30 de setembro de 2012

PRODUÇÃO DE UVAS CAI E PODE AFETAR OFERTA DE VINHOS EUROPEUS - Leslie Gevirtz


NOVA YORK, 25 Set (Reuters) - A Europa está vivendo outra crise - não da dívida, e sim das uvas. A produção caiu muito, com redução de até 40 por cento em determinadas regiões portuguesas, o que significa que as vinícolas terão menos garrafas para vender dentro de alguns meses.

A situação é ainda pior em partes da Borgonha (França), onde chuvas de granizo castigaram os vinhedos de Pommard, Santenay e Volnay, destruindo quase 80 por cento da safra, segundo o Departamento Interprofissional dos Vinhos da Borgonha (BIVB, na sigla em francês). Além do frio e do granizo, os produtores enfrentam também a ameaça do mofo e de outros fungos.

Cecile Mathiaud, porta-voz da entidade, observou que as atuais circunstâncias provocam um crescimento desigual dos cachos, condição chamada de "millerandage", que é "ruim para a quantidade, mas geralmente é promessa de qualidade".

Um produtor vinícola português, Bernardo Cabral, da Casa Santa Vitória, repetiu a previsão de Mathiaud, dizendo que "felizmente, pequenas bagas estão correlacionadas com alta concentração, então, neste momento, temos vinhos de altíssima qualidade em processo (de fabricação)".

David Baverstock, enólogo da vinícola portuguesa Esporão, que está na metade da colheita, disse que "há casos de safras caindo até 40 por cento em relação ao normal, e provavelmente ficará na média entre 20 a 30 por cento (abaixo do habitual)".

No Loire, uma das maiores regiões vinícolas da França, a colheita acaba de começar, mas uma redução na quantidade já é esperada.

Na Espanha, o conselho regulador dos vinhos da Rioja confirmou que sua safra também ficará reduzida.

Mas, segundo email enviado à Reuters por uma porta-voz da entidade, "a boa notícia é que os consumidores não sentirão nenhum efeito dessa safra menos produtiva, já que a Rioja tem reservas suficientes em termos de volume para atender à demanda global".

Karl Storchmann, editor da revista da Associação Americana dos Economistas do Vinho, disse que "as leis da oferta e da procura funcionam em qualquer mercado, inclusive no das uvas".

"No entanto", prosseguiu, "se o preço das uvas europeias sobe, isso não significa que os preços dos vinhos para o consumidor subirão".

"As vinícolas tendem a manter seus preços bastante estáveis - não muito abaixo nos anos ruins, não muito acima nos anos bons".

Vinícolas da Itália e da Grécia também relataram safras reduzidas, mas com boa qualidade.

Extraído do sítio Yahoo!

UM ESPECTRO RONDA O JORNALISMO: CHATÔ - Fernando Morais


Em texto exclusivo para o 247, o escritor Fernando Morais narra como, em meados do século passado, Assis Chateaubriand encomendou ao diretor do Estado de Minas uma reportagem sobre o estupro supostamente cometido pelo arcebispo de Belo Horizonte contra a própria irmã. Detalhe: Dom Cabral não tinha irmã. Passadas oito décadas, Chatô exumou-se do cemitério e encarnou nos blogueiros limpos e editores dos principais jornais brasileiros.

As agressões e infâmias dirigidas por alguns jornais, revistas, blogs e telejornais ao ex-presidente Lula e ao ex-ministro José Dirceu me fazem lembrar um episódio ocorrido em Belo Horizonte em meados do século passado.

Todas as sextas-feiras o grande cronista Rubem Braga assinava uma coluna no jornal “Estado de Minas”, o principal órgão dos Diários Associados em Minas Gerais. Irreverente e anticlerical, certa vez Braga escreveu uma crônica considerada desrespeitosa à figura de Nossa Senhora de Lourdes, padroeira de Belo Horizonte. Herege, em si, aos olhos da conservadora sociedade mineira o artigo adquiriu tons ainda mais explosivos pela casualidade de ter sido publicado numa Sexta-Feira da Paixão.

Indignado, o arcebispo metropolitano Dom Antonio dos Santos Cabral redigiu uma dura homilia recomendando aos mineiros que deixassem de assinar, comprar e sobretudo de ler o “Estado de Minas”. Dois dias depois o documento foi lido na missa de domingo de todas as quinhentas e tantas paróquias de Minas Gerais.

O míssil disparado pelo religioso jogou no chão a vendagem daquele que era, até então, o mais prestigioso jornal do Estado. E logo repercutiu no Rio de Janeiro. Mais precisamente na mesa do pequenino paraibano Assis Chateaubriand, dono dos Diários Associados, um império com rádios e jornais espalhados por todos os cantos do Brasil.

Célebre pela fama de jamais engolir desaforos, o colérico Chateaubriand telefonou para Geraldo Teixeira da Costa, diretor do “Estado de Minas”, com uma ordem expressa, repleta de exclamações:

- Seu Gegê! Quero uma reportagem de página inteira contando que quando jovem Dom Cabral estuprou a própria irmã! O senhor tem uma semana para publicar isso!

Tamanha barbaridade não passaria pela cabeça de quem quer que conhecesse o austero Dom Cabral, cujas virtudes haviam levado o Papa Pio XI a agraciá-lo com o título de Conde. Mas ordens eram ordens.

Os dias se passavam e a reportagem não aparecia no jornal. Duas semanas depois do ultimato, um Chateaubriand possuído pelo demônio ligou de novo para Belo Horizonte:

- Seu Gegê! Seu Gegê! O senhor esqueceu quem é que manda nesta merda de jornal? O senhor esqueceu quem é que paga seu salario, seu Gegê? Cadê a reportagem sobre o estupro incestuoso cometido por Dom Cabral?

Do outro lado da linha, um pálido e tremebundo Gegê gaguejou:

- Doutor Assis, temos um problema. Descobrimos que Dom Cabral é filho único, não tem e nunca teve irmãs...

Sapateando sobre o tapete, Chateaubriand parecia tomado por um surto nervoso:

- TEMOS um problema? Seu Gegê, nós não temos problema algum! Isso é um problema de Dom Cabral! Publique a reportagem! Cabe A ELE provar que não tem irmãs, entendeu, seu Gegê? Vou repetir, seu Gegê: cabe A ELE provar que não tem irmãs!!

Passadas oito décadas, suspeito que Chatô exumou-se do Cemitério do Araçá e, de peixeira na cinta, encarnou nos blogueiros limpos e nos editores dos principais jornais e revistas brasileiros. 

