (mais caipira e mais burocrática) por conta de um segundo volume: Notas de Petersburgo de 1836.

Esse livrinho, como o título indica, traz textos de Nikolai Gógol sobre aquela época, aquele lugar. Gógol escreve sobre tudo um pouco, mandando seus pitacos por aí - desde o teatro russo de seu tempo até as estratificações sociais que se faziam sentir na Rússia pré-revolucionária - tornando mais evidente o jeitão de cronista que ele deixava entrever em certos momentos de Avenida Niévski, justo os mais divertidos, quando ele se detinha menos nas desventuras de seus protagonistas e elaborava mais considerações a respeito da paisagem urbana.

Nikolai Gógol flanando pela Avenida Niévski parece até o Machado de Assis passeando pelo centro do Rio de Janeiro.

Donde se pode tirar que Gógol, além de introduzir o realismo na literatura russa, carregava ainda um olhar de cronista, um tanto adiante de seu tempo, olhar que hoje parece tão contemporâneo a seus leitores, quase um par de séculos mais tarde. 

TRECHO DO LIVRO 

"A Avenida Niévski é a via de comunicação obrigatória de Petersburgo. Aqui, o morador de Petersburgo ou de Víborg, que há alguns anos não revê um amigo de Piéski ou do portão de Moscou, pode estar seguro de que o encontrará sem falta. Nenhum guia de ruas e nenhuma agência de informações fornece notícia tão confiáveis como a avenida Niévski. A todo-poderosa Avenida Niévski! A única alegria do pobre num passeio em Petersburgo! Como são limpas e varridas suas calçadas e, Deus, quantos pés deixaram nelas seus rastros. A bota suja e malfeita do soldado reformado sob cujo peso até o granito parece rachar, e o sapatinho em miniatura, leve como fumaça, da jovem senhorita que vira a cabecinha para as vitrines reluzentes das lojas assim como o girassol se vira para o sol, e o sabre tilintante do sargento-mor cheio de esperança, que o arrasta raspando com força no chão - todos descarregam sobre ela o poder da força ou o poder da fraqueza. Que veloz fantasmagoria se cumpre aqui no decurso de um só dia!"

Extraído do sítio O Imparcial

PAVILHÃO RUSSO VENCE PRÊMIO NA BIENAL DE ARQUITETURA DE VENEZA

Pela primeira vez na história da Bienal Internacional de Arquitetura de Veneza, o prêmio do júri é dado ao pavilhão da Rússia, informou a assessoria de imprensa da Fundação Skôlkovo nesta quarta-feira (29).

Foto: TASS

A Rússia está sendo representada por uma equipe do centro de inovação Skôlkovo (versão russa do Vale do Silício californiano) na Bienal de Arquitetura, realizada desde 1980.

Os dois andares do pavilhão russo dividem o espaço da exposição. O primeiro andar exibe a história das cidades fechadas da época soviética, enquanto o segundo apresenta o centro Skôlkovo e suas inovações.

“Estamos orgulhosos e felizes com o trabalho realizado. Aguardamos ansiosamente outras participações bem-sucedidas em competições de arquitetura deste nível”, declarou o presidente da fundação, Víktor Vekselberg.

A exposição, que foi inaugurada ontem (29) e será realizada até 25 de novembro, apresenta, neste ano, o tema “Terreno comum”.

Apesar da comemorada vitória, um grupo de ativistas ocupou o pavilhão para protestar contra o presidente russo Vladímir Pútin e defender o grupo punk Pussy Riot.

Originalmente publicado no site da agência RIA Nóvosti

Extraído do sítio Gazeta Russa

A HISTÓRIA DA CIVILIZAÇÃO APRESENTADA EM GEMAS E CAMAFEUS

RIA Novosti
O Museu Pushkin de Belas-Artes de Moscou apresenta pela primeira vez aos seus visitantes a sua coleção de gemas em pedra, de 21 de agosto a 7 de outubro.

A gravação em pedras preciosas e semi-preciosas é uma das formas de arte mais antigas, que teve origem no quarto milénio antes de Cristo. As gemas, como são chamados esses artigos praticamente eternos, são trabalhadas de duas formas: os entalhes, em que por corte é criada uma imagem côncava e os camafeus, com a imagem em relevo convexo. Ainda existem os selos cilíndricos que se usaram durante milénios como marca pessoal. Ainda no início do século XX, figuras de cupidos e perfis da antiguidade eram prensados em cera ou em lacre. Além disso, as gemas se tornaram praticamente no primeiro objeto de coleção. “Já na antiguidade, as pessoas ricas e nobres gastavam somas importantes em coleções de gemas”, conta a curadora da exposição Svetlana Finoguenova. “Um desses colecionadores foi o último governante do Oriente helenístico, Mitrídates Eupator, que se distinguia pela sua cultura e amor à arte. A sua coleção, descoberta na cidade de Kerch no Mar Negro, se encontra no nosso museu”, disse a curadora.

