Na primeira noite da 31ª Semana Literária do Sesc, o escritor gaúcho João Gilberto Noll e o jornalista e escritor curitibano Luiz Henrique Pellanda participaram da mesa-redonda “Marca Contemporânea” debatendo a situação da literatura brasileira nos tempos de hoje; além de contaram um pouco do processo de escrita de suas respectivas obras. A mediação foi de Maria Inês Guiné.
Autor de livros de contos (“Macaco ornamental”) e crônicas (“Nós passaremos em branco”), Pellanda conta que sua entrada na carreira literária começou já na adolescência, pela poesia. Logo, percebeu que a forma poética não era o melhor caminho. Por isso, enveredou pela prosa, escolhendo a forma breve do conto e da crônica.
Ele discorda da opinião corrente de que a crônica se resume a um registro temporal. “A crônica passa pela subjetividade do escritor. Quando escrevo uma crônica, o personagem passa a ser eu”, define.
Por isso, Pellanda acha difícil, na posição de autor, se distanciar de sua própria escrita para formar outros personagens.
Compartilhando de opinião parecida, Noll afirma que a literatura “arranca” algo da experiência humana para construir seus mundos. “Mas não é uma cópia do real”, explica.
Segundo o autor gaúcho, sua obra pode ser definida como uma “literatura da subjetividade”, pois o ser filtra a experiência. “A literatura levanta o ‘tapete’ da sociedade, onde escondemos aquilo que não queremos ver, e mostra tudo”.
Com mais de 13 livros em sua carreira, Noll acrescenta que ele acabou de descobrir que o personagem principal de sua obra ficcional sempre é o mesmo cara em crise, buscando sua identidade. Segundo ele, esse personagem não é autobiográfico, mas habita nele.
Marca contemporânea
A possível existência de um estilo na literatura brasileira contemporânea foi um dos temas abordado pelos escritores.
Relatando sua experiência como colunista e subeditor do jornal literário Rascunho, que já completou 12 anos de história no Brasil, Pellanda diz que não existe uma “marca” única para a literatura produzida atualmente no país. O que ele identifica são algumas características em comum, como é o caso, por exemplo, da preocupação de escritores em atender os interesses do mercado.
“É o que eu chamaria de uma literatura de gênero ou enredo: obras que privilegiam a ação narrativa em detrimento do trabalho com a linguagem. É uma necessidade de ser lido”, diz Pellanda.
Em seu entender, isso prejudica a diversidade de estilos e obras, principalmente porque, para o escritor curitibano, o mais importante numa obra não é “contar uma história”, e sim em como contá-la.
Noll lamenta a situação, dizendo que não é positiva a predominância de uma literatura uniformizada.
Extraído do sítio Diário de Guarapuava
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