27 de agosto de 2012

EXPOSIÇÃO DE ARTE DE VENEZA RETRATA A EVOLUÇÃO DA PINTURA RENASCENTISTA - Betsy Kim

As obras de Giovanni Bellini evoluíram não apenas na composição, como também no material utilizado por ele. Óleo puro sobre madeira forneceu cores mais ricas e mais luminosidade, expressando a beleza mais refinadamente do que em obras anteriores. “Madona e filho”, do final de 1480, por Giovanni Bellini, óleo sobre madeira. (Museu Metropolitano de Arte)
NOVA YORK – O aspecto marcante de uma das exposições apresentada em janeiro deste ano no Museu Metropolitano de Arte não está na beleza e perfeição das pinturas. Em vez disso, peças cuidadosamente selecionadas e arranjadas permitem aos visitantes testemunhar a evolução marcante da pintura renascentista.

A “Morte da Virgem” de Bartolomeo Vivarini de (1485) corajosamente experimenta a perspectiva. Pintado como uma peça para o altar de uma capela de Certosa em Pádua, Itália, apresenta uma cena tradicionalmente piedosa.

Em um trono, Cristo segura uma miniatura da Virgem Maria, que representa a alma a ser levada para o céu por oito anjos. Onze apóstolos cercam o corpo de Maria deitada. Eles olham acima para as figuras espirituais.

O escorço é uma técnica para criar uma ilusão de profundidade em duas dimensões. Objetos mais próximos ao observador parecem maiores, e as imagens diminuem com a distância. Na pintura de Bartolomeo, devido ao exagerado escorço, os rostos dos apóstolos parecem espremidos como distorções caricaturais. Figuras nitidamente delineadas, pintado em têmpera brilhante, somam no resultado vívido, mas um pouco bruto.

Profundidade e perspectivas são inovações marcantes da arte renascentista. Pinturas, como as de Bartolomeu, nos lembram de que esses tipos de avanços não ocorreram da noite para o dia. Bartolomeo foi influenciado por artistas como Andrea Mantegna, um pintor conhecido por fazer experimentos com perspectivas criativas.

A exposição do Museu Metropolitano de Arte, Arte na Veneza renascentista, 1400-1515, marca esses tipos de acontecimentos, levando a Alta Renascença. Os 44 desenhos e pinturas de artistas de Florença, Pádua, entre outras cidades italianas, encarnam as influências em Veneza, de acordo com Alison Nogueira, o curador assistente na Coleção Robert Lehman, que organizou a exposição.

Artistas viajaram a Veneza para trabalhar em comissões, inclusive no Palácio dos Doge, a sede simbólica do poder de Veneza. A confluência de artistas proporcionou a mudança.

Influentes famílias de artistas

Embora fossem duas famílias poderosas do mundo da arte, os Bellinis historicamente obscureceram os Vivarinis (origem de Bartolomeo).

“Jacopo Bellini é muitas vezes chamado de pai da pintura veneziana”, disse Nogueira. “Ele era pai de Giovanni e Gentile, que eram ambos pintores extremamente bem sucedidos. Mas também filosoficamente ele foi o fundador de uma nova escola de pintura que introduziu o estilo renascentista de Veneza.”

A família Bellini dirigiu a oficina de pintura de maior sucesso em Veneza, disse Nogueira. O historiador de arte Giorgio Vasari, em “As Vidas dos Artistas”, observou que Jacopo convenceu sua filha, Nicolosia, para casar com Mantegna. Giovanni e seu cunhado, Mantegna, aprenderam um com o outro e amplamente influenciaram artistas em toda a região.

Jacopo desenvolveu a tradição veneziana do comprimento de meia Madonna sentada atrás de uma elevação. Ao contrário de um modelo em tamanho real, essa técnica fornecia uma aproximação íntima com o espectador. Esta perspectiva se adequava bem às pinturas comissionadas de Bellini para usos religiosos provados. O cartão de informação da pintura descreve que a janela no fundo representa a Virgem como uma “janela para os céus” por onde Deus iluminará o mundo.

A sequência da exibição mostra a “Madona e filho” de Jacopo, seguido por três pinturas de Giovanni do mesmo assunto diretamente ilustrando a evolução arte renascentista. A pintura de Jacopo evoca ícones bizantinos. Face com auréolas planas, redondas e douradas e narizes aquilinos. Cristo está sentado em uma posição frontal.

A “Madona adorando a Criança Adormecida” de 1460 tem forte semelhança com o trabalho do pai, do arco pintado no alto ao rosto da Madonna. A “Madonna e Filho” de Giovanni se utiliza de uma composição semelhante, mas em têmpera e óleo misturado. Este meio híbrido mostra uma transição no meio do caminho, passando de uma opacidade dura em direção a uma representação mais refinada da beleza e da virtude.

Na quarta peça, Giovanni pintou “Madona e Filho” (final de 1480) totalmente em óleo. A tinta a óleo permitiu gradientes de cores ricas, luminosidade e aspectos suavemente modelados.

O trabalho do mentor de Jacopo, Gentile de Fabriano, se encontra na galeria dedicado a um período anterior da arte gótica veneziana. Mas Nogueira observou que a pintura de Fabriano “Madona e filho com anjos”, mesmo sendo de 1410, “marca uma maior sensação de naturalismo”.

A roupagem de pano e o naturalismo do menino Jesus são exemplos de influências estilísticas nas obras posteriores de Bellini. E depois de tudo, de acordo com Vasari, Bellini chamou o seu filho, Gentile, após Fabriano.

O entrelaçamento das vidas dos artistas afetaram estilos, técnicas e ideias através do tempo e das distâncias geográficas. Esta exposição demonstra como a pintura, sendo uma forma de arte dinâmica, evoluiu para refletir uma civilização.

A exposição de arte renascentista em Veneza esteve no Museu Metropolitano de Arte até 5 de fevereiro deste ano.

Betsy Kim trabalhou como uma advogada e repórter de TV. Ela agora é uma escritora residente de Nova York.

Extraído do sítio The Epoch Times

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