23 de agosto de 2012

A TRISTEZA (XIV) - Domingos Gonçalves de Magalhães



Triste sou como o salgueiro
Solitário junto ao lago,
Que depois da tempestade
Mostra dos raios o estrago.

De dia e noite sozinho
Causa horror ao caminhante,
Que nem mesmo à sombra sua
Quer pousar um só instante.

Fatal lei da natureza
Secou minha alma e meu rosto;
Profundo abismo é meu peito
De amargura e de desgosto.

À ventura tão sonhada,
Com que outrora me iludia,
Adeus disse, o derradeiro,
Té seu nome me angustia.

Do mundo já nada espero,
Nem sei por que inda vivo!
Só a esperança da morte
Me causa algum lenitivo.


In "Suspiros Poéticos e Saudades", 1836.

Extraído do sítio Domínio Público

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