15 de outubro de 2012

ARTISTA AI WEIWEI ATACA NOBEL DE LITERATURA: "É QUASE INTOLERÁVEL"

O Nobel de Literatura para o escritor chinês Mo Yan é "no mínimo, insensível", disse o artista plástico chinês Ai Weiwei ao jornal português "Público" nesta quinta (11).

"Dar este prêmio a um escritor que conscientemente se dissociou das lutas políticas da China de hoje? Acho que é quase intolerável", declarou o artista, que foi detido em abril de 2011 e passou 81 dias na prisão. Também foi condenado a pagar multa de 15 milhões de iuanes (cerca de R$ 4,8 milhões) por evasão fiscal - e está proibido de deixar o país.

"Como separar um escritor de ser também um intelectual moderno, que respeite os valores universais de direitos humanos e liberdade de pensamento e discurso?" Estas "são qualidades inevitáveis de um bom escritor", diz Ai Weiwei.

O artista chinês Ai Weiwei na área externa de seu estúdio, no dia em que foi condenado por evasão fiscal. Petar Kujundzic - 20.jul.12/Reuters

À agência de notícias Efe, o artista plástico disse que Mo Yan é "parte do sistema", mas admitiu que nunca leu nenhuma obra do compatriota. Para Ai Weiwei, a insensibilidade da Academia Sueca está em dar o prêmio a Mo, enquanto o Nobel da Paz de 2010, Liu Xiaobo, está preso.

A organização Chinese Human Rights Defenders aproveitou o anúncio do prêmio nesta quinta para pedir a libertação do Nobel da Paz e de sua mulher, mantida em prisão domiciliar. A premiação de Liu Xiaobo, há dois anos, foi classificada como "blasfêmia" por Pequim, enquanto jornais e redes de TV oficiais saudaram calorosamente o Nobel de Mo Yan.

Em algumas menções oficiais, Mo é citado como "primeiro e único Nobel de Literatura chinês" - em referência velada ao premiado de 2000, Gao Xingjian, nascido na China mas naturalizado francês e crítico do regime chinês.

"O país está numa posição difícil, já que está tentando criar uma identidade para mostrar ao mundo", diz Ai Weiwei. "Para isso, precisam de representantes."

Extraído do sítio Folha de S.Paulo

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