“O rei possuía uma rica coleção que não incluía só pedras gravadas, mas também outras jóias”, continua Svetlana Finoguenova. “Na altura demorámos um mês a conferir o inventário na receção da sua coleção! E há que referir que os gregos possuíam apenas um exemplar de cada pedra.”

Mais tarde, quando a civilização grega foi substituída pela romana, o fabrico de gemas passou a ser em cadeia. Como resultado, a gravação passou a ser mais tosca e as pedras mais baratas. Mas a exposição mostra precisamente os exemplares mais valiosos, mais antigos, cujo fabrico demorava anos. O exemplar em exibição mais antigo é datado do período do Reino de Assad: se trata de um selo cilíndrico de lazurite que representa uma cena de culto à deusa do amor e simultaneamente da discórdia Ishtar. É surpreendente a arte do antigo mestre que entalhou numa superfície minúscula pequeníssimos pormenores decorativos da deusa: as vestes com folhos, a tiara e os atributos – a maçã e o tridente.

É interessante referir que muitos episódios históricos e épicos chegaram até aos nossos dias graças às gemas. É praticamente impossível observar toda a beleza dessas miniaturas à vista desarmada, por isso, foi especialmente construída para a exposição uma pirâmide de vidro dentro da qual são projetados a três dimensões os episódios retratados nas gemas.

Extraído do sítio Voz da Rússia

EMPRESÁRIO CHINÊS COMPRA PROPRIEDADE HISTÓRICA EM BORGONHA

Um empresário chinês não identificado comprou o Château de Gevrey-Chambertin - propriedade histórica de Borgonha - por 8 milhões de euros. A notícia preocupou a os enólogos da região, que pretendiam usar o local como visitação e recepção de visitantes.


O presidente da Associação de enólogos de Gevrey-Chambertin, Jean Michel Guillon, explicou que a maior preocupação dos produtores e enólogos é que aconteça o que tem acontecido em Bordeaux, onde muitos estrangeiros estão comprando grandes e importantes propriedades. Apesar disso, os códigos nos vinhedos de Borgonha e o tamanho da região dificultam ou fazem que seja impossível que estrangeiros comprem propriedades. Até agora, só se sabe de outro chinês que comprou dois hectares em Vosne-Romanée e em Richebourg.

Diversas propriedades da região estão chamando a atenção dos comprados asiáticos, pois os vinhos produzidos nela são considerados mais compatíveis com o paladar oriental. No entanto, essa atenção não é bem vista pelos produtores, que se mostram preocupados. "Eu espero que esse não seja o começo de um movimento de investimentos estrangeiros em Borgonha. Estamos começando a ver nossa herança fugir pela janela, pois essa não é a única compra estrangeira que vimos na área", disse Guillon, sobre a venda recente do Domaine Maume para um canadense.

O Château de Gevrey-Chambertin data do século XIIV e pode ter as fundações mais antigas da região. Pertenceu ao monastério de Cluny e alguns dos aristocratas mais poderosos que já passaram pela região. Ele pertencia à família Masson desde 1858.

Extraído do sítio Revista Adega

LA CARTA - Violeta Parra


Me mandaron una carta
por el correo temprano,
en esa carta me dicen
que cayó preso mi hermano,
y sin compasión, con grillos,
por la calle lo arrastraron.
Sí…

La carta dice el motivo
que ha cometido Roberto:
haber apoyado el paro
que ya se había resuelto.
Si acaso esto es un motivo
presa voy también, sargento.
Sí…

Yo que me encuentro tan lejos
esperando una noticia,
me viene a decir la carta
que en mi patria no hay justicia,
los hambrientos piden pan,
los molesta la milicia.

Habráse visto insolencia,
barbarie y alevosía,
de presentar el trabuco
y matar a sangre fría
Hay quien defensa no tiene
con las dos manos vacías.
Sí…

La carta que me mandaron
me pide contestación,
yo pido que se propale
por toda la población,
que el «león» es un sanguinario
en toda generación.
Sí…

Por suerte tengo guitarra
para llorar mi dolor,
también tengo siete hermanos
fuera del que se engrilló,
todos revolucionários
con el favor de mi Dios.
Sí…


A CARTA: Me mandaram uma carta / Pelo correio cedo / Nessa carta me dizem / Que caiu preso meu irmão / E sem compaixão com grilhões / Pelas ruas o arrastaram. / Sim… //  A carta disse o motivo / Que há cometido Roberto: / Haver apoiado a greve / Que já se havia resolvido / Se acaso isso é um motivo / Preso vou também sargento. / Sim… // Eu que me encontro tão longe, / Esperando uma notícia, / Me vem a dizer na carta / Que em minha pátria não há justiça. / Os famintos pedem pão, / Os molesta a polícia. // Haverá se visto insolência, / Ignorância e traição. / De apresentar o trabuco / E matar a sangue frio. / Há quem defesa não tem / Com as duas mãos vazias. / Sim…  // A carta que me mandaram / Me pede contestação: / Eu peço que se divulgue / Por toda população / Que o leão é um sanguinário / Em toda geração / Sim… // Por sorte tenho guitarra / E também tenho minha voz, / Também tenho sete irmãos / Fora do que se algemou, / Todos revolucionários / Com o favor de meu Deus. / Sim… (Tradução de Maria Teresa Almeida Pina).