Como no caso de Dom Cabral, cabe a Lula provar que não marchou com a família e com Deus, em 1964, quando tinha 18 anos, pedindo aos militares que derrubassem o governo do presidente João Goulart. Cabe a Dirceu provar que não foi o chefe do chamado mensalão.

* Fernando Morais é jornalista e escritor. É autor, entre outros livros, de “Chatô, o rei do Brasil”, biografia de Assis Chateaubriand.

Extraído do sítio Brasil 247

MUSEU ABRIGA UNIVERSO PARTICULAR DA ESCRITORA CORA CORALINA - Sara Campos

Localizado na histórica Cidade de Goiás, o Museu Casa de Cora Coralina reúne artefatos que contam a trajetória de um dos expoentes da literatura brasileira.

Cora Coralina: uma das maiores escritoras brasileiras do século XX. (Acervo Museu Casa de Cora Coralina)
Goiana, poetisa e doceira. Cora Coralina enriqueceu o hall de escritores brasileiros com seus versos simples e belos além de se transformar em uma das maiores escritoras brasileiras do século XX.

A poetisa nasceu na Cidade de Goiás, antiga capital do Estado, na época chamada de Vila Boa de Goiás. Apesar de a família pertencer à classe média, Cora teve a vida marcada pelo olhar simples de enxergar o mundo, característica também presente em suas obras.

Apesar de ser considerada uma das melhores escritoras do Brasil, a fama de Cora Coralina chegou tarde: publicou seu primeiro livro Poemas dos Becos de Goiás e Estórias Mais aos 74 anos. A paixão pela vida interiorana e os elementos que a cercavam formavam o mosaico poético que encantou o cenário literário brasileiro.

Às margens do Rio Vermelho, na Cidade de Goiás, está a casa que pertenceu à família e abrigou a poetisa durante grande parte de sua vida. O local se transformou no museu Casa de Cora Coralina e está entre os principais pontos turísticos do Estado de Goiás.

Conjunto de malas da escritora goiana. (Sara Campos / Epoch Times)
Em estilo colonial, com batentes, janelas e portas verdes, a casa abriga artefatos que fizeram parte do cotidiano de Cora Coralina. A visita guiada mostra o universo da poetisa começando pela cozinha, repleta de tachos de cobre utilizados por Cora para o preparo de doces artesanais.

Todos os utensílios como a pequena geladeira amarela e o liquidificador continuam preservados no mesmo local escolhido por ela. A acolhedora sala de jantar permanece com o aparelho de jantar original da família e reflete a simplicidade da poetisa, com poucos adornos.

Mobília e máquina de escrever utilizadas pela escritora (Sara Campos / Epoch Times)
O quarto de Cora abriga algumas peças de roupa, malas e acessórios como o baú com as iniciais de seu nome, artigo comum nos lares brasileiros entre as mulheres da geração da poetisa.

Uma das personagens que ganham destaque na casa de Cora Coralina é Maria Grampinho, uma andarilha que perambulava sem rumo nas ruas da Cidade de Goiás, sempre levando consigo uma trouxa de roupas.

Cora Coralina tornou-se sua grande amiga e lhe deu abrigo em seu porão para passar as noites. Os diversos grampos no cabelo renderam-lhe o curioso apelido e a transformaram em uma personagem folclórica da cidade. Além de imagens, o museu preserva documentos que pertenceram à Maria Grampinho.

Outro grande destaque no acervo está na escrivaninha de madeira onde a poetisa digitava seus versos em uma máquina de escrever Olivetti Studio 44 da cor azul celeste. A mobília e seu equipamento de trabalho estão em uma redoma de vidro para garantir uma maior preservação.

Um dos quartos da casa abriga condecorações e reconhecimentos pela contribuição da poetisa ao cenário literário de Goiás e do Brasil. Um deles é uma carta escrita por Carlos Drummond de Andrade em 1979, que elogia seu trabalho e projeta seus versos além das fronteiras goianas.

Entre os reconhecimentos de Cora estão sua entrada na Academia Goiana de Letras, Academia Feminina de Letras e Artes de Goiás, Prêmio Juca Pato concedido pela União Brasileira de Escritores e Doutora Honoris Causa da Universidade Federal de Goiás em 1983.

Cora Coralina transmitiu para o Brasil a importância da cultura do interior de Goiás e seguiu fielmente seu estilo de escrita até o fim da vida, sem se adaptar a modismos literários. Seu legado contribuiu para a formação da identidade cultural do Centro Oeste brasileiro.

Extraído do sítio The Epoch Times

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Visita Guiada Virtual - Felipe Sales

KAFKA, ANO ZERO - Leandro Sarmatz


A história da literatura, assim como as outras histórias (as que retraçam a trajetória dos povos, das ciências, das artes e até mesmo das iniquidades e dos esportes), é feita de guinadas radicais. Um único momento decisivo sobrepuja séculos de monótona continuidade. Na história literária do século XX nada parece superar a noite de 22 para 23 de setembro de 1912 quando – entre 22h e 6 da manhã – o jovem advogado praguense Franz Kafka escreveu de um só fôlego O veredicto e cristalizou, ao fim dessa jornada exaustiva, o seu estilo de narrar.

Kafka anotou com detalhes nos Diários sobre a incrível proeza, sobre as pernas que formigavam, amortecidas depois de uma noite inteira sentado em seu gabinete, sobre sua emoção em tatear (e quase tocar fisicamente) seu próprio meio de expressão. A narrativa desse momento inaugural é quase a antítese da literatura, ou daquilo que nos habituamos a entender como o trabalho literário. Há labor nessa noite de setembro um século atrás, mas algo tão concentrado que parece pertencer a outro domínio. Aparentemente estamos pisando em movediço terreno esotérico. Uma noite de escrita que termina com o ponto final em pleno alvorecer. Não é preciso muito mais para escrevermos uma vida de São Kafka.

Nada mais equivocado. Se em Kafka a literatura é menos o processo literário e mais os diversos movimentos e recuos em direção à escrita (e o caráter fragmentário e mesmo inacabado de sua obra é testemunho disso), isso se dá porque, justamente, o que lhe empresta potência são esses momentos isolados, descontínuos. Narrativas mais longas como O castelo e O processo nos parecem tão significativas e férteis (inclusive emocionalmente) porque seu autor leva essa insegurança controlada para o interior do romance, gênero por excelência do autor empenhado. Nos textos mais breves, e a partir de O veredicto, a tensão permanente dessa escrita em movimento parece cintilar em cada frase.

