2 de dezembro de 2012

REALIDADES FUNDAMENTAIS: AS BASES DA EXISTÊNCIA HUMANA - Alberto Fiaschitello

Determinados indivíduos no passado, que atingiam profundos estados de consciência sobre a Existência, eram chamados de sábios, iluminados. Porta-retrato do Imperador Kangxi. (Fonte: domínio público)

As antigas culturas, como a indiana, a chinesa, a maia, a inca e tantas outras, compreendiam os fundamentos da existência humana a partir de estados de consciência refinados, que permitiam a apreensão de realidades e princípios existenciais bastante profundos, essenciais e harmoniosos.

Esses conhecimentos ultrapassavam o que a pequena capacidade e amplitude dos nossos sentidos físicos permitem e possibilitavam contatos, experiências e compreensões com a Existência, que revelavam formas de consciência, leis físicas e realidades materiais muito mais abrangentes e fundamentais do que as alcançadas hoje pela ciência ocidental.

As pessoas viviam baseadas nessa sabedoria e nesses conhecimentos profundos: toda a organização social e o desenvolvimento dos aspectos da cultura e dos indivíduos eram fundamentados nesses conhecimentos profundos, os quais formavam os alicerces das sociedades e das culturas.

Em todos os tempos, em quase todas as culturas e civilizações, determinados indivíduos alcançaram estados de consciência profundamente brilhantes sobre a Existência e seus diferentes aspectos. Eles eram chamados de sábios, iluminados, mestres etc. Eram pessoas extremamente profundas, de grande virtude e caráter, absolutamente altruístas e que, tendo alcançado grande conhecimento sobre muitas outras instâncias e realidades, compreendiam as causas dos eventos físicos, as formas ideais para a vida humana e o desenvolvimento das culturas etc. Também devido à sua grande virtude e sabedoria possuíam capacidades sui-generis, que possibilitavam a sua atuação na reorientação de energias e matérias, podendo alterar fenômenos físicos e circunstâncias materiais.

Naquela época, os homens comuns viviam nas sociedades de acordo com os ensinamentos dos grandes sábios. Por isso, as pessoas comuns, mesmo vivendo na realidade imediata que seus sentidos podiam alcançar, seguiam com confiança, humildade e dignidade as orientações dos seres de grande consciência.

Era partir desses sábios que vinham os conhecimentos sobre os princípios morais que organizam de forma harmoniosa, coerente e saudável o ser humano em sociedade, sobre as energias que permeiam o corpo humano (como o chi que os chineses manipulam por meio da acupuntura, do Tai-Chi-Chuan e do Qigong; oprana que os indianos utilizam nas práticas de yoga e outros), o conhecimento sobre o desenvolvimento dos potenciais da consciência humana, da sabedoria profunda e do desabrochar da iluminação espiritual (como as práticas espirituais e os caminhos para a iluminação, como o Raja Yoga, o Budismo, o Falun Dafa etc).

A saúde e a doença

Quanto à saúde, as curas e seus fundamentos, suas concepções eram bastante diferentes das que temos atualmente. A saúde significava equilíbrio interior, pureza de caráter e consciência afinada com os princípios espirituais universais.

A doença era vista fundamentalmente como um estado de desequilíbrio da consciência do indivíduo em relação à consciência universal e aos parâmetros de coexistência saudáveis com o próximo, com os demais seres vivos e a natureza.

De acordo com essa visão, a consciência adoecida produz ações conflituosas e destrutivas, as quais, num nível mais fundamental, produzem energias e movimentos desarmônicos e prejudiciais ao todo.

A essas ações desarmônicas e seus resultados os indianos deram o nome de carma (‘ação’), os chineses deyè, os japoneses de gou etc. Dentro do cristianismo essas ações recebem o nome de ‘pecado’ (do latim ‘peccatum’), que num sentido mais amplo significa ação condenável, violação etc.

A partir dessa perspectiva, a doença não é um evento isolado e casual, mas sim fundamentalmente um estado de compensações energéticas e físicas que se manifestam no indivíduo devido às suas ações desarmônicas e destrutivas anteriores. Desse modo, os antigos sabiam que para curar-se realmente de alguma doença, a pessoa deveria essencialmente encontrar a falha em sua consciência, em seu comportamento e mudar interiormente.

Principalmente os grandes seres iluminados sempre souberam dessas causas fundamentais por trás das doenças e dos infortúnios das pessoas. Por exemplo, Sakyamuni e Jesus utilizavam poderes extraordinários em diversas ocasiões para curar pessoas: o fato é que eles tinham virtudes extraordinárias e capacidades tremendas para suportar as energias densas e caóticas que acometiam as pessoas devido aos seus carmas, e faziam estas curas por compaixão. Além disso, suas curas tinham objetivos específicos: dar provas das realidades mais fundamentais, ensinar princípios e leis universais às pessoas, curar discípulos que adotaram seus caminhos virtuosos etc.