Extraído do sítio Poesia Latina


TALVEZ - Sérgio Napp


Talvez nunca se descubra. Talvez não haja oportunidade. Talvez o gesto não se faça. E não havendo o gesto, não haverá tempo. Tempo que consome. Tempo que escorre. Tempo que desgasta. Talvez a rosa-dos-ventos não oriente. Talvez no oriente a estrela de Davi não mais brilhe. E se não brilhar como saber dos caminhos? E se não descobrirmos os caminhos como chegaremos ao fim? E se apenas houver o fim? E nenhuma palavra se fizer? E se a voz se extinguir? Como faremos? Seremos apenas? E o que dizer de todos os sonhos que um dia sonhamos? Guardá-los no mais escuro da memória? Como se fossem trapos rotos que a ninguém interessa? Talvez ninguém se interesse. Talvez não haja amanhãs. Talvez nenhuma manhã se acenda. Talvez o sol deixe de aquecer. E as trevas bordem os dias. E os dias se repitam na monotonia do nada. E o nada seja algo que não se termine. Ou que nos termine. Como saber? Como entender as razões que levam os homens a fugir? A fuga é solução? Que solução buscamos ao abrirmos a porta de nossa casa? Talvez o coração bata cheio de esperanças. Talvez não haja esperanças. Talvez o coração não bata. E o som que se ouça seja apenas o som do silêncio. Silêncio que aprisiona. Silêncio que entra pelos poros como se espinhos fossem. Que escorre pelos dedos. Que lateja. Que encobre a visão. Que não cala. Seja o que for, é. Mais do que possamos imaginar. Sonhar. Mais do que possamos admitir. Não adianta fingir. Trapacear. Enganar. A alma não se deixa. A alma não se acovarda. A alma é. Lugar aonde ninguém chega. Intransponível. Sitiado pela ilusão. De que as tradições permanecem. De que nossas bravuras permaneçam. Que não seja apenas hino, mas fé. Não sejam palavras que após o vigésimo dia se transformem em pó. Saudade. Desilusão. Inércia. Que tudo que cantamos nesta semana não seja desafinada melodia a perder-se pelos dias. Que os acampamentos interiores permaneçam, não símbolo do desejado, mas verdade transformadora. Talvez não se encontre esta verdade. Talvez ela esteja longe demais das capitais. Longe demais dos homens que teimam em propagandear a certeza. Talvez não haja certezas. Talvez não haja verdades. Só palavras. Só palavras. E mais palavras. Vãs. Vazias. Inertes. Sem força. Sem a determinação que forja. Que nutre. Que refaz. Talvez refazer seja uma palavra inexistente no dicionário destes homens. Transformar seja tão vago que a ninguém preocupe. Talvez seja o tempo do fogo. O tempo da solidão. O tempo da indiferença. E estejamos marcados. Para sofrer. Estejamos impedidos de cantar e dançar. Que a praça não seja nossa. Que por mais que se grite não haja quem acorde. Talvez nos reste sentar na pedra fria do desencanto. E aguardar a palavra que virá libertar. Que cortará as amarras. Que roerá as correntes. Que fará a luz brilhar com tanta força que acabe por cegar. Bendita cegueira que abrirá os ouvidos e soltará as vozes. Talvez nada disso se cumpra. Talvez nunca nos encontremos. Talvez a vida seja um estalar de dedos. Talvez a indiferença seja o abraço não dado. Talvez os braços não tenham mais força. Talvez a força se esgote antes que se faça. Talvez fazer seja uma palavra sem sentido.

Tudo isso só pra dizer: eu te amo.

Extraído do sítio Sérgio Napp

OBRIGADO PELO CHOCOLATE: UMA PARAGEM GOSTOSA NA HAVANA COLONIAL - Mireya Castañeda

A Havana colonial, Patrimônio da Humanidade, é o centro original da cidade São Cristóvão de Havana, fundada em 1519. Percorrê-la é imprescindível e interminável. Palácios, casas senhoriais, fortificações, ruas estreitas e amplas praças, museus, salas de concerto.

O Gabinete do Historiador leva adiante um trabalho impressionante de restauração, com frutos muito perceptíveis, que converteram seus quase três quilômetros quadrados no centro urbano melhor conservado da América.

Cada monumento, as arcadas das casas, seus balcões, portões de ferro forjado e pátios interiores são lugares de grande interesse para valorizar e fotografar, bem seja na Praça de Armas, ou a Praça Velha, nas ruas Obispo, Oficios ou Mercaderes.

Chega um momento nesse perambular por Havana em que é preciso parar para descansar, e nada melhor que em um lugar muito próximo da Praça de São Francisco, onde terá uma deliciosa e doce paragem. 

A confluência das ruas Mercaderes e Amargura é o lugar exato onde foi criado, em 2003, o Museu do Chocolate. Ali, além da exposição de artigos ligados à elaboração e consumo do chocolate, se pode apreciar a elaboração do chocolate de maneira artesanal e, naturalmente, adquirir bombons sólidos ou recheios e beber uma taça de chocolate quente ou frio.

O "XOCOLATL" DE MOCTEZUMA

O gosto pelo chocolate está muito estendido no mundo desde há séculos, portanto não é necessário estendermo-nos nesse tema. Até o cinema se ocupou dele. Fresa y Chocolate, dos cubanos Tomás Gutiérrez Alea e Juan Carlos Tabío; Chocolat, de Lasse Hallström, com Juliette Binoche e Johnny Deep; Merci pour le chocolat, do francês Claude Chabrol, com Isabelle Huppert; e Como agua para chocolate, do mexicano, Alfonso Arau.

Isso sim, lembrar que o nome científico da árvore do cacau é, nada mais nada menos, que theobroma cacau, que em grego significa "alimento dos deuses" e foi acunhado pelo cientista sueco Carlos Linneo, em 1737, sem dúvida como uma referência à mitologia asteca, na qual o deus Quetzalcoatl entregou aos homens o cacaueiro, antes de serem expulsos do Paraíso.

Segundo os cronistas das Índias, o rei Moctezuma consumia uma beberagem líquida espessa, escura e espumosa, que se bebia fria ou quente, chamada "xocolatl", na qual se mesclava a semente do cacau, aromatizada com ervas, baunilha, pimenta e outras especiarias.

Alguns dizem que chegou à Europa levada pelo almirante Cristóvão Colombo e outros por um monge que acompanhava Hernán Cortés, conquistador do México. Com certeza, seu gosto se arraigou rapidamente e se bebia espesso, à maneira espanhola, ou à francesa, com água, batido e espumoso.

Não foi até o século XIX em que se conseguiu degustar o chocolate em forma sólida. O suíço Daniel Peter foi o primeiro que tentou misturá-lo com leite, para torná-lo mais cremoso, mas não conseguiu até se unir com Henry Nestlé, quem teve a ideia de mesclá-lo com leite condensado açucarado. O chocolate como o conhecemos hoje, deve-se à adição de manteiga de cacau por parte de outro suíço, o confeiteiro Rodolphe Lindt.

CASANOVA

O chocolate, esta pasta sublime, tem muitos benefícios. Fala-se que o célebre libertino italiano Giacomo Casanova (1725-1798) tomava chocolate antes de entrar no leito das mulheres conquistadas, a causa da reputação como afrodisíaco sutil.

Registros farmacêuticos do século XVIII revelam seu poder curativo e nas farmácias se ofereciam diversas variedades, como o chocolate purgante e até chocolate antiveneno.

Agora, os viciados em chocolate têm mais uma razão para se alegrarem, já que um recente teste clínico demonstrou que uns poucos bocados de chocolate negro, cada dia, podem ter o mesmo efeito benéfico que uma aspirina, reduzindo a pressão arterial e prevenindo os infartos.

Fachada do Museu do Chocolate.
Foto: Brayan Collazo
Parte dessa história pode ser encontrada, em forma resumida, no Museo do Chocolate, em Havana, fundado na célebre Casa da Cruz Verde, residência dos condes de Lagunilla, que, nessa venta e revenda de propriedades, foi comprada, em 1880, por Maria de Regla Sañudo para seus três filhos: Lizardo, María Teresa e María de las Mercedes Muñoz Sañudo. Esta última se casou com o general do Exército Libertador Enrique Loynaz del Castillo, de cuja união nasceram quatro filhos, um dos quais foi a poetisa Dulce María Loynaz Muñoz (1902-1997), Prêmio Nacional de Literatura e Prêmio Cervantes.

Inspirado no Museu do Chocolate da Praça Real de Bruxelas, cuja diretora, Jo Draps, apoiou sua criação, conta com cartazes nos quais se podem conhecer as variedades que se cultivam em Cuba e as marcas mais famosas que existiram em Havana, como La Estrella, La Dominica, e a primeira fábrica cubana de chocolate, La Índia,de Santiago de Cuba.

Museu do Chocolate, Havana.
Conta com uma coleção de taças de chocolate de porcelana inglesas, alemãs, italianas e francesas dos séculos XIX e XX, com desenhos variados, e também chocolateiras de cerâmica, panelas, cântaros e taças de louça inglesa achadas em escavações e conservadas pelo Museu da Cidade e a repartição de Arqueologia do Gabinete do Historiador.

Diz um provérbio anônimo que “Deus deu asas aos anjos e chocolate aos humanos”, pelo que essa paragem no Museo do Chocolate,durante o percurso pela Havana colonial será, sem dúvida, gostosa demais.

Extraído do sítio Granma

30 de agosto de 2012

PINOCHET NO ALVO DE SKÁRMETA


Um dos mais importantes escritores da literatura latino-americana contemporânea, o chileno Antonio Skármeta – autor de O Carteiro e o Poeta, sucesso mundial que serviu como base para o filme homônimo, com cinco indicações ao Oscar – é o patrono da 25ª Feira do Livro de Santa Cruz do Sul (RS), no Rio Grande do Sul, que acontece de 28/08 a 1°/09, na qual ele estará presente em diversas ocasiões. 

Skármeta, que, nesta quarta (29/08), às 10h, será homenageado no Palco da Praça, tem lançados no Brasil os livros O Biscoitinho Chinês (infantil) e O Dia em que a Poesia Derrotou um Ditador (Ed. Record, 224 págs., R$ 32,90). No romance, em que retoma a relação entre pais e filhos e o qual é ambientado no fim da ditadura do general Augusto Pinochet no Chile (1973-1990).

Tempos difíceis

Segundo o jornal El País, o romance “coloca em ordem a tragédia e a esperança daqueles tempos confusos”. Skármeta tece uma narrativa impactante sobre momentos difíceis da história e sobre como a alegria conseguiu devolver as cores a um país silenciado. 

Em uma quarta-feira de 1988, Santos, professor de filosofia de uma das escolas mais tradicionais de Santiago, é levado pela polícia durante uma de suas aulas. Prisões como aquela não são raras no Chile de então, mas para Nico, que assiste à cena junto aos outros alunos, dessa vez é diferente. Ele é filho do professor, e a partir desse momento a única coisa que pode fazer é buscar um meio de ter o pai de volta.

Enquanto isso, a família de Patricia Bettini também sente os efeitos da ditadura instaurada em 1973. Seu pai, Adrián Bettini, outrora um bem-sucedido publicitário, entrou para a lista negra do regime e sobrevive fazendo pequenos trabalhos informais. 

35 idiomas

Antonio Skármeta nasceu em Antofagasta (Chile) e formou-se em filosofia e literatura na Universidade do Chile e em Columbia, em Nova York. Seus romances e contos foram traduzidos para 35 idiomas.

É autor ainda, entre outros livros, de Um Pai de Cinema e Neruda por Skármeta. Recebeu importantes prêmios literários internacionais, como o Médicis, a Medalha Goethe e o Prêmio Mundial de Literatura Infantil da Unesco. Foi embaixador do Chile na Alemanha de 2000 a 2003, e hoje vive em seu país, dedicando-se apenas à literatura.

Extraído do sítio BR Press

VIOLETA FOI PARA O CÉU - Denise Maia

O filme Violeta foi para o céu, do cineasta Andrés Wood, revela um olhar firme e comovente da artista chilena Violeta Parra e sua vida atrelada à esperança e à luta por uma sociedade mais justa.

A atriz chilena Francisca Gavilán, de forma magnífica, expressou o amor que Violeta dizia lhe mover a alma, o amor pela humanidade.

De família pobre, ela conseguiu com muito esforço estudar até o curso secundário. Sua sensibilidade e habilidade para a vida artística a levaram a trilhar vários campos. Poetisa, cantora, compositora, tecelã, artista plástica, uma mulher que expressava de diversas formas a vida sofrida e simples do seu povo.

Violeta era filha de uma índia com um professor que lecionava numa escola localizada em uma pequena aldeia chilena. Ainda menina contraiu varíola, que deixou marcas em seu rosto. Violeta cresceu entre as guitarras do pai. Apaixonada pelas canções populares que eram passadas às gerações de forma oral, colocou o pé na estrada na busca de registrar as músicas e os sons dos mais velhos. Suas primeiras canções e baladas só poderiam ser os lamentos e as esperanças de uma vida melhor para o povo de seu país. Mais adiante suas canções de protesto iriam explodir na América Latina. Uma delas, chamada La Carta, diz: "Na minha pátria não há justiça; os famintos pedem pão, a polícia lhes dá chumbo".

Sua arte era seu instrumento de luta, a bandeira da dignidade de seu povo, que tremulava em sua voz e em suas pinturas com o orgulho e a dignidade de ser uma pessoa comum e popular.

Decidida a ampliar seus conhecimentos e divulgar sua arte, Violeta percorreu vários países. Na França, onde permaneceu por mais tempo, começou a pintar quadros e a bordar painéis, recriando cenas dos povos andinos, suas cores e suas misérias, obras que expôs no museu do Louvre.

De volta ao Chile, em 1965, instalou uma tenda na região dos Andes, chamada La Reina, um centro de cultura popular, um palco permanente da cultura indígena onde divulgava suas canções e seus painéis.

