10 de janeiro de 2013

A IMPORTÂNCIA DA CARDIOLOGIA PREVENTIVA - Sérgio Augusto Latuf


Em qualquer tema que se aborde em diversas áreas, a prevenção é uma forte ferramenta para que possamos evitar ou amenizar a ocorrência de uma determinada situação. Na medicina isso não é diferente. Infelizmente os problemas do coração e do aparelho cardiovascular, são responsáveis por altas taxas de morbidade (invalidez) e mortalidade. As estatísticas estão ficando cada vez menos animadoras a cada ano que passa. No Brasil, entre 1979 e 2004 a mortalidade por infarto do miocárdio aumentou 34% e a mortalidade por doença cerebrovascular aumentou 9%.

Quase 300.000 brasileiros morrem a cada ano de problemas cardíacos uma das mais altas taxas mundiais de mortalidade relacionada ao coração. Estima-se que em 2040, o Brasil será o campeão mundial em mortalidade cardiovascular. Essas informações estão sendo colocadas ao leitor, para transmitir a realidade da situação, porém são informações desanimadoras. Para que haja mudança, primeiro é necessário a informação, e em seguida cada um de nós decidamos o que queremos fazer com a nossa vida.

Prevenção primária é o conjunto de ações que visam evitar a doença, removendo os fatores causais, ou seja, visam a diminuição da incidência da doença. Tem por objetivo a promoção de saúde e proteção específica. Prevenção secundária significa a atuação do médico em uma determinada situação ou doença que está ocorrendo ou já ocorreu, para tentar diminuir o máximo possível o dano causado em um determinado órgão ou conjunto de órgãos.

Podemos exemplificar na cardiologia, a prevenção primária como, correção de hábitos não saudáveis (tabagismo, etilismo, uso de drogas), controle da pressão arterial, colesterol, diabetes, peso, estress etc. Na prevenção secundária podemos exemplificar o indivíduo que apresentou alguma complicação relacionada aos problemas descritos acima como, acidente vascular cerebral (derrame), infarto do miocárdio, obstruções da circulação dos membros devido ao colesterol alto e também lesões em determinados órgãos diagnosticados por exames subsidiários como, perda parcial da função dos rins, dilatação do coração etc. Na cardiologia preventiva a importância da prevenção primária é enorme, pois os problemas cardíacos geralmente levam a complicações muito sérias e a morte.

Há alguns anos na Europa realiza-se o Europrevent - Congresso Europeu de Cardiologia Preventiva. Nesse congresso são apresentados estudos epidemiológicos e estatísticos sobre as doenças cardíacas e discutem-se quais as medidas mais eficazes para a prevenção.

Fatores de risco para as doenças cardíacas

Hipertensão arterial

A pressão alta é um problema grave de saúde pública no Brasil e no mundo. Ela transformou-se numa epidemia no mundo moderno. Normalmente a pressão alta não dá sintomas. A pressão considerada normal é aquela que, na média, é igual ou inferior a 12 por 8, ou seja, máxima em 120 milímetros e mínima em 80 milímetros de mercúrio (mmHg). Com o critério atual de diagnóstico de hipertensