22 de novembro de 2012

22 DE NOVEMBRO DE 1963: MORRE ALDOUS HUXLEY, ÍCONE DA LITERATURA INGLESA DO SÉCULO XX

Autor tornou-se célebre com Admirável mundo novo, retrato de um futuro ditado pela técnica e pelo progresso.

Em 22 de novembro de 1963, morre em Los Angeles, aos 69 anos, um dos maiores escritores ingleses. Autor de não menos que 47 livros, Aldous Huxley partiu no mesmo dia em que o presidente Kennedy foi assassinado. Tornou-se conhecido do grande público especialmente por Admirável Mundo Novo, sua quinta obra, escrita em 1931 e publicada no ano seguinte.

Huxley nasceu em 26 de julho de 1894 em Godalming in the Surrey, em uma família de renomados cientistas. Dois de seus três irmãos, Julian e Andrew, se tornariam eminentes biólogos e um avô, Thomas Huxley, foi um famoso e controvertido naturalista apelidado de “Bulldog de Darwin”.

Em seus romances e ensaios, Huxley posicionava-se como observador crítico de ideais, normas sociais, costumes e tradições arraigados. Em seus textos mostrava-se preocupado com as aplicações potencialmente prejudiciais do progresso científico para a humanidade. Em 1911 foi afetado por uma estranha doença que o deixou praticamente cego. Devido a essa circunstância, não pôde prosseguir nas experiências científicas que o atraiam, voltando-se então para a literatura. A falta de visão que o perseguiu por toda a vida não o impediu de conquistar alguns dos mais ambicionados prêmios em literatura inglesa.

Por um breve período em 1918, trabalhou como funcionário no Ministério da Aeronáutica. Convenceu-se de que essa não era sua vocação. Como resultado, a necessidade de dinheiro levou-o a explorar seu talento literário. Nessa época, tornou-se amigo do consagrado escritor D.H. Lawrence. Huxley terminaria seu primeiro romance (que jamais seria publicado) aos 17 anos e o segundo aos 20. Já nessa idade, foi jornalista e crítico literário. Isso permitiu-lhe frequentar e acompanhar viagens de intelectuais e artistas europeus. Huxley mostrava-se profundamente preocupado com as visíveis mudanças que vinham ocorrendo na civilização ocidental, o que o preparou para escrever importantes romances nos anos 1930 sobre as ameaças representadas pela combinação de poder e progresso técnico. Escreveu contra a guerra e o nacionalismo como em Sem Olhos em Gaza (1936).

O mais conhecido e seguramente o mais importante de seus romances foi Admirável Mundo Novo. Escreveu-o em apenas quatro meses. É importante notar que, à época, Hitler ainda não estava no poder e os expurgos na União Soviética estavam longe de ter início. Não obstante, imaginou uma sociedade que usaria a genética e a clonagem a fim de condicionar e controlar indivíduos. Nesta sociedade do futuro, todas as crianças seriam concebidas em provetas. Seriam geneticamente condicionadas para pertencer a uma das cinco categorias, da mais inteligente a mais inferior.

Admirável Mundo Novo iria delinear o que se pareceu com uma perfeita ditadura. Teria a aparência de uma democracia, mas seria basicamente uma prisão sem grades da qual os detentos nem sonhavam em escapar. Seria essencialmente um sistema de escravidão em que os escravos, por meio do entretenimento e do consumo, “adorariam sua escravidão”. O título do livro veio de A Tempestade, ato 5, cena1, de Shakespeare.

Em 1937 escreveu um livro de ensaios chamado Despertar do Mundo Novo, no qual explora alguns dos mesmos temas: “uma democracia que deflagra ou mesmo se prepara para uma guerra científica e moderna cessa necessariamente de ser democrática. Nenhum país pode realmente preparar-se bem para uma guerra moderna a menos que seja governado por um tirano, à frente de uma altamente treinada e perfeitamente obediente burocracia.”

Em 1958 Huxley publicaria Regresso ao Admirável Mundo Novo, uma coletânea de ensaios em que exporia um pensamento crítico sobre a ameaça da superpopulação, excessiva burocracia bem como sobre algumas técnicas de hipnose. Tornou-se particularmente interessado na parapsicologia e no misticismo sobre o que escreveria bastante. Em decorrência disso, tornou-se em 1938 amigo do filósofo religioso Jiddu Krishnamurti, considerado por muitos como um místico, devido principalmente a sua ligação com a Sociedade Teosófica, da qual mais tarde se afastaria. De todo modo, Huxley se tornaria admirador de seus ensinamentos e o encorajou a traduzir em texto suas reflexões.

Em 1937, mudou-se para a Califórnia, tornando-se um dos roteiristas favoritos de Hollywood. Ao mesmo tempo seguiu escrevendo romances e ensaios, inclusive sátiras como Também o Cisne Morre (1939) e O Macaco e a Essência (1948). Em 1950, a Academia Americana de Artes e Letras o distinguiria com o prestigioso Prêmio ao Mérito para Romance, que havia sido igualmente conquistado por autores ilustres como Ernest Hemingway e Thomas Mann.

Huxley chegou a escrever um ensaio sobre o meio ambiente que inspirou ulteriores movimentos ecológicos. Nos anos 1950, experimentaria drogas como o LSD e a mescalina, que lhe inspirou uma série de ensaios chamada As Portas da Percepção. O livro inspirou hippies e o famoso cantor Jim Morrison (1943 - 1971). Foi daí que decidiu intitular sua banda de “The Doors”.

No fim de sua vida, Huxley seria considerado por muitos como um pensador visionário. A assim chamada escola “New Age” citaria amiúde seus estudos e textos místicos sobre os alucinógenos, o que é feito até os dias de hoje.

Extraído do sítio Opera Mundi

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