28 de setembro de 2012

NOVO QUADRO DE MONA LISA: SENSACIONALISMO OU EQUÍVOCO? - Karina Ivashko

EPA
Uma notícia sensacionalista ou um embuste colossal? Em 27 de setembro os peritos internacionais tencionam divulgar provas de existência de mais uma versão do conhecido quadro Mona Lisa de Leonardo da Vinci, batizada de Isleworth.

Segundo informações publicadas pelo jornal britânico Daily Mail, o quadro seria apresentado pelo famoso xadrezista russo, antigo campeão do Mundo, Anatoli Karpov. No entanto, ele não confirmou a informação, afirmando apesas ter visto o quadro e que ficou fascinado.

Os especialistas do Fundo Mona Lisa fazem questão que a segunda tela seja identificada como autêntica. A Mona Lisa de Isleworth é alegadamente uma primeira variante do retrato pintado por Leonardo em 1503. A ilustre Gioconda de Louv, afirmam, teria sido criada 16 anos mais tarde. A versão prévia parece mais nova e até teria um sorriso mais largo do que o na obra-prima exposta em Louvre.

O fato de terem surgido novas obras do celebre mestre não contém nada de extraordinário, sobretudo, quando se trata de Leonardo da Vinci. Tal opinião dos homens de arte é partilhada por Olga Nazarova.


"Leonardo da Vinci teve sempre um grande número de ajudantes, ou seja, pessoas que participaram no processo criativo. Por isso, durante a vida e após a morte do pintor, foram feitas múltiplas cópias das suas obras. Daí a dificuldade em comprovar a autenticidade do quadro em questão. Seria uma grande tentação obter mais uma obra real que fosse da autoria de Leonardo por razões meramente mercantis. Custa imaginar a fortuna pela qual tal quadro teria sido vendido! Deve-se ainda ter em conta um afã de pesquisadores para os quais descobrir uma obra desconhecida de Leonardo seria o mesmo que encontrar o Cálice Sagrado".

Os métodos da perícia moderna são capazes de descobrir qualquer falsificação. Existem, contudo, situações mais delicadas em que uma obra normal tenha sido feita por um asssitente do pintor, segundo o desenho deste último, ou até em colaboração com o mestre. Na questão da identificação tudo tem grande importância, inclusive as provas documentais, as cartas e, antes de mais, a origem da obra de arte. Em casos ideais é possível seguir o percurso histórico da obra até ao momento de sua criação. Mas tais casos são muito raros. A Mona Lisa de Isleworth veio à tona em meados do século XIX e até 1914 estava guardada em uma chácara de um conhecido aristocrata inglês. Mais tarde, o quadro teria sido adquirido pelo pintor Hugh Blaker que, passados 50 anos, teria vendido ao colecionador norte-americano Henry Pulitser. Foi ele que o qualificou de uma versão prévia do retrato da Gioconda. Tal hipótese foi rejeitada por peritos que acusaram Pulitser de propósitos interesseiros.

E eis que agora a história volta a engendrar o sensacionalismo. O perito da UNESCO, Alexei Lidov, diz não acreditar em milagres.

"A celeuma em torno da Mona Lisa de Isleworth se assemelha, em certa medida, a uma performance de dançarinos no gelo. É mais do que evidente que esta história não tem nada a ver com a arte clássica ou com o Leonardo da Vinci. É, antes de mais nada, uma história sobre as largas somas de dinheiro, pois até agora, segundo peritos, a Madona de Isleworth era uma cópia produzida durante a vida ou após a morte do grande pintor. A diferença entre a cópia e o quadro original se expressa em 100 milhões de dólares, se não for mais ainda. Claro que o alvoroço foi levantado para tirar o máximo proveito da venda".


No ano passado, foi feita mais uma descoberta sem precedentes – veio à luz um quadro da autoria de Michelangelo que, durante séculos, fazia parte de uma coleção particular. Então, seja o que for, vale a pena acreditar em milagres...

Extraído do sítio Voz da Rússia

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