20 de outubro de 2012

100 ANOS DE LUIZ GONZAGA

Luiz Gonzaga

Num tempo em que a produção artística era focada no eixo sul–sudeste, coube a uma voz acompanhada de sanfona amolecer a aridez e hostilidade da caatinga em forma de música. Luiz Gonzaga detinha a arte de inserir melodia em enredos sobre a condição desfavorável da terra onde nasceu. Em 2012, o Brasil comemora 100 anos de nascimento de Luiz Gonzaga e celebra o legado deixado por um dos maiores ícones da história artística brasileira.

Não sem consistentes motivos, a obra de Gonzaga é lembrada mesmo após 23 anos de sua morte. As suas músicas lideram rankings das mais tocadas até hoje. Acrescentam-se o ineditismo; a forma como ele conseguiu representar através de um estilo a cultura, os costumes, o jeito de seu povo. Causou revolução no imaginário brasileiro quanto ao nordeste, aproveitando o bom momento dos meios de comunicação à época e apresentando o sertão como um dos vários "brasis”.

Gonzaga influenciou o nordeste, ou o nordeste influenciou Gonzaga? Quando você percebe que muita gente ainda se perde ao responder a pergunta, é sinal do quão importante foi sua existência para a formação cultural e identidade nacional. Gonzagão e sertão confundem-se.

História

Luiz Gonzaga do Nascimento nasceu em 13 de dezembro de 1912 na cidade de Exu, em Pernambuco, filho dos lavradores Januário José Santos e Ana Batista de Jesus, esta mais conhecida como Santana. Ainda na infância, Luiz costumava ajudar o seu pai tocando zabumba em festas pela região, pegando desde cedo o gosto pela coisa.

O amor chegou ao coração de Luiz Gonzaga causando-lhe alguns problemas. Aos 18 anos, seus pais descobriram que ele estava se envolvendo com a filha de um coronel da cidade, que dele não gostava. A surra foi grande. A tristeza por não se casar com Nazarena levou Luiz a fugir de casa e se alistar no exército em Crato, no Ceará. Após um tempo viajando pelo país como corneteiro do exército, deu baixa e foi para o Rio de Janeiro.

"Eu vou mostrar pra vocês/Como se dança o baião/E quem quiser aprender/É favor prestar atenção”. Chegando na capital fluminense, não demorou muito para Gonzaga se tornar Gonzagão e popularizar o forró, o xote e o baião, ritmos que até hoje têm nele como precursor.

No sudeste, o inventivo cantor já era considerado o maior representante da música nordestina no país, com sucessos que começavam a ganhar o mundo. O crescimento mais vertiginoso aconteceu quando foi contratado pela Rádio Nacional do Rio de Janeiro, permitindo a ele alcance e destaque ainda maiores. Através de sua obra, os brasileiros redescobriam o nordeste em ritmo e melodias que traziam a significação sertaneja de uma maneira nova. Gonzaga não deixava de tratar dos problemas enfrentados pelos seus conterrâneos, mas dava-lhes roupagem pura e singela. Era um retrato poético de uma realidade sofrida, muitas vezes em versos temperados com esperança e saudade, como retratado em ‘Asa Branca’.

E foi justamente a saudade que fez Luiz Gonzaga voltar para o sertão. O motivo era uma visita à sua família, que continuava morando em Exu desde que ele fugiu de casa. O resultado do encontro com seus pais, Januário e Santana, rendeu a famosa música ‘Respeita Januário’. "Luiz respeita Januário / Luiz, tu pode ser famoso, mas teu pai é mais tinhoso e com ele ninguém vai, Luiz / Respeita os oito baixo de seu pai”. Essa e outras estórias são contadas no programa De Lá Pra Cá, da TV Brasil.


Assista à segunda e terceira partes do programa De Lá Pra Cá especial sobre Luiz Gonzaga.


Gonzagão também teve um filho, popularmente conhecido como Gonzaguinha. A relação entre os dois durante a infância do menino não foi das melhores. A amizade foi de fato firmada quando Gonzaguinha resolveu seguir os passos do pai e também se tornou músico. Eles chegaram inclusive a fazer juntos uma turnê pelo Brasil. A história de Gonzagão e Gonzaguinha foi tema do programa Musicograma, também da TV Brasil.

Luiz Gonzaga morreu em Recife, em 2 de agosto de 1989. Foram cerca de 60 anos de carreira, 1.538 gravações de 633 canções, que incluíram parcerias como a de Humberto Teixeira. Vira figura mítica mesmo depois de morto, com repertório que até hoje figura entre os principais registros da música brasileira.

* [Com informações de Allan Walbert – EBC].

Extraído do sítio ADITAL

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