17 de setembro de 2012

VOCÊ TEM A PUREZA DO LÓTUS, A FORÇA DA AMEIXA E O ESPÍRITO DE JADE? - Luís Fernando Novaes

Liu Yuxi (772-842) foi um político e poeta chinês. (Wikimedia)
Por gerações, os chineses foram ensinados com metáforas que refletem estados emocionais ou espirituais para forjar a cultura do povo

A cultura tradicional chinesa, que se acredita ter sido um legado dos deuses aos seres humanos, é um recurso espiritual infinito para todas as gerações, uma fonte de conhecimento capaz de dotar com os significados mais profundos a literatura, a música, a pintura, a caligrafia, e todos os tipos de arte.

A cultura chinesa é profunda e tem uma longa história. No que diz respeito a sua compreensão do universo e da vida, ela enfatiza a harmonia entre o céu e a Terra, apresentando a moralidade como condição necessária para alcançar a harmonia entre a natureza e a humanidade. Por isto, os chineses adoraram o céu e prestaram atenção à virtude por milênios.

O profundo significado da visão tradicional da antiga China só pode ser entendido e vivenciado mediante a elevação moral e espiritual oferecida pelos caminhos espirituais do taoísmo, com sua ênfase na “verdade”, do budismo, que enfatiza a “compaixão”, e do confucionismo, com sua pregação de “benevolência, retidão, moralidade, sabedoria e honestidade”.

Por isto, os ensinamentos do confucionismo, do budismo e do taoísmo são conhecidos como o coração da cultura tradicional chinesa, da qual emergem os princípios éticos, valores morais, rituais, estilos de vida, costumes, hábitos, e até o desenvolvimento científico e social, que formaram a cosmovisão do povo chinês desde o seu início remoto.

Por gerações, os chineses foram ensinados com metáforas que refletem estados emocionais ou espirituais, tais como quando falam do bambu querendo simbolizar a integridade, ou da ameixa tratando-se da dignidade. O jade representa o caráter nobre de um cavalheiro, e reflete a admiração do povo pela grande virtude, como também a esperança de melhorar o caráter humano. Os chineses geralmente se referem à flor de lótus para representar um estado de pureza, pois esta planta mística cresce na lama, sem ser contaminada, emergindo pura e delicadamente em direção à superfície.

Quando florescem as flores de ameixeira no frio e rigoroso inverno, aparece no povo chinês um sentimento de alegria e muita emoção, é um sinal de que a primavera vai chegar em breve. A flor de ameixa é elegante, pura e bela, sua fragrância agradável vai muito longe, penetrando nos corações das pessoas com seu aroma doce. Em meio a fortes chuvas e neve, sua força persistente motiva as pessoas a avançar, e renova as esperanças depois de um inverno longo e difícil.

Muitas vezes, as celebridades e as personalidades mais virtuosas da antiga sociedade chinesa foram comparadas, por suas características similares, à flor de ameixa. Por exemplo, Tao Yuanming (372-427) foi um escritor chinês que persistiu na sua dignidade e não se rendeu à fama e interesses pessoais. Zhuge Liang (181-234), como um estrategista e conselheiro do reino de Shu, manteve a sua lucidez e alcançou grandes aspirações. Liu Yuxi (772-842) foi um filósofo e poeta que manteve o mundo inteiro em sua mente apesar de residir num quarto humilde e frio. Lu You (1125-1209) foi um funcionário do governo que foi rebaixado de cargo várias vezes, mas sempre manteve sua lealdade à nação, bem como, sendo um poeta por toda a sua vida, fez elogios às flores de ameixeira, considerando que estava forjando o caráter de uma flor de ameixa.

Algumas pessoas também são comparadas ao jade, porque seus atributos são um elemento valioso na cultura tradicional chinesa. O jade representa os valores e o espírito da cultura tradicional chinesa e seus atributos são usados como uma metáfora para a virtude de um cavalheiro.

Confúcio disse certa vez, “um cavalheiro valoriza a virtude como o jade”, e “o jade acompanha o homem virtuoso; sem motivos excepcionais, o jade não deve separar-se do homem”. O jade tem cinco características: é liso e brilhante, o que representa benevolência. É afiado, porém não ferirá os outros, o que representa a retidão. Quando o jade é pendurado na parede, representa boas maneiras. Todo jade é sólido e denso, o que representa a sabedoria. É colorido, mas claro de seu interior até seu exterior, que é a honestidade. Desta maneira se estabeleceu a conexão entre o jade e um cavalheiro, e foi utilizado para disciplinar os estudiosos e os oficiais. O confucionismo foi representado como o jade, tendo a característica de benevolência, retidão, boas maneiras, sabedoria e honestidade.

A cor do jade vai de transparente a opaco, como o céu, o que representa a nobreza, a pureza e o caráter pacífico de um cavalheiro. Os defeitos também são fáceis de ver, como a fraquezas de um cavalheiro, que não esconde suas falhas. Além disto, a beleza do jade pode ser vista de qualquer ângulo, da mesma forma que a integridade e a persistência na virtude de um cavalheiro, que não faz coisas erradas, mesmo que ninguém esteja olhando. Não só a cor do jade corresponde ao céu, como seu significado também é consistente com a forma do céu.

Em outras palavras, o jade pode harmonizar muitas coisas, assim como a virtude de um cavalheiro pode ajudar aqueles que o rodeiam. Todos os chineses gostam do belo jade, porque a grande virtude representa o Tao e é respeitada em todas as partes.

Durante a história da China, os homens sábios e virtuosos que procuraram conformar-se ao caminho celestial, sempre usaram os exemplos do jade, das flores de lótus e da ameixa para educar o povo. Confúcio passou sua vida ensinando as pessoas a serem puras, benevolentes, e perseverarem apesar das tribulações.

Do ponto de vista de uma cultura milenar, a força dos valores morais e as crenças tradicionais podem pôr fim a um mundo de diferenças e conflitos, e proporcionar uma paz mais profunda. Diante de um mundo caótico, esta força pode permitir que as pessoas tenham em sua mente um pedaço de terra pura onde manter a paz, encontrar a integração do homem com a natureza e se reconectar com a beleza da harmonia e dos valores da vida.

Extraído do sítio The Epoch Times

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