12 de novembro de 2012

PARADA NO TEMPO


“Vou lhe dizer: Piratini às vezes parece que não cresceu. Se você andar pra trás da esquina da Rua Bento Gonçalves, vai encontrar a igreja, o clube... É uma volta no tempo”, conta Adel Vaz Bandeira, 75 anos. A sensação de estagnação relatada pelos moradores é um indício da boa preservação histórica da cidade gaúcha, localizada no extremo sul do estado, escolhida em 1836 como capital da República Farroupilha. A boa conservação de vários edifícios da época inspirou a criação da Linha Farroupilha, roteiro turístico inaugurado em setembro. Sinalizadores no chão indicam nada menos do que 25 pontos históricos no município, como a Antiga Cadeia, o Palácio do Governo Farroupilha e a casa do líder Giuseppe Garibaldi, que será completamente restaurada até 2014.

“Os turistas podem fazer o trajeto sozinhos e, se quiserem, podem consultar os moradores do centro histórico e as pessoas que trabalham ali. Todos estão recebendo um livro com informações sobre a Linha Farroupilha e a história da cidade”, explica a produtora cultural Beatriz Araújo, que coordenou o projeto com a ajuda da Associação dos Amigos do Museu Histórico Farroupilha. Dois mil exemplares do livro começaram a ser distribuídos em setembro. Além disso, foram feitas 6.000 cartilhas de educação patrimonial, que serão distribuídas a todos os alunos do ensino fundamental.

A equipe de Beatriz foi responsável pela restauração do Museu Histórico Farroupilha, em 2011, e fará trabalho semelhante na Casa de Garibaldi. Segundo Carla Menegat, historiadora do Instituto Federal Sul-rio-grandense, a casa pertencia a um tio do líder farroupilha: “Garibaldi morou ali com sua mulher e filhas. Mas ele e os demais farrapos pouco ficavam em Piratini, pois estavam em campo, lutando”.

A situação da casa nem se compara com o estado em que se encontrava o prédio do museu, de 1819. “Chovia aqui dentro, literalmente. Tivemos também problemas de segurança, porque as portas de madeira cediam. Ladrões roubaram cerca de dez armas do século XIX”, conta a diretora Angélica Panatieri. Agora, as cerca de 400 peças estão a salvo. E talvez ganhem adições. “O governador disse que gostaria de nos enviar todas as peças do período que estão em outros museus estaduais. Mas acho que eles não vão querer se desfazer disso”, diz a diretora. 

Ainda que não receba as peças, Piratini está a caminho de se tornar a principal cidade da rota farroupilha. “Ela tem a maior quantidade de edifícios do período. E, como pouco cresceu, as pessoas continuam usando os prédios. Não será preciso investir muito para restaurá-los”, afirma Carla.

As novidades devem atrair mais turistas e afetar a calmaria da cidade, mas nem o senhor Adel parece se importar. “Acho ótimo. Dei algumas informações para eles escreverem o livro e já estou com o meu. Achei muito bonito”, conta, orgulhoso.

Extraído do sítio Revista de História

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