Hoje em dia

Algumas pessoas podem colocar uma questão “Mas, e quanto às gripes e outras epidemias; elas não acometem milhares de pessoas ao mesmo tempo?” Além das ações individuais abusivas, causadoras de conflitos ou distorcidas, do mesmo modo existem as ações negativas coletivas: elas geram carmas coletivos ou resultados coletivos.

Por exemplo, hoje em dia todos nós poluímos o ar com nossos carros, enchemos nossos corpos com substâncias artificiais, praticamos a sexualidade de forma promíscua, explodimos bombas atômicas em testes nucleares etc. Hoje mesmo e no futuro essas ações e energias resultantes terão que ser compensadas: as doenças degenerativas, a desordem crescente no clima, as epidemias etc são frutos dessas ações coletivas que todos teremos que suportar. Se fossemos mais sinceros, equilibrados e humildes, menos ambiciosos e prepotentes e tivéssemos menos desejos insaciáveis, não cometeríamos boa parte dessas ações e não precisaríamos passar pelo que estamos passando e pelo que passaremos no futuro.

Uma outra questão poderia ser colocada: “Mas, então, como os remédios conseguem matar microrganismos e curar doenças, se elas são causadas pelo carma?” Na verdade, a raiz das doenças não pode ser curada pelos remédios: somente o desejo de compreender suas próprias falhas e mudá-las, adotando uma nova consciência e postura é que pode propiciar uma cura verdadeira. E ainda assim, algumas energias formadas e acumuladas durante o tempo dos maus hábitos e ações distorcidas terão que ser vivenciadas pela própria pessoa ou grupo envolvido, mesmo após uma mudança, porque as energias formadas ainda existem e estão em ação.

Os vírus, bactérias, células tumorais e outros são manifestações físicas dessas energias geradas anteriormente. Por exemplo, Wilhelm Reich, médico-psiquiátra austríaco, discípulo de Freud, em seu livro A Biopatia do Câncer (Martins Fontes, 2009), descreve claramente como os estados mentais produzem energias anti-naturais, que por sua vez, dão vida a microrganismos patológicos, os quais, posteriormente, transformam-se em células tumorais.

Os remédios conseguem eliminar as manifestações superficiais do carma ou suprimir seus efeitos por um determinado tempo – eliminando vírus, bactérias, células doentes etc – mas, uma vez reprimida a doença, a energia desequilibrada retida se expressará em outras condições ou mesmo de forma relativamente diferente.

Isto quer dizer que se alguém se curou de algo, ele irá adoecer disso novamente? Não necessariamente, porque provavelmente muita energia cármica se manifestou em seu corpo durante o padecimento da doença e este processo assim se concluiu. Na verdade, muitas outras coisas estão envolvidas nestes processos: arrependimentos, o desejo sincero de mudar, mudanças na consciência, ter comportamentos mais humanos, espiritualizados e virtuosos etc. Tudo isso determina a cura real ou não de uma enfermidade.

No mundo de hoje, onde buscar a cura verdadeira

Depois de entender um pouco sobre o exposto, algumas pessoas doentes ou temerosas podem estar se perguntando, então: “Como me curo de verdade?”

É preciso entender que a questão crucial não é buscar obcecadamente a cura física definitiva, e que as doenças não são casuais, mas um resultado inevitável de nossa consciência distorcida e de nossos comportamentos incoerentes e não-virtuosos.

Nós somos seduzidos pelas sensações e pelos desejos, sofremos por causa do ciúmes, da mágoa e do ódio, somos intolerantes e muitas vezes cruéis. Também abusamos irresponsavelmente dos nossos sentidos: comemos muitas coisas não saudáveis e bebemos em excesso; vivemos ansiosos pelos ganhos materiais; abusamos do sexo; usamos drogas sem considerar os danos irreversíveis ao nosso cérebro e organismo etc. Por que deveríamos ter a chance de nos curarmos? Para continuarmos a agir dessa forma? Um mestre atual diz: “…se as doenças de uma pessoa comum fossem eliminadas na raiz, ela, uma pessoa comum, um não-cultivador, sairia daqui sem nenhuma doença e, uma vez lá fora, continuaria a se comportar como uma pessoa comum, ela competiria por benefícios pessoais do mesmo modo que as outras pessoas comuns. Como permitir que seu carma seja eliminado casualmente? Não é absolutamente permitido.” (Li Hongzhi. Zhuan Falun: Girando a Roda da Lei)

A nossa consciência distorcida é fundamentalmente a causa de nossas doenças e de todos os sofrimentos que temos. Isto não quer dizer que não possamos usar os recursos da medicina, as terapias naturais, praticarmos esportes e buscarmos uma vida saudável. Mas, estamos dispostos a questionar com sinceridade os objetivos de nossa vida, a forma como temos vivido, as nossas ações e relações com os demais?

O retorno à consciência verdadeiramente humana e espiritualizada trará naturalmente a reconexão com os princípios corretos e promoverá a ressonância com a Natureza fundamental da Criação tornando-nos sãos no mais profundo dos sentidos.

Extraído do sítio The Epoch Times

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Os comentários serão moderados. Não serão mais publicados os de anônimos.