16 de outubro de 2012

TRINTA E SETE INSTITUIÇÕES BRASILEIRAS GANHAM DESTAQUE EM LIVRO QUE RESSALTA A RIQUEZA DOS MUSEUS DO PAÍS - Walter Sebastião

MUSEUS DO BRASIL - Empresa das Artes 222 páginas, R$ 130 (preço sugerido)

Frustrado em constatar que os museus brasileiros não têm o público que merecem, o editor Fábio Ávila lançou um caprichado guia dessas instituições. “Neste país, não se faz esforço no sentido de desenvolver o turismo cultural”, critica ele.

Ávila alerta que o país tem museus espetaculares. “Se trabalhados de maneira motivante, eles são capazes de atrair jovens, adultos e até crianças”, afirma o responsável pelo lançamento do livro Museus do Brasil (Empresa das Artes).

Conduzido por fotografias de Fábio Knoll, o leitor “passeia” por 37 entidades instaladas em várias partes do país. “Nossa ideia é sensibilizar pela beleza plástica para, mais tarde, fazer um grande guia”, explica o editor. “As instituições incluídas nesse livro são imperdíveis, foram escolhidas a dedo. Mas todos os museus são importantes, não se pode desvalorizar nenhum deles”, acrescenta Fábio Ávila.

Há cerca de 2,4 mil instituições museológicas no país. Minas Gerais está bem representada no livro, com cinco. As imagens publicadas vêm dos museus de Artes e Ofícios, de Ciências Naturais da PUC Minas, do Oratório e da Inconfidência, além do Instituto Inhotim. Número modesto, mas que pontua a excelência da atuação do estado, além de abranger amplo arco de tempo e interesses – há acervos dos tempos antigos ao mundo contemporâneo.

O livro revela algo que se vem tornando evidente: os museus têm caprichado em ações, programação, reformas e projetos de ampliação. É visível o esforço dessas instituições para atrair público.

Infância

Fábio Ávila conta ter adorado o que viu em Minas – especialmente o Museu de Artes e Ofícios, que funciona em Belo Horizonte. “O que encontrei ali me levou de volta à infância na fazenda. Fiquei muito feliz em ver que não deixaram tanta coisa desaparecer”, observa.

O editor também destaca o Museu Imperial de Petrópolis (RJ). “Ele oferece emocionante passeio ao período imperial, uma ocasião para entendermos o Brasil daquela época”, elogia.

Fascinado pela dimensão social “e pelo acervo belíssimo” do museu de arte que funciona na Santa Casa de Misericórdia, em Salvador (BA), Fábio também é fã da Pinacoteca, em São Paulo, pela programação permanente de alto nível oferecida – inclusive de fotografia.

O editor adverte: “Belém do Pará precisa ser levada em consideração. Tem 11 museus espetaculares que ninguém conhece”. O Brasil conta com bom conjunto de instituições, acredita ele, mas ainda é preciso priorizar algo fundamental: “Falta sensibilizar o público para o importante trabalho que eles desenvolvem, além de mais verba”. Fábio sugere à iniciativa privada estabelecer parcerias com essas instituições.

O especialista tanto critica quanto elogia o público. “Estão faltando paciência e reflexão para discernir o que é conhecimento verdadeiro. Museu não é lugar para ir com pressa. Você tem de visitá-lo devagar, com calma, para admirar o trabalho alheio”. Ele chama a atenção para importância de iniciativas “de pessoas apaixonadas pela vida cultural do país, formadoras de opinião e fiéis à busca de conhecimento na área cultural”. Mas sente falta de mais museus voltados para questões brasileiras, “de modo a salvar as manifestações culturais mais profundas do país”.

A Empresa das Artes foi criada em 1986. A maior parte de seus lançamentos é formada por livros de arte. “Não se trata de luxo. Eles têm o papel de encantar por meio dos conteúdos que abordam”, defende. A editora está preparando um livro sobre a Serra do Espinhaço e o volume Brasil nação multicultural.

Virou hábito

Na Europa e nos Estados Unidos, o hábito de visitar museus se incorporou ao cotidiano da população. Na Alemanha, por exemplo, calcula-se que 100 milhões de pessoas frequentem habitualmente essas instituições – o país tem cerca de 81 milhões de habitantes.

Em 2009, o Cadastro Nacional de Museus estimou em 82 milhões de pessoas o público de instituições brasileiras, país com 193,9 milhões de habitantes. Só para efeito de comparação: o complexo museológico Smithsonian, que funciona nos Estados Unidos, recebe cerca de 30 milhões de visitantes por ano.

As instituições brasileiras estão concentradas no Sudeste (1.151) e Sul (878), informa o Cadastro Nacional de Museus de 2009. Em seguida vêm Nordeste (632), Centro-Oeste (218) e Norte (146).

Mesmo assim, novos espaços vêm surgindo no Brasil, propondo perspectivas inovadoras da memória e da história do país, ressaltam especialistas. Exemplos disso são o Museu dos Povos Indígenas do Oiapoque (AP), Museu Casa de Chico Mendes (AC), Casa de Memória do Centro Espírita (AC) e o Ecomuseu da Amazônia (PA).

A Pinacoteca, em São Paulo é considerada exemplar pelo fato de ter programação permanente de alto nível e espaço para a fotografia

Mineiros no Guia

INHOTIM: Arte contemporânea. Em Brumadinho, acesso pelo km 500 da BR-381. De terça a sexta, das 9h30 às 16h30; sábado, domingo e feriado, das 9h30 às 17h30. Informações e visitas agendadas: (31) 3571-9700. Entrada franca na terça. Quarta e quinta: R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia). Sexta, sábado, domingo e feriado: R$ 28 (inteira) e R$ 14 (meia). Crianças até 5 anos não pagam. Assinantes do Estado de Minas têm 50% de desconto na compra de dois ingressos. Transporte interno: R$ 15.

MUSEU DE ARTES E OFÍCIOS: Acervo representativo do universo do trabalho. Praça da Estação, s/nº, Centro, (31) 3248-8600. De terça e sexta, das 12h às 19h; quarta e quinta, das 12h às 21h; sábado, domingo e feriado, das 11h às 17h. R$ 4 (inteira). Entrada franca aos sábados, às quartas e quintas, das 17h às 21h.

MUSEU DE CIÊNCIAS NATURAIS: Acervo científico. Fósseis de mamíferos e coleções da fauna brasileira. PUC Minas. Av. Dom José Gaspar, 290, Coração Eucarístico, (31) 3319-4152. Terça, quarta e sexta, das 8h30 às 17h; quinta, das 13h às 21h; sábado e feriados, das 9h às 17h. R$ 4.

MUSEU DA INCONFIDÊNCIA: Acervo relativo à história de Minas. Praça Tiradentes, 139, Centro Histórico de Ouro Preto, (31) 3551-6023. De terça-feira a domingo, das 12h às 18h. R$ 8 (inteira) e R$ 4 (meia-entrada).

MUSEU DO ORATÓRIO: Acervo religioso. Adro da Igreja do Carmo, 28, Centro Histórico de Ouro Preto, (31) 3551-5369. Diariamente, das 9h30 às 17h30.

Extraído do sítio UAI

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