18 de setembro de 2012

UM REGRESSO A CASA 100 ANOS DEPOIS - Tatiana Zavialova

RIA Novosti
Foi inaugurada na Galeria Tretiakov, em Moscou, uma exposição do Museu Nacional da Venezuela, denominada Encontro. Nikolai Ferdinandov e Armando Reverón. Ambos são pintores venezuelanos famosos. O primeiro foi representante da vanguarda russa e o segundo – um clássico nacional da Venezuela.

Na Rússia ninguém conhece o decorador, arquiteto e pintor Nikolai Ferdinandov, os seus quadros não existem nos museus russos, no entanto ele é um dos artistas russos que, no início do século XX, criaram a arte nova. Os seus companheiros de exposição foram Goncharova, Malevich e muitos outros pintores que depois constituíram a fina flor da vanguarda russa. Mas Ferdinandov não é recordado entre eles.

A obra do artista viria a influenciar a arte de um país completamente diferente. Ao abandonar a Rússia em 1915, Nikolai Ferdinandov radicou-se na Venezuela e tornou-se num dos maiores mestres desse país latino-americano.

Cada emigrante tem as suas razões para abandonar o seu país natal. Nikolai Ferdinandov não queria combater nas frentes da Primeira Guerra Mundial. Primeiro ele foi para Nova Iorque e aí se dedicou à arte da joalharia. Isso não é de estranhar, pois ele era um mestre dos sete ofícios!

Nessa altura, a Venezuela, que ele visitou para comprar pérolas, entrou na sua esfera de interesses. Nikolai Ferdinandov viveu bastante tempo na costa do Mar das Caraíbas, construiu um estúdio sobre estacas parecido com uma casa com patas de galinha dos contos russos, onde pintava os seus quadros. O tema das suas obras era o mar, o mundo subaquático e a riqueza da floresta tropical. Os jogos de luz e sombra atraiam Ferdinandov tanto quanto os jogos de cores.

Em 1920, Ferdinandov mudou-se definitivamente para a Venezuela, onde rapidamente mergulhou no centro da vida cultural da capital venezuelana. O seu apartamento de Caracas transformou-se numa espécie de salão de jovens pintores e escritores. Ele organizava exposições coletivas, concertos, eventos. Com cada vez maior frequência ele era chamado de El Ruso.

Foi quando apareceu na sua vida o seu fiel amigo e seguidor Armando Reverón, que décadas depois se tornará no orgulho da Venezuela. Os venezuelanos comemoram o Dia do Pintor precisamente no dia do seu aniversário.

Na Venezuela, o nome de Nikolai Ferdinandov está em todas as enciclopédias de arte, sobre a sua vida foi escrito o romance O Estrangeiro. Por que foi o pintor esquecido na Rússia? Por que razão a sua herança artística não foi estudada até ao fim? A comissária da exposição Anna Mapolia partilhou alguns pormenores com A Voz da Rússia:

"Todas as obras conhecidas de Ferdinandov estão conservadas na Galeria de Arte Nacional da Venezuela. Ele produziu um grande volume de pinturas, mais de cem, que ele queria, ainda em vida, expor na Europa e na sua pátria, na Rússia. Ele morreu tragicamente em 1925 e a sua jovem esposa, com as duas filhas, mudou-se para a Europa. Foi assim que muitos dos seus quadros apareceram em França onde, segundo consta, terão desaparecido num dos bombardeamentos da Segunda Guerra Mundial. Contudo, conseguiu-se descobrir uma dessas obras. Trata-se de um mosaico que se encontra agora no Líbano, no Museu Amin Rihani.”

A probabilidade de os quadros de Nikolai Ferdinandov se encontrarem em coleções privadas é bastante mais elevada. Talvez depois da exposição de Moscou, que é acompanhada de um belo catálogo, se encontrem mais obras deste notável pintor russo.

Extraído do sítio Voz da Rússia

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Os comentários serão moderados. Não serão mais publicados os de anônimos.