17 de outubro de 2012

A LITERATURA BRASILEIRA VAI BEM, O LEITOR É QUE VAI MAL, DIZ MENALTON BRAFF DURANTE O VIAGEM LITERÁRIA

Escritor Menalton Braff falou sobre a arte da escrita e mercado editorial.

"A necessidade de dizer é o que motiva o escritor" (sobre a vocação literária). 

"O escritor tem a obrigação de viver; senão ele se estiola" (sobre a responsabilidade social do escritor).

"A literatura brasileira vai bem. O leitor é que vai mal" (sobre o mercado editorial brasileiro).

"Uma biblioteca é um templo. Um tabernáculo" (sobre o local em que fazia a palestra). 

As opiniões são do escritor gaúcho Menalton Braff, durante sua participação no projeto Viagem Literária na manhã desta terça-feira, dia 16, na Biblioteca Municipal. Durante cerca de duas horas, Menalton, vencedor em 2000 da maior láurea literaria brasileira, o Prêmio Jabuti, com o livro de contos "À sombra do cipreste", falou de sua vida, sua obra, sobre o fazer literário e, de maneira simpática, às vezes didática e quase sempre bem humorada, respondeu a perguntas do público.

Ao explicar porque entende que a literatura brasileira vai bem e mal o leitor, Menalton citou estatísticas sobre o mercado editorial, dando conta que, hoje, no Brasil, é publicado, em média, 1,9 livro por pessoa, por ano, contra 16 livros por pessoa em países bem menores como a Suécia. Destacou, ainda, o fato de, na média nacional de oferta de livros, estarem incluídos todos os tipos de publicações, de autoajuda a livros didáticos, tendo as obras literárias, consideradas arte ("que é uma necesidade de expressão e não existe para fazer a cabeça de ninguém", acrescentou), uma participação bem pequena.

Mesmo assim, considera-se um otimista "não ingênuo" quanto ao futuro da literatura no País. "Há poucos anos, 60% da população brasileira era composta por analfabetos. Hoje tais números diminuiram muito. Observa-se um grande empenho no estímulo e formação de novos leitores e cito, como exemplo, este projeto, Viagem Literária.

Além disso, nunca vi tanto esforço, nas escolas, para se colocar livros nas mãos dos estudantes".

Menalton aprendeu a ler sozinho aos cinco anos de idade, na cidade gaúcha de Taquara, onde nasceu, vendo o pai ensinar a irmã, um ano mais velha que ele. "Ele ensinava mostrando um texto e isso me despertou o interesse por narrativas". O primeiro livro que leu, na mesma época, foi uma edição em quadrinhos de "O Guarani", de José, de Alencar, o que, segundo afirmou, despertou sua vocação pela escrita. "Se gosto tanto de narrativas, por que não vou inventar as minhas?, perguntei a mim mesmo na ocasião. E não parei mais de escrever histórias".

Hoje, 19 livros livros depois - entre coletâneas de contos, romances, histórias infantojuvenis - além de prêmios literários, Menalton que é, também, professor de Literatura Brasileira, continua em grande atividade. Acaba de lançar o romance "O casarão da rua do Rosário", onde procura mostrar como a situação política nacional pode influenciar na vida de uma família. 

Diz que não tem uma temática única para suas obras, mas preocupa-se em evidenciar, nelas, como o que fatos externos ao indivíduo podem influir em seu comportamento. O projeto "Viagem Literária" é promovido pela Secretaria de Cultura do Governo do Estado e está em sua quinta edição. Ao apresentar o escritor Menalton Braff, o secretário municipal de Cultura, Welington Borges, destacou a importância do evento por proporcionar o contato direto entre os escritores e leitores. 

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