11 de novembro de 2012

QUANDO A MAGIA DE J.K. ROWLING FAZ OS LIVROS GANHAREM VIDA - Isabel Coutinho

O jogo cria imagens de realidade aumentada (DR)

O Livro de Feitiços, criado por J.K. Rowling (mas sem Harry Potter), é o cartão de visita do Wonderbook para a PlayStation, um jogo e uma plataforma, respectivamente, que fazem os livros e as personagens ganhar vida. Dave Ranyard, um dos seus criadores, esteve quinta-feira em Lisboa e acredita que a realidade aumentada vai ser a chave do entretenimento do futuro.

Se vir uma criança sentada no chão absorta e com o que parece um livro de cartão aberto no chão, mas a olhar para uma televisão e a ver letras e desenhos ganhar vida no ecrã ao mesmo tempo que folheia o livro e levanta um comando na mão, ela estará a brincar com oLivro de Feitiços no Wonderbook, a mais recente novidade do mundo da PlayStation. Escrito em colaboração com J.K. Rowling, ajudará qualquer criança com mais de sete anos a transformar-se num bruxo ou feiticeiro, conhecedor de vários feitiços e com a sensação de que tem uma varinha mágica na mão. 

Quem conhece os livros de Harry Potter sabe que o Livro de Feitiços foi escrito por Miranda Goshawk há 200 anos e que está na secção de reservados da Biblioteca de Hogwarts. Tem cinco capítulos, com quatro feitiços cada (por exemplo: Incendio, Wingardium Leviosa e Expelliarmus) e os jogadores com Wonderbook poderão aprender e praticar à medida que avançam na leitura - e que vão sendo submetidos a testes. 

Já passaram sete anos desde que a Sony começou a trabalhar no Wonderbook, à venda em Portugal a partir de 14 de Novembro (custará cerca de 40 euros, juntamente com Livro de Feitiços). O Wonderbook é um livro simples, feito de papel e cartão, mas que tem também cartões com códigos que a câmara da PlayStation consegue ler e que, com a tecnologia da realidade aumentada, faz com que histórias e imagens ganhem vida frente ao jogador, que se vê como participante na história. No fundo, mistura o mundo dos livros com o dos videojogos. Os seus criadores construíram cenários animados (mas realistas) com ilustrações feitas à mão que surgem na televisão - tal como o jogador, que é filmado pela câmara da consola e que, assim, faz parte da história que se conta. 

A parceria com Pottermore

Há três anos, a Sony fez uma parceria com o Pottermore, o site de J. K. Rowling. Foi nessa altura que mostraram à escritora britânica os protótipos do Wonderbook. A autora da série sobre o jovem feiticeiro Harry Potter "teve uma ideia para o Livro de Feitiços. Depois, no nosso estúdio, mostrámos-lhe o comando de movimento PlayStation Move e era tão óbvio que aquilo podia ser a varinha mágica", explicou ao PÚBLICO esta quinta-feira, numa sessão de apresentação em Lisboa, o director de jogos e produtor executivo da PlayStation Dave Ranyard.

Para Dave Ranyard trabalhar com a escritora “era um sonho tornado realidade" - é "um grande fã da saga Harry Potter". "Ela é incrivelmente criativa e trouxe imensos conteúdos novos que conseguimos incorporar no ‘Livro de Feitiços’”, como a descrição dos feitiços, histórias à sua volta, novas personagens e o enigma que é desvendado no final de cada capítulo. Para J.K. Rowling, Livro de Feitiços "é a coisa mais próxima de um verdadeiro livro de feitiçaria a que um muggle [os não-feiticeiros do universo Potter] pode aceder”.

O jogo pretende ter um papel didáctico: em algumas partes é preciso escolher palavras, mas também se pode desligar a voz do jogo e ler a história com os pais, por exemplo. 

Ir além da história, agarrado a ela

Todos compreendem o que é um livro, tenham a idade que tenham. “Sentimos que o livro é a interface mais simples de usar no mundo. Estamos todos habituados a lidar com interfaces no computador, no tablet, num telemóvel, numa televisão. Mas um livro também pode ser considerado uma interface que toda a gente sabe como funciona”, explica Dave Ranyard. “É incrivelmente inclusivo", diz, juntando a novidade da realidade aumentada à memória das "histórias que ouvíamos ou líamos quando crescemos. Acho que conseguimos dar um passo em frente e ir em outra direcção” nas formas de leitura, acrescentou Dave Ranyard. 

No próximo ano vão lançar Walking with Dinosaurs em parceria com a BBC, que em 1999 realizou o documentário com o mesmo nome, O Tempo dos Dinossauros, em que pretendem dar aos jogadores informação factual, como se estivessem numa aventura, criando-lhes a sensação de perigo que não teriam quando estão a ler um livro. E lançarão também Diggs Nightcrawler, uma história de detectives em parceria com o Moonbot Studio, dos criadores de The Fantastic Flying Books of Mr. Morris Lessmore, que receberam o Óscar 2012 de Melhor Curta-Metragem e, mais tarde, desenvolveram uma aplicação de leitura interactiva para o iPad. E já que se trata de um jogo de bruxos, perguntámos ao director de jogos e produtor executivo da PlayStation o que prevê para o futuro. Dave Ranyard acredita genuinamente que a realidade aumentada vai ser a chave do entretenimento, dos jogos, da publicidade e que, num futuro próximo, vai ter várias aplicações quotidianas na nossa vida. “É inspirador para as pessoas verem estas criações ganharem vida no seu próprio mundo”, concluiu.

Extraído do sítio Público.pt

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Os comentários serão moderados. Não serão mais publicados os de anônimos.