O veredicto é um momento especial na vida e no amadurecimento mental de Kafka como escritor porque pela primeira vez dispunha de uma história – o ancestral conflito entre pais e filhos – e a elaborava com o auxílio de uma metáfora poderosa: o julgamento. A comédia familiar não lhe era estranha, como se sabe. O minueto sombrio dançado por aqueles que têm laços de sangue é levado às ultimas consequências na história de Georg Bendemann, o jovem comerciante que está prestes a se casar e mantém uma correspondência estranha com um amigo que vive na Rússia ao mesmo tempo em que parece velar o próprio pai em vida.

A figura da noiva não está ali por acaso. O veredicto é dedicado a Felice Bauer, a berlinense que Kafka conhecera no mês anterior e com quem iria contrair noivado duas vezes (em 1914 e 1917) – sem no entanto jamais conduzir a pobrezinha para o altar. Aliás, nada na história é por acaso. Quase tudo parece sair da persona que experimentava a escrita e tentava compreender todos os aspectos da vida nos Diários. Mesmo o momento culminante de virada (paterna, genética, histórica, dramática) que é a maldição jogada sobre Georg pelo próprio pai exausto (“Por isso saiba agora: eu o condeno a morte por afogamento”), parece ser reflexo da convivência de Kafka, naquele período, com os melodramáticos enredos domésticos do teatro iídiche. No recente Kafka’s Jewish Languages, David Suchoff gasta um capítulo para analisar a presença tragicômica das pragas iídiches na obra de Kafka e em especial em O veredicto.

Em setembro de 1912, essa “maldição” atravessou primeiro uma noite. E depois um século inteiro.

* Leandro Sarmatz é autor do livro Uma fome (Record, 2010). Em 2012, foi eleito um dos vinte melhores jovens escritores brasileiros pela revista Granta.

Extraído do Blog do IMS

UM HERÓI PORTUGUÊS QUE MORREU NA POBREZA - Vyacheslav Ossipov

abarrigadeumarquitecto.blogspot.com
O diplomata português Aristides de Sousa Mendes é menos conhecido no mundo do que o alemão Oscar Schindler, que tinha salvo 1100 judeus, quando estes fugiam das perseguições dos nazistas durante a Segunda Guerra Mundial.

Foi Steven Spielberg quem imortalizou a façanha deste alemão no seu filme Lista Schindler, agraciado com o prêmio Oscar. Todavia a atividade do diplomata português na esfera de salvação das famílias judaicas no território ocupado da França teve envergadura muito maior, pois com a sua ajuda foram salvas 34 mil pessoas. Mais de dez mil judeus, que constam nesta lista, tinham fugido não somente da Alemanha Nazista mas também da Dinamarca, Noruega, Polônia, Bélgica, Luxemburgo e França. “O mundo deve saber disso”, declaram os criadores do filme O Cônsul de Bordeus.

A estreia do filme hispano-português O Cônsul de Bordeus será realizada em Portugal a 8 de novembro. Mas ele já foi exibido durante a Semana do Cinema Português em Israel e nas missões diplomáticas de alguns países europeus. O diplomata português é chamado “Schindler português”. João Correa, um dos realizadores do filme, diz: “É preciso corrigir o esquecimento histórico. É preciso curar graças à memória dos que sobreviveram as feridas do passado e restabelecer o prestígio e bom nome de Sousa Mendosa, pisoteado pelo regime português de Salazar." Enquanto Oscar Schindler escondia na sua fábrica 1100 judeus, salvando-os das perseguições dos nazistas, Sousa Mendes assumiu a responsabilidade concedendo 34 mil vistos aos que fugiram da ocupação fascista na França e em outros países europeus. Os sobreviventes não podiam ver o futuro sem pensar no seu passado, disse o realizador João Correa ao preparar o filme sobre o diplomata português.

Uma grande parte dos judeus, a que Sousa Mendes tinha concedido os vistos, foi para os EUA e dali mudaram-se para Israel. Em 1966 Mendes foi agraciado, aliás, a título póstumo, com o título de Justo entre as Nações. Foi um sinal de gratidão pela sua atividade. Mas o final da história heroica de Sousa Mendes não foi feliz. O diplomata foi privado do seu status e da pensão de aposentadoria. Viveu os últimos 14 anos da sua vida na miséria total e faleceu no hospital do mosteiro franciscano, bem no coração de Portugal. A sua esposa e filhos emigraram para os EUA... Foi este o preço que Mendes tinha pago pela desobediência ao regime de Salazar, explicou João Correa na sua entrevista à agência Efe. Acrescentou que em Portugal de hoje existem pessoas que põem em dúvida a atividade de Mendes na qualidade de cônsul.

O embaixador João Hall Themido escreveu nas suas memórias sobre meio século da diplomacia portuguesa. No livro, o diplomata recorda que Kissinger considerava Mário Soares "um tonto". Um dos capítulos do livro, porventura o mais polémico, chama-se A mitificação de Aristides de Sousa Mendes. O embaixador acusa o cônsul de "atuação irregular". "De forma totalmente irrealista, fala-se em 30 mil" o número de vistos "concedidos em apenas alguns poucos dias pelo cônsul e seus familiares, de forma cega, no consulado e até nos cafés da vizinhança". Themido sublinha "a necessidade de manter disciplina nos serviços que de forma directa ou indirecta pudessem, com a sua actuação, afectar o estatuto de neutralidade" do país. Para o embaixador, Aristides foi um "mito criado por judeus e pelas forças democráticas saídas do 25 de Abril". E mais à frente: "quando a família" do cônsul, "grupos judaicos e forças da esquerda ressuscitaram o assunto, procurei saber mais sobre o ocorrido". Observa que Aristides apenas "pertencia à carreira consular, considerada carreira menor em relação à carreira diplomática".

“Este diplomata e humanista violou todas as prescrições tendo concedido durante 15 dias 34 mil vistos aos judeus e oposicionistas ao regime nazista. Mas o filme O Cônsul de Bordeus não é apenas uma recordação da década de quarenta mas também um apelo ao dia de hoje”, ressalta o realizador João Correa.