"A criação é um pássaro que não voa em linha reta", dizia, a levaram a voos dolorosos, em que retratava a dura realidade social de seu país. Suas músicas e pinturas expunham suas raízes campesinas. Por ser uma pessoa forte, sensível e que abraçava e combatia os problemas que o sistema capitalista empunha ao seu povo, Violeta, numa crise de depressão, deixou de voar. Sua voz calou porque sua dor, que identificava as dificuldades do povo e que ecoava nos lamentos de suas músicas, a paralisaram. Deixou de ser um pássaro que não voa em linha reta na busca da criação, para fincar suas raízes no solo de sua terra.

Andrés Wood, no filme Violeta foi para o céu, conseguiu mesclar a doçura, a sensibilidade, a personalidade forte, a guerreira e a apaixonada pelo simples e criativo na história que conta a vida de Violeta Parra. Um grande filme que merece ser visto por todos que querem conhecer mais sobre a autora de Gracias a la vida e uma das criadoras, ao lado de Victor Jara, da Nova Canção Chilena.

Extraído do sítio Diário Liberdade


TEATRO MAIA DE 1.200 ANOS É DESCOBERTO NO MÉXICO

O espaço era usado apenas pela elite da sociedade, segundo arqueólogos envolvidos no projeto.

O teatro recém-descoberto no Estado de Chiapas, no México, era utilizado pela elite da sociedade maia por volta de 800 d.C. Foto: INAH/Divulgação

O INAH (Instituto Nacional de Antropologia e História do México) encontrou um teatro maia desativado há mais de mil anos em Ocosingo, no Estado de Chiapas. O anúncio da descoberta foi realizado nesta terça-feira (28/08).

Segundo o diretor do projeto de investigação no sítio arqueológico, Luis Alberto Martos López, apenas a elite da sociedade maia tinha acesso ao teatro, que poderia receber até 120 pessoas.

“Era um local exclusivo, pois foi encontrado a 42 metros de altura em relação às praças do complexo”, afirmou Martos López.

A hipótese elaborada pelos arqueólogos é a de que uma dinastia assumiu o governo da região por volta de 800 d.C. e buscou a sua legitimidade, entre outras formas, por meio do teatro político.

De acordo com Martos López, “tudo indica que a dinastia não conseguiu se estabelecer por muito tempo e a cidade foi abandonada com violência” cerca de 200 anos depois.

Além de ser menor que os outros teatros maias, a principal diferença desse espaço é que ele se encontra dentro de um palácio. “As peças não eram só artísticas, mas também simbólicas e religiosas. As sociedades maias foram classificadas como ‘estados teatrais’, porque os governantes aproveitavam essas ocasiões para exercer seu poder publicamente.”

O local das escavações começou a ser ocupado por volta de 150 a.C, segundo a equipe de investigação do INAH.

Extraído do sítio Opera Mundi

PARA DECIFRAR O ENIGMA AMAZÔNICO - Adelto Gonçalves*

Assassinado aos 43 anos de idade por um desafeto, que lhe conquistara a mulher e haveria de assassinar seu filho - sempre em legítima defesa, diga-se de passagem -, Euclides da Cunha (1866-1909) ainda deveria dar outras páginas memoráveis à Literatura de expressão portuguesa, não tivesse tido um fim tão inglório e prematuro. Mas, seja como for, o que deixou foi suficiente para alçá-lo ao panteão de nossos escritores mais memoráveis, ao lado de José de Alencar (1829-1877), Machado de Assis (1939-1908), Lima Barreto (1881-1922), Graciliano Ramos (1892-1953), Guimarães Rosa (1908-1967) e Jorge Amado (1912-2001).

Ao contrário destes, porém, Euclides da Cunha não escreveu ficção, ainda que só da pena de um magistral ficcionista poderiam sair as imagens que construiu em Os sertões da epopéia da guerra de Canudos, confronto entre as forças do Exército brasileiro e integrantes de um movimento popular de fundo sócio-religioso liderado por Antônio Conselheiro nos anos de 1896-1897 no interior do Estado da Bahia, no Nordeste, uma região historicamente caracterizada por latifúndios improdutivos, secas cíclicas e desemprego crônico, que à época passava por uma grave crise econômica e social.

Não é um episódio de que se possa orgulhar o Exército brasileiro, que, mais uma vez, de 1964 a 1985, seria usado para massacrar o seu próprio povo, em defesa dos interesses dos poderosos, em vez de defender o território nacional contra o inimigo externo, como lhe compete constitucionalmente.

