25 de outubro de 2012

NA MEMÓRIA DO MUNDO - Alice Melo

Coleção Carlos Gomes, do Museu Imperial, ganha título da Unesco. Acervo, que está completo na internet, conta com fotografias, gravuras, documentos e uma partitura do maestro e compositor.

Acervo Museu Imperial de Petrópolis
Maestro na época do Império, o paulista Antônio Carlos Gomes (1836-1896) estudou música na Europa, financiado por D. Pedro II. Grato ao monarca, o mais importante compositor de ópera das Américas retribuiu o mecenato com lealdade: quando a família real seguiu para o exílio, Nhô Tonico, como era conhecido no início da carreira, rejeitou compor o hino da República, postura que lhe fechou várias portas. Carlos Gomes morreu no Pará, em dificuldades financeiras. Não é à toa, portanto, que seu acervo tenha sido doado pela filha ao Museu Imperial, anos após sua morte, já na década de 1940. Recentemente, a Coleção Carlos Gomes pertencente à instituição recebeu o Registro Nacional do Programa Memória do Mundo da Unesco, por sua importância para cultura brasileira.

“Os documentos constituem-se em boas fontes para o resgate da figura do maestro e registram não apenas aspectos que dizem respeito à história da música brasileira e mundial, mas às mudanças da segunda metade do século XIX e a passagem para o século XX”, destaca a arquivista Thais Martins, pesquisadora do museu. Segundo ela, o título da Unesco garante mais visibilidade à coleção e facilita a implementação de políticas de preservação e acesso à documentação, que, por sinal, já está digitalizada e disponível ao público na internet. “O maestro passou à história como um intelectual e apreciador das artes, sendo considerado o maior compositor operístico das Américas no século XIX”.

A coleção é formada por 285 itens, incluindo fotografias, gravuras, desenhos, livros, e uma partitura – as outras (em sua maioria) estão sob guarda da Divisão de Música da Biblioteca Nacional. Entre as raridades da coleção, destaca-se um álbum de recordações que possui mensagens de grandes nomes da época, como um desenho de Pedro Américo, um desenho e uma poesia de Victor Meirelles e uma dedicatória de Manuel Araujo Porto Alegre. Algumas pinturas que retrataram cenas da época da ópera Il Guarany, em aquarelas de Carlo Ferrario, cenógrafo do Teatro alla Scala de Milão, Itália. Objetos pessoais do maestro, como seu piano, também compõe a coleção, mas não entraram na lista da Unesco, já que o prêmio só é concedido a conjunto de documentos.

O que é o Memória do Mundo?

Criado pela Unesco em 1992, o Programa Memória do Mundo tem o intuito de despertar a consciência coletiva sobre a importância da preservação da documentação histórica. Durante o período, especialistas do mundo inteiro começaram a discutir o lamentável estado de conservação do patrimônio documental e do deficiente acesso a ele. Tornar coleções conhecidas ajuda a preservá-las.

O programa, assim, é composto por três registros – nacional, regional e internacional –, concedidos de acordo com a abrangência da importância da documentação. Todos os registros são equivalentes, para documentos, ao título de Patrimônio da Humanidade, que é concedido pela Unesco a patrimônios arquitetônicos.

O Museu Imperial tem outro Registro Nacional, recebido em 2010 ao conjunto que reúne documentos sobre as viagens de d. Pedro II, como diários, correspondências e notícias de jornais.

Extraído do sítio Revista de História

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