É preciso levar em consideração que o diplomata português concedia vistos violando a chamada “Circular 14”, promulgada pelo regime de Salazar, que proibia aos diplomatas portugueses dar vistos a pessoas que fugiam das perseguições das autoridades do Terceiro Reich. Aristides salvou do fuzilamento e eliminação mais de 30 mil cidadãos, mais de dez mil deles eram de nacionalidade judaica. O regime de Salazar não perdoou ao diplomata esta desobediência. Em fins da década de 40 Mendes foi retirado da França para Lisboa. Aí ele foi reconhecido demente e destituído do status diplomático e da pensão de aposentadoria. Alguns dos seus filhos declararam que não o reconheciam o seu pai. Seguiram-se 14 anos de degredo e de esquecimento. Aristides de Sousa Mendes faleceu em 1954 na miséria total, no mosteiro dos franciscanos. O jornal portuguêsExpresso escreveu em princípios deste ano: "Tendo em conta a estatura homérica destes atos, não se compreende o relativo desprezo da cultura portuguesa por Aristides. Não há uma grande biografia. Não há um romance. Não há uma série de TV. Não há um filme. Temos um Schindler e não lhe damos valor. É como se a expressão "herói português" fosse, em si mesma, uma contradição em termos. É como se a expressão "herói português" fosse um incómodo para a nossa visão cínica de Portugal."

O ator Bernard Lecoq, que viveu o papel do "cônsul de Bordeus” afirma que Aristides foi um autêntico herói que tinha sacrificado a própria vida a fim de salvar outras pessoas. “É uma grande honra – encarnar a imagem que deixou um vestígio profundo na história”. Otto von Gabsburg, um dos descendentes do clã Habsurg, cujo pai também foi salvo por Mendes na década de 40, compartilha esta opinião. “Durante a guerra muitas pessoas davam provas de covardia enquanto que Mendes foi um verdadeiro herói do Ocidente”.

A estreia para o público do filme O Cônsul de Bordeus está prevista em Portugal para 8 de novembro. O filme será exibido também na Espanha, França e no Brasil.

Extraído do sítio Voz da Rússia

29 de setembro de 2012

SEXO, DROGAS E POLÍTICA NO NOVO ROMANCE DE J.K. ROWLING

A escritora britânica pode contar com seus fãs leais quando "The Casul Vacancy" (A vaga acidental) chegar às livrarias. Foto: AFP

Ambientado em um vilarejo imaginário e cheio de intrigas políticas, muito longe do mundo mágico de Harry Potter, o primeiro romance adulto de JK Rowling começa a ser vendido na quinta-feira no Reino Unido, com um sucesso comercial garantido pela demanda popular.

A escritora britânica, que já vendeu mais de 450 milhões de cópias da saga do menino bruxo, cujo último volume foi lançado em 2007, pode contar com seus fãs leais quando "The Casul Vacancy" (A vaga acidental) chegar às livrarias.

Os pedidos antecipados ultrapassam um milhão de cópias e os livreiros britânicos esperam que a ficção se torne a mais vendida do ano.

"É um dos maiores lançamentos do século XXI", disse à AFP Philip Stone, diretor das listas de best-sellers da revista The Bookseller. "Eu acredito que 99,9% de nós (do setor) prevemos que irá diretamente para o número um dos mais vendidos", acrescentou.

A bilionária JK Rowling, de 47 anos, não terá, portanto, nenhum motivo para se preocupar se os críticos não gostarem de sua primeira incursão no romance para adultos.

"Eu sou a escritora mais livre do mundo. Posso fazer o que eu quiser", declarou recentemente ao The Guardian. "Se todo mundo disser, 'bem, é terrivelmente ruim, volte para seus magos', obviamente não darei uma festa, mas vou sobreviver", acrescentou.

A nova editora de Rowling, a Little, Brown, divulgou alguns detalhes do texto, e outros foram comentados pelo seleto grupo de jornalistas que teve acesso ao livro, sob uma segurança semelhante ao do auge da Pottermania.

O romance, que transcorre em Pagford, uma cidade aparentemente idílica no sudoeste da Inglaterra, começa com a morte de um vereador local.

Esta morte faz com que uma parte dos moradores comece a planejar um esquema para encontrar um substituto que simpatize com a sua causa: libertar a classe média da convivência com um sórdido conjunto habitacional.

"Nossa sociedade é extremamente esnobe e este é um bom filão. A classe média é muito engraçada", disse JK Rowling ao Guardian.

O livro, que aborda questões como a dependência de heroína, prostituição, família monoparental e o desejo adolescente, é uma mudança radical em relação aos seus sete romances de fantasia sobre os bruxos adolescente que enfrentam o malvado Voldemort.

"Há algumas coisas que não estão na literatura de fantasia", explicou à revista New Yorker. "Não há sexo entre unicórnios. É uma regra estrita. É de mau gosto".

Mãe de três filhos, hoje JK Rowling é uma loira glamourosa com mansões em Edimburgo e Londres. Sua fortuna é estimada em 560 milhões de libras (907 milhões de dólares), de acordo com o Sunday Times, graças aos oito filmes, parques temáticos, brinquedos e videogames inspirados pela saga.

Mas no início dos anos 1990, quando escreveu seu primeiro romance de Harry Potter em cafés de Edimburgo, era uma mãe solteira, que lutava com a depressão e sobrevivia graças a subvenções públicas com sua filha, fruto de um casamento desastroso com um jornalista português.

Essa experiência foi uma das inspirações para "The Casual Vacancy", assim como ter passado a sua juventude em uma cidade como Pagford.

"Lembrei-me claramente do que é ser uma adolescente, e não foi um momento particularmente feliz da minha vida", contou ao The Guardian. Sua mãe foi diagnosticada com esclerose múltipla quando ela tinha 15 anos e ela sempre teve uma relação difícil com seu pai.

A escritora trabalha agora em dois outros livros para crianças.

O que fará em seguida dependerá do seu modo de transporte, já que Harry Potter nasceu em um trem e "The Casual Vacancy" em um avião.

"Obviamente, eu tenho que estar em algum tipo de veículo para ter uma ideia decente", concluiu.

Extraído do sítio NE10

QUANDO VIER A PRIMAVERA - Fernando Pessoa


Quando vier a Primavera, 
Se eu já estiver morto, 
As flores florirão da mesma maneira 
E as árvores não serão menos verdes que na Primavera passada. 
A realidade não precisa de mim. 

Sinto uma alegria enorme 
Ao pensar que a minha morte não tem importância nenhuma 

Se soubesse que amanhã morria 
E a Primavera era depois de amanhã, 
Morreria contente, porque ela era depois de amanhã. 
Se esse é o seu tempo, quando havia ela de vir senão no seu tempo? 
Gosto que tudo seja real e que tudo esteja certo; 
E gosto porque assim seria, mesmo que eu não gostasse. 
Por isso, se morrer agora, morro contente, 
Porque tudo é real e tudo está certo. 


Podem rezar latim sobre o meu caixão, se quiserem. 
Se quiserem, podem dançar e cantar à roda dele. 
Não tenho preferências para quando já não puder ter preferências. 
O que for, quando for, é que será o que é. 