Entender o gênio euclidiano é a que se propõe o crítico Fábio Lucas no ensaio "Euclides da Cunha, escritor e pensador da nacionalidade: a fase amazônica", capítulo II do livro Peregrinações amazônicas - História, Mitologia, Literatura, primeiro volume da coleção À Margem da História, de ensaios e estudos, que a editora LetraSelvagem, de Taubaté-SP, acaba de colocar no mercado. Poucos críticos terão analisado tão bem o caráter e a obra de um homem excepcional, "cuja face mais extraordinária - razão de sua notável importância nos quadros de nossa formação - parece-nos encontrar-se no seu poder de expressão".

Diz Fábio Lucas que nenhum outro aspecto da vida e da obra de Euclides da Cunha é mais importante que o de escritor. Para ele, foi graças ao seu estilo de escrever que o escritor pôde suplantar as limitações enganosas da ciência de seu tempo. "O temperamento, neste caso, superou a educação", diz o crítico, com acerto. Para ele, apesar de firmemente seduzido pelo pensamento racista e de predomínio do meio sobre o homem, Euclides da Cunha nunca se deixou levar por ideias feitas e prontas.

Se a princípio e a distância se deixou levar pelas insinuações das classes abastadas de que o grupo de Antônio Conselheiro não passava de um braço da Monarquia em conluio com potências estrangeiras, no cenário da luta logo constatou que os filhos da mestiçagem, que a ciência dizia que eram a causa da degeneração e amesquinhamento do povo brasileiro, eram apenas vítimas de um sistema de produção latifundiário e patriarcal que ainda hoje vigora em boa parte do território brasileiro, a ponto de a pretensa esquerda que assumiu o poder pelas urnas em 2002 ter se mancomunado com alguns dos "vice-reis" do Norte - cujas famílias dominam alguns Estados brasileiros - a pretexto de preservar a governabilidade.

De fato, observa Fábio Lucas que Euclides da Cunha não tentou conduzir os acontecimentos para colocá-los de acordo com ideias preestabelecidas; antes, deixou-se levar por eles. "Pode-se observar até que, à medida que envelhecia, ia perdendo o apreço pela ciência em que tão confiadamente acreditou e mais se agarrava à dialética dos fatos. A certa altura, já admitia que a verdade fosse móvel", diz.

Mas onde entra a Amazônia na vida e na obra de Euclides da Cunha? Fábio Lucas mostra: já escritor famoso, em 1904, o autor de Os sertões foi convidado pelo ministro Rio Branco, das Relações Exteriores, para chefiar a comissão brasileira que, com a comissão peruana, iria definir as fronteiras do Alto do Rio Purus. Na difícil viagem que empreendeu, o escritor tomou notas para escrever uma obra a que desde logo atribuíra o título O paraíso perdido, que considerava o seu "segundo livro vingador".

Na região amazônica, Euclides da Cunha encontraria a mesma pobreza que o deixara compungido no sertão da Bahia. Pior ainda: atraídos pelo comércio da borracha, extraída do látex da seringueira, contrabandistas, aventureiros e atravessadores infestavam a região. "Havia companhias de transportes que aliciavam milhares de famílias cearenses, fugidas da seca e da fome, para trabalharem nos seringais, mediante um regime de subordinação em nada diferenciado daquela do período da escravatura", conta Lucas, citando Euclides da Cunha: "(...) O seringueiro trabalhando cada vez mais para ser escravo".

Da viagem, como se sabe, Euclides da Cunha retornaria para uma vida conjugal tumultuada que acabaria por provocar o desatino que lhe tiraria a vida. Nunca escreveria Um paraíso perdido, que seria organizado por Leandro Tocantins com "ensaios, estudos e pronunciamentos sobre a Amazônia" que o escritor deixaria dispersos. 

Com olhar seletivo, Fábio Lucas estabelece um roteiro seguro para quem quiser conhecer não só a Amazônia de Euclides da Cunha como a de outros grandes escritores, poetas, ficcionistas, historiadores, sociólogos e filósofos, como João de Jesus Paes Loureiro, Olga Savary, Thiago de Mello, Jorge Tufic, Astrid Cabral, Aníbal Beça, Age de Carvalho, Márcio Souza, o português Ferreira de Castro, Abguar Bastos, Inglez de Suza, Dalcídio Jurandir, Benedicto Monteiro, Leandro Tocantins, José Veríssimo, Arthur Cezar Ferreira Reis, Benedito Nunes, Nicodemos Sena e outros tantos nomes representativos que passam pelas páginas deste livro, desde já, imprescindível para quem ousar decifrar o enigma amazônico.

Fábio Lucas enriquece o painel das "letras amazônicas", ao incluir em seu livro também as obras de Ferreira Gullar e Nauro Machado, grandes poetas do Maranhão. É possível que o desatento leitor faça a objeção segundo a qual o Maranhão não faz parte da Amazônia, embora situado numa zona de transição entre o Norte e o Nordeste brasileiros. Mas é preciso lembrar que, além de fortes vínculos geográficos com a Amazônia, há vínculos históricos: em 1751, o Estado do Maranhão passou a intitular-se Estado do Grão-Pará e Maranhão e sua capital foi transferida de São Luís para Belém, o que durou até 1772, quando aconteceu uma nova divisão em dois Estados: o Estado do Maranhão e Piauí, com sede em São Luís, e o Estado do Grão-Pará e Rio Negro, com sede em Belém. Tudo isso justifica o roteiro que Fabio Lucas traçou.

Peregrinações amazônicas constitui, portanto, uma viagem mais sentimental do que geográfica, através de vasta produção literária com temática "amazônica" ou na Amazônia ambientada. O resultado é uma análise dos melhores livros que já foram escritos sobre a Amazônia ou ambientados na realidade amazônica. O segundo volume desta coleção, À Margem da História, cujo título é em homenagem a Euclides da Cunha, será um livro de mais de 800 páginas, Escritores Brasileiros do Século XX, da crítica, escritora e professora titular da Universidade de São Paulo (USP) Nelly Novaes Coelho.

Fábio Lucas (1931) nasceu em Esmeraldas-MG e é professor, ensaísta, tradutor, crítico e teórico da literatura. Lecionou em seis universidades norte-americanas, cinco brasileiras e uma portuguesa. Dirigiu o Instituto Nacional do Livro em Brasília bem como a Faculdade Paulistana de Ciências e Letras. Autor de mais de 50 obras de crítica e ciências sociais, é considerado um dos mais importantes críticos e conferencistas internacionais de literatura brasileira.

Em 1953, graduou-se em Direito pela Universidade Federal de Minas Gerais e, em 1963, concluiu doutorado em Direito Público em Economia e História das Doutrinas Econômicas pela Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas (Fafich) da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Nessa universidade, tornou-se professor de Teoria da Renda e Repartição da Renda Social na Faculdade de Ciências Econômicas. Nos primeiros tempos da ditadura militar (1964-1985), sofreu perseguições políticas: foi obrigado a deixar a disciplina que lecionava, o que o levou a partir para o exterior.

Em sua extensa produção, destacam-se Poesia e prosa no Brasil: Clarice, Gonzaga, Machado e Murilo Mendes (1976), Vanguarda, História e ideologia da literatura (1985), Fontes literárias portuguesas (1991), Do barroco ao moderno (1989),Mineiranças (1991), Cartas a Mário de Andrade (1993), Jorge de Lima e Ferreira Gullar, o longe e o perto (1995), Luzes e Trevas, Minas Gerais no século XVIII (1998), Murilo Mendes, poeta e prosador (2001), Literatura e comunicação na era da eletrônica(2001), Expressões da identidade brasileira (2002), O poeta e a mídia: Carlos Drummond de Andrade e João Cabral de Melo Neto (2009), O poliedro da crítica(2009), O centro e a periferia de Machado de Assis (2010) e Ficções de Guimarães Rosa (2011). Na ficção, escreveu o romance A mais bela história do mundo (São Paulo: Global, 4ª ed. 2012).

Ganhou vários prêmios de crítica literária e foi presidente, por cinco mandatos, da União Brasileira de Escritores (UBE). Como vice-presidente da Associação Brasileira de Direitos Repográficos (ABDR), destacou-se pelo combate à pirataria e à fraude do direito autoral. Foi ainda membro do Conselho Nacional de Direito Autoral (CNDA) de 1989 a 1991. Recentemente, presidiu a comissão de escritores que redigiu o Manifesto dos Escritores Brasileiros, que resultou das discussões do Congresso Brasileiro de Escritores, realizado em novembro de 2011, em Ribeirão Preto-SP.

Este articulista orgulha-se de ter tido o professor Fábio Lucas como integrante da banca que aprovou sua tese de doutorado na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da Universidade de São Paulo (USP), em 1997, sobre o poeta Tomás Antônio Gonzaga (1744-1810), Gonzaga: um Poeta do Iluminismo (vida e época), ao lado dos professores Massaud Moisés (orientador), Lênia Márcia Medeiros Mongelli e Francisco Maciel Silveira e do embaixador, poeta e ensaísta Alberto da Costa e Silva, ex-presidente da Academia Brasileira de Letras.

PEREGRINAÇÕES AMAZÔNICAS - HISTÓRIA, MITOLOGIA, LITERATURA (ensaio), de Fábio Lucas. Taubaté-SP: Editora LetraSelvagem, 184 págs., 2012, R$ 30,00.

* Adelto Gonçalves é doutor em Literatura Portuguesa pela Universidade de São Paulo e autor de Gonzaga, um Poeta do Iluminismo (Rio de Janeiro, Nova Fronteira, 1999), Barcelona Brasileira (Lisboa, Nova Arrancada, 1999; São Paulo, Publisher Brasil, 2002) e Bocage - o Perfil Perdido (Lisboa, Caminho, 2003), entre outros. E-mail:marilizadelto@uol.com.br.

Extraído do sítio Pravda

Ler também:
Correio do Brasil: Peregrinações Amazônicas