Alberto Caeiro, um dos heterônimos de Fernando Pessoa
In 'Poemas Inconjuntos'

Extraído do blog Frases, Mensagens e Poesias

Quando vier a Primavera" de Alberto Caeiro from Luis Gaspar on Vimeo.

PONTE DA BR-448 SERÁ FUTURO CARTÃO-POSTAL PARA CANOAS E PORTO ALEGRE


Canoas - Com 268 metros de extensão, a futura ponte estaiada sobre o Rio Gravataí, entre os quilômetros 21,476 e 21,744, promete ser um cartão-postal para Canoas e Porto Alegre até 2013. Integrante das obras da BR-448, a futura Rodovia do Parque, contará com uma estrutura suspensa por cabos em formato de leque.

A estrutura, segundo o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), já conta com 25% dos trabalhos realizados, na margem do rio próxima a Canoas. Do outro lado, conforme o Departamento, já forma as estacas cravadas da fundação da ponte. Demais trabalhos na Rodovia do Parque seguem em andamento, com viadutos em fase finalização em Canoas, nos lotes 2 e 3. 

Obras - Do alto é possível verificar todas as etapas de construção do acesso à ponte, como a cravação de estacas, execução dos blocos de fundação e a concretagem das travessas. Na sequência, seguem os trabalhos de elevação das torres de onde partirão os estais (cabos de aço), que já estão com 42 metros de altura, e sustentarão o tabuleiro da ponte. Com três pistas de rolamento para cada sentido, a ponte estaiada terá 36,4 metros de largura.

Andamento

Conforme o Dnit, o lote 2 (na intersecção da BR-386 até a empresa Bianchini, no bairro Mato Grande) já possui o viaduto da BR-386 concluído. A ponte sobre a vala Mathias Velho está na fase de concretagem e o viaduto da Bianchini com mais de 60% dos serviços executados. Ao mesmo tempo, o viaduto da Bianchini aguarda a execução das juntas de dilatação e acabamento. No trecho que vai da Bianchini, em Canoas, até a BR-290, na Capital (lote 3), o viaduto de acesso a Canoas, segundo o Dnit, resta apenas a realização do acabamento. Na elevada é feita a cravação de estacas de fundação da pista. O viaduto de acesso a BR-290 passa pela conclusão do segundo pilar da estrutura, que fica no canteiro central da rodovia.

Extraído do sítio Diário de Canoas

28 de setembro de 2012

ENSAIO "FERNANDO PESSOA - UMA QUASE-AUTOBIOGRAFIA" GANHA PRÊMIO DA ACADEMIA DE LETRAS

A Academia Brasileira de Letras (ABL) distinguiu o livro “Fernando Pessoa - Uma quase-autobiografia”, de José Paulo Cavalcanti Filho, como “livro do ano”, anunciou hoje a editora portuguesa do autor.

José Paulo Cavalcanti Filho (Rui Gaudêncio)
Marcos Vilaça, ex-presidente da instituição, afirma: “A Academia reconheceu o trabalho de um pesquisador competente e obstinado. É a mais importante biografia de Pessoa, desfazendo equívocos de décadas em torno do homem”, lê-se no sítio da ABL na Internet.

Cavalcanti Filho já recebeu, com esta mesma obra, o Prémio Brasília de Literatura, na categoria Biografia, e está nomeado para o Prémio Jabuti, também na categoria de Biografia.

O prémio “livro do ano” da Academia Brasileira tem o valor de 75 mil reais, cerca de 28.600 euros, e ostenta o nome do senador José Ermírio de Moraes pois foi instituído pela sua família e pela empresa Votorantim, em 1995.

Em declarações à Lusa, ainda antes de saber deste Prémio, José Paulo Cavalcanti Filho afirmou que a obra é fruto de oito anos de investigação e 30 viagens a Portugal.

O autor explicou que decidiu fazer o livro porque tinha vontade de saber coisas sobre o poeta português, sobre as quais ninguém tinha escrito.

“A obra de Pessoa já está bem estudada, mas quem é o homem atrás da obra? Eu sempre quis saber mais sobre Pessoa, mas esse livro que eu queria ler não existia. Então decidi fazê-lo”, contou à Lusa Cavalcanti, que se apaixonou por Pessoa há cerca de 50 anos, quando ouviu pela primeira vez, em 1966, o poema “Tabacaria”, recitado por João Villaret.

“Desde então, é uma paixão que me encanta e oprime”, brincou.

Para o autor, “a (quase) autobiografia”, que em Portugal foi publicada pela Porto Editora, “começou de verdade” quando descobriu que toda a obra do poeta estava baseada em factos de sua própria vida.

“Quando um poeta escreve ‘Se eu casasse com a filha da minha lavadeira, talvez fosse feliz’ é uma imagem recorrente, que quer dizer ‘se tivesse uma vida simples, talvez fosse mais feliz’ em outros [autores], em Pessoa não. Em Pessoa, eu sabia que existia uma lavadeira, chamada Inês, uma filha da lavadeira, chamada Guiomar, e um romance”, explicou.

José Paulo Cavalcanti Filho é advogado, ex-ministro da Justiça do Brasil, consultor do Banco Mundial e da UNESCO. Integra, por nomeação da Presidente do Brasil, Dilma Rousseff, juntamente com outras seis individualidades, a Comissão da Verdade, responsável por investigar os crimes da ditadura militar brasileira.

Extraído do sítio Revista Ípsilon

'CAXIROLA' E APITO INDÍGENA SERÃO INSTRUMENTOS DO BRASIL NA COPA

Instrumentos do Brasil na Copa de 2014 foram apresentados nesta quinta-feira (27)./Foto: Ministério do Esporte
Bem diferente do som da vuvuzela criada pelos africanos na última Copa do Mundo, o instrumento que embalará a torcida no mundial a ser realizado no Brasil em 2014 faz menos barulho. Criado pelo músico Carlinhos Brown, a ‘caxirola’ lembra um chocalho e foi apresentado em solenidade com o ministro do Esporte, Aldo Rebelo, nesta quinta-feira (27).

O instrumento é inspirado no caxixi, que é de origem africana, mas diferentemente do caxixi, que é feito de palha, a caxirola foi feita em plástico e ganhou as cores da bandeira nacional. “Nós acreditamos que poderíamos aproveitar a proposta que foi sugerida pela África do Sul, que era a vuvuzela. Muitos reclamavam que era barulhenta, mas ela prenunciava a oportunidade de o torcedor ter a sua voz. Por isso, dentro do projeto Candeal 2014, nós criamos a caxirola”, contou Carlinhos Brown.

Ao todo, 199 projetos foram analisados pelo governo. Outro projeto ligado a música que também foi credenciado pelo ministério trata do ‘pedhuá’, espécie de apito de origem indígena que deverá ser produzido em grandes quantidades para Copa. Para o idealizador do projeto, Alcedo Medeiros de Araújo, o pedhuá fará uma boa combinação com a caxirola de Carlinhos Brown.

Extraído do sítio Sul21

NOVO QUADRO DE MONA LISA: SENSACIONALISMO OU EQUÍVOCO? - Karina Ivashko

EPA
Uma notícia sensacionalista ou um embuste colossal? Em 27 de setembro os peritos internacionais tencionam divulgar provas de existência de mais uma versão do conhecido quadro Mona Lisa de Leonardo da Vinci, batizada de Isleworth.

Segundo informações publicadas pelo jornal britânico Daily Mail, o quadro seria apresentado pelo famoso xadrezista russo, antigo campeão do Mundo, Anatoli Karpov. No entanto, ele não confirmou a informação, afirmando apesas ter visto o quadro e que ficou fascinado.

Os especialistas do Fundo Mona Lisa fazem questão que a segunda tela seja identificada como autêntica. A Mona Lisa de Isleworth é alegadamente uma primeira variante do retrato pintado por Leonardo em 1503. A ilustre Gioconda de Louv, afirmam, teria sido criada 16 anos mais tarde. A versão prévia parece mais nova e até teria um sorriso mais largo do que o na obra-prima exposta em Louvre.

O fato de terem surgido novas obras do celebre mestre não contém nada de extraordinário, sobretudo, quando se trata de Leonardo da Vinci. Tal opinião dos homens de arte é partilhada por Olga Nazarova.


"Leonardo da Vinci teve sempre um grande número de ajudantes, ou seja, pessoas que participaram no processo criativo. Por isso, durante a vida e após a morte do pintor, foram feitas múltiplas cópias das suas obras. Daí a dificuldade em comprovar a autenticidade do quadro em questão. Seria uma grande tentação obter mais uma obra real que fosse da autoria de Leonardo por razões meramente mercantis. Custa imaginar a fortuna pela qual tal quadro teria sido vendido! Deve-se ainda ter em conta um afã de pesquisadores para os quais descobrir uma obra desconhecida de Leonardo seria o mesmo que encontrar o Cálice Sagrado".

Os métodos da perícia moderna são capazes de descobrir qualquer falsificação. Existem, contudo, situações mais delicadas em que uma obra normal tenha sido feita por um asssitente do pintor, segundo o desenho deste último, ou até em colaboração com o mestre. Na questão da identificação tudo tem grande importância, inclusive as provas documentais, as cartas e, antes de mais, a origem da obra de arte. Em casos ideais é possível seguir o percurso histórico da obra até ao momento de sua criação. Mas tais casos são muito raros. A Mona Lisa de Isleworth veio à tona em meados do século XIX e até 1914 estava guardada em uma chácara de um conhecido aristocrata inglês. Mais tarde, o quadro teria sido adquirido pelo pintor Hugh Blaker que, passados 50 anos, teria vendido ao colecionador norte-americano Henry Pulitser. Foi ele que o qualificou de uma versão prévia do retrato da Gioconda. Tal hipótese foi rejeitada por peritos que acusaram Pulitser de propósitos interesseiros.

E eis que agora a história volta a engendrar o sensacionalismo. O perito da UNESCO, Alexei Lidov, diz não acreditar em milagres.

"A celeuma em torno da Mona Lisa de Isleworth se assemelha, em certa medida, a uma performance de dançarinos no gelo. É mais do que evidente que esta história não tem nada a ver com a arte clássica ou com o Leonardo da Vinci. É, antes de mais nada, uma história sobre as largas somas de dinheiro, pois até agora, segundo peritos, a Madona de Isleworth era uma cópia produzida durante a vida ou após a morte do grande pintor. A diferença entre a cópia e o quadro original se expressa em 100 milhões de dólares, se não for mais ainda. Claro que o alvoroço foi levantado para tirar o máximo proveito da venda".


No ano passado, foi feita mais uma descoberta sem precedentes – veio à luz um quadro da autoria de Michelangelo que, durante séculos, fazia parte de uma coleção particular. Então, seja o que for, vale a pena acreditar em milagres...

Extraído do sítio Voz da Rússia

PRIMAVERA - Augusto dos Anjos

Primavera - Pablo Picasso
Primavera gentil dos meus amores,
- Arca cerúlea de ilusões etéreas,
Chova-te o Céu cintilações sidéreas
E a terra chova no teu seio flores!


Esplende, Primavera, os teus fulgores,
Na auréola azul, dos dias teus risonhos,
Tu que sorveste o fel das minhas dores
E me trouxeste o néctar dos teus sonhos!

Cedo virá, porém, o triste outono,
Os dias voltarão a ser tristonhos
E tu hás de dormir o eterno sono,

Num sepulcro de rosas e de flores,
Arca sagrada de cerúleos sonhos,
Primavera gentil dos meus amores!


Extraído do sítio Perci

PIRÂMIDE EGÍPCIA MAIS ANTIGA PODE DESAPARECER PARA SEMPRE


O Comité de Turismo e Monumentos da União da Juventude Revolucionária do Egito pretende pedir ajuda à UNESCO e está também disposto a entregar ao procurador-geral do país um relatório sobre fatos de violações e corrupção cometidos durante a restauração da pirâmide de Djoser.

O motivo de preocupação foi um incidente que ocorreu há algumas semanas quando, numa das câmaras internas da pirâmide, houve um desmoronamento.

Segundo especialistas, “uma das pirâmides famosas está em risco de colapso total e, se não se intervir a tempo, a humanidade pode perder um monumento da antiguidade único”.

Extraído do sítio IANotícias

MAIOR FEIRA DE EDITORAS INDEPENDENTES DA AMÉRICA LATINA COMEÇOU ONTEM COM INTUITO DE BATER RECORDE DE PÚBLICO - Paulo Virgilio


Rio de Janeiro - A Primavera dos Livros, considerada o maior evento de editoras independentes da América Latina, chega à sua 12ª edição, com a expectativa de superar a marca de 27 mil visitantes obtida no ano passado. De ontem (27) a domingo (30), os jardins do Museu da República, no bairro do Catete, zona sul do Rio, vão abrigar a feira literária que apresenta a produção de mais de 100 editoras de pequeno e médio porte – e sem vínculos com os grandes grupos editoriais – de todo o país. No conjunto, elas são responsáveis por um acervo de 20 mil títulos em catálogo e 2,4 milhões de exemplares impressos por ano.

Organizada pela Liga Brasileira de Editores (Libre), a Primavera dos Livros tem como tema nesta edição Rio: Patrimônio e Plataforma Cultural do País. Para patrono do evento, foi escolhido o economista Carlos Lessa, um reconhecido bibliófilo e detentor de uma das maiores bibliotecas privadas do país.

“Foi uma escolha natural, que surgiu no bojo da discussão sobre a cidade como tema”, diz Cristina Warth, presidente da Libre e responsável pelo evento. “Lessa é profundamente envolvido com a conservação e a restauração de prédios históricos do centro do Rio”, destaca Cristina, que também lembra o apoio do economista, quando presidente do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), às pequenas e médias editoras.

No sábado (29), às 19h, o homenageado participará da mesa-redonda Carlos Lessa: História de Amor aos Livros e ao Rio, juntamente com o historiador Nireu Cavalcanti e o arquiteto Paulo Casé. Várias mesas-redondas estão programadas, como as que vão reunir o historiador francês Roger Chartier e o poeta Afonso Romano de Sant'Anna em torno do tema Leitura: Patrimônio Pessoal, na sexta-feira (28) às 19h, e o escritor Ruy Castro e a antropóloga Mirian Goldenberg, debatendo no sábado (29), às 11h30, Duas Cariocas Notáveis: Carmen Miranda e Leila Diniz.

Os debates, as mesas-redondas e os encontros literários serão realizados no estande da Secretaria Municipal de Cultura, no auditório do Museu da República e na Tenda dos Professores, onde o antropólogo e cientista político Luiz Eduardo Soares e os professores Adair Rocha e Eblin Farage discutirão no sábado, às 17h, o tema “O Rio das UPPs e o Rio da Arte como passaporte para a cidadania plena”. 

No dia seguinte, no mesmo local, às 16h, o Rio de Janeiro como plataforma da contemporaneidade brasileira será tema de um encontro que reunirá a professora e escritora Heloisa Buarque de Hollanda, a produtora cultural Maria Juçá, o radialista Luis Antonio Mello e os músicos Roberto Frejat, Guto Goffi e Márcia Bulcão.

Por ser sediada em local de fácil acesso (há uma estação do metrô próxima), a Primavera dos Livros atrai um grande número de universitários e professores de todos os bairros do Rio. Segundo Cristina Warth, o público do evento não está apenas interessado nos descontos de até 50% oferecidos pelas editoras. “São pessoas interessadas em determinado livro ou tema, nas novidades de uma das editoras. Muitos são de fato leitores de carteirinha”, observa.

A presença de turistas estrangeiros, em sua maior parte jovens, também foi constatada pela presidente da Libre na edição do ano passado. “O Catete é um bairro que possui muitos albergues da juventude e pequenos hotéis e o evento é um atrativo para quem está hospedado na região”, diz.

Outra novidade este ano é o Mundo Ovo, espaço dedicado aos pais de crianças de até 3 anos que abrigará atividades especiais e local para troca de fraldas e amamentação dos bebês. Recitais de poesia e showstambém fazem parte do cardápio do evento.

Com entrada gratuita, a Primavera dos Livros pode ser visitada durante os quatro dias das 10h às 22h. O Museu da República fica na Rua do Catete, 153.

Extraído do sítio Agência Brasil

FERNANDO PESSOA EM DESTAQUE EM LIVRARIA DE PEQUIM


Provando que o poeta português Fernando Pessoa é, cada vez mais, apreciado além-fronteiras, a tradução inglesa d"O Livro do Desassossego", esteve, esta quarta-feira, em destaque em Pequim, numa das mais importantes livrarias internacionais.

A tradução em inglês, cujo título é "The Book of Disquiet", podia ser encontrada logo à entrada da "Page One", livraria na zona oriental de Pequim, com um preço de 102 yuan (cerca de 12,50 euros).

O livro assinado por Bernardo Soares, um dos heterónimos de Fernando Pessoa - que morreu em 1935, com 47 anos - é também uma das raras obras do poeta português já traduzidas para chinês.

Uma destas traduções foi, aliás, feita a partir do inglês por um conhecido romancista chinês, Han Shaogong, e já teve pelo menos cinco edições desde 1999.

Saliente-se que foi na década de 1980, com o patrocínio do Instituto Cultural de Macau, que saíram as primeiras traduções de obras de Fernando Pessoa para chinês. "O Livro do Desassossego" também foi, entretanto, adaptado para o cinema há dois anos, pela mão do realizador João Botelho.

Extraído do sítio Boas Notícias

BASTA APENAS UMA UVA PARA REIMAGINAR OS VINHOS DA CALIFÓRNIA

Uvas trousseau
Kelseyville, Califórnia – Com as temperaturas por aqui muitas vezes alcançando os quarenta graus no verão, a área de Clear Lake, a cerca de uma hora de carro a nordeste da cidade de Healdsburg, na Califórnia, parece quente demais para cultivar uvas. As montanhas Mayacamas bloqueiam as frescas brisas do oceano a oeste; o monte Konocti, um vulcão extinto, assoma a leste; e à noite você consegue ver até um vapor emergindo dos campos geotérmicos em volta de Clear Lake, a segunda maior área geotérmica dos Estados Unidos, depois de Yellowstone.

Ainda assim, Bernie Luchsinger, que vem cultivando uvas aqui desde que chegou do Chile em 1968, vai muito bem. Ele e sua filha, Pilar Luchsinger White, gerenciam a Luchsinger Vineyards, que cultiva a sauvignon blanc para grandes empresas de vinho, junto a outras uvas tintas, incluindo um pouco da trousseau. E, surpreendentemente, é a trousseau, uma obscura uva tinta da região do Jura, na França, que deu aos Luchsinger alguma atenção e cativou um segmento pequeno, porém influente, do comércio de vinhos da Califórnia.

A história da trousseau da Luchsinger Vineyard é um acontecimento na repetida narrativa do sucesso da Califórnia com as grandes uvas de Bordeaux e da Borgonha. Quinze anos atrás, poucas pessoas fora do Jura tinham sequer ouvido falar da trousseau; e, mesmo hoje, ninguém em sã consciência vê a trousseau como uma grande oportunidade comercial para a indústria.

Ainda assim, a faísca de interesse pela trousseau californiana é sinal de que a indústria de vinho desse estado pode evoluir em direções inesperadas, e de que seu passado foi mais complexo do que em geral pensamos.

A primeira indicação de que a Luchsinger Vineyard podia ser digna de atenção veio quando Duncan Arnot Meyers e Nathan Lee Roberts, proprietários da Arnot-Roberts, decidiram que precisavam fazer um vinho trousseau. Eles já produziam vinhos soberbos em equilíbrio e controle e, como muitos na vanguarda da vinicultura, haviam desenvolvido um carinho pelos vinhos do Jura na década passada. O problema era que não conseguiam encontrar uvas trousseau na Califórnia.

"Havíamos ligado a viticultores e viveiros em todo o estado", diz Meyers. "Finalmente, simplesmente digitamos 'trousseau' no Google, e trabalhamos de trás para frente."

A trilha os levou aos Luchsinger que, embora cultivem a uva, jamais haviam provado um vinho feito dela. Em 2001, Luchsinger havia tido uma iluminação: imaginando que os produtores da Califórnia poderiam querer experimentar fazer vinhos mais fortes, ele plantaria dois hectares com cinco das uvas usadas para fazer Vinho do Porto. Por que não? O Vale do Douro, em Portugal, onde são cultivadas as uvas do Porto, também é extremamente quente.

Entre as uvas que escolheu estava a bastardo, uma casta menor para o Porto, que historicamente era usada também no Madeira, e que por acaso era idêntica à trousseau do Jura. Como vieram a saber Meyers e Roberts, o hectare que ele plantou parecia ser o único parreiral na Califórnia dedicado à uva.

Infelizmente, os Luchsinger descobriram que nenhum produtor estava interessado em fazer um fac-símile do Porto. Embora eles conseguissem vender algumas uvas aqui e ali, o primeiro interesse real veio quando a equipe da Arnot-Roberts chegou buscando a trousseau, em 2009.

A primeira safra do trousseau da Arnot-Roberts, embora de quantidade diminuta, imediatamente causou boa impressão entre produtores de vinho que pensavam como eles, buscando alternativas ao recente paradigma californiano de vinhos substanciosos e poderosamente frutados. Como os melhores trousseaus do Jura, o da Arnot-Roberts é um paradoxo. É claro (quase tão claro como um rosé escuro) e de corpo leve, e no entanto é intenso, com uma forte pegada de tanino. É também energético, floral e estimulante, dotado de um amargor amável e refrescante.

"Estou realmente surpreso que o vinho que fazemos aqui seja tão bom", disse Meyers em agosto, de pé no vinhedo, sob um calor escaldante.

O trousseau da Arnot-Roberts estimulou de tal forma a imaginação de seus colegas que outros produtores quiseram fazer os seus próprios. Usando uma muda da Luchsinger Vineyard, Wells Guthrie, da Copain Wines, dedicou mais de um hectare de seu vinhedo no Russian River Valley e planeja acrescentar mais um hectare, e talvez ainda mais, em outro vinhedo no Anderson Valley.

O trousseau do Russian River feito pela Copain em 2011 é um belíssimo vinho, um pouco mais suave e escuro que o da Arnot-Roberts, mas terroso, com uma cama de sabores minerais. Guthrie levou algumas garrafas a um evento de comidas e vinhos em Nashville, e disse que foi um grande sucesso.

"As pessoas querem algo fora do conhecido", disse ele. "Não vamos dominar o mundo com os trousseau."

Tegan Passalaqua, vinicultor da Turley Cellars e destacado estudioso dos antigos vinhedos da Califórnia, usou mudas de Luchsinger no ano passado para enxertar em mais de meio hectare de merlot em terreno de cascalho no Bohan Vineyard, na costa de Sonoma.

"Eu já recebi ligações de cerca de quarenta pessoas perguntando se vendo as uvas", disse ele. "Assim que a notícia correu, as pessoas começaram a ligar."

Rod Smith, há muito tempo crítico de vinhos na Califórnia, e sua esposa, Catherine Bartolomei, sócia do Farmhouse Inn and Restaurant no Russian River Valley, plantaram um pequeno parreiral de trousseau em seu Lost & Found Vineyard. No alto do vale do Willamette, no estado do Oregon, Jason Lett, do Eyrie Vineyards, também plantou trousseau. Deve levar alguns anos até que esses vinhedos produzam uma safra passível de comercialização.

Mesmo assim, se reuníssemos toda a uva trousseau da Costa Oeste, ainda seriam alguns poucos hectares, produzindo muito pouco vinho. Nem por isso deixa de representar bem mais que um punhado de garrafas. Durante séculos, a cultura vinícola da Europa se desenvolveu localmente, uma vez que cada vila e cada vale faziam experimentos com uvas, determinando o que crescia melhor em suas regiões. A indústria do vinho dos Estados Unidos, contudo, se desenvolveu numa economia global, com um pequeno número de uvas repetido em todas as regiões, em geral por razões comerciais. É empolgante imaginar como seria a paisagem vinícola caso as seleções de uvas tivessem evoluído mais organicamente.

"Me decepciono sempre em ver todo mundo sempre trabalhando com as mesmas uvas", disse Smith, que vem observando a indústria de vinhos da Califórnia há trinta anos. "Esse tipo de exploração não é simplesmente divertido, ele está levando de fato a um futuro diferente, e vai dar outro aspecto à indústria vinícola da Califórnia."

Sendo ou não parte do futuro da Califórnia, a trousseau certamente foi parte de seu passado. Agora que teve alguma experiência com a uva, Passalaqua conta perceber ter visto a uva repetidamente entre os parreirais mistos de uva zinfandel que caracterizam os antigos vinhedos do vale Napa como o quais trabalha para a Turley Wines.

"O Hayne Vineyard tem bastante e, hoje, isso realmente me impressiona", diz ele. "O Moore Earthquake Vineyard tinha um parreiral que tinha um quarto de trousseau. Passalaqua menciona também o Library Vineyard no Napa, e o Fredericks Vineyard, em Sonoma, entre aqueles que têm vinhas que podem ser identificadas como trousseau.

Segundo Passalaqua, a uva surgiu nos anos 1860, na Jackson Research Station, um dos muitos centros de pesquisa em agricultura do estado. Agora, com as uvas que está cultivando, ele e sua esposa, Olivia, farão um pouco de vinho, e ele venderá algumas das uvas à Arnot-Roberts.

"Eu os admiro por terem a coragem de fazer isso", disse. "O vinho deles foi o primeiro que considero de nível mundial. Eles abriram a porta para quem quiser fazer."

Extraído do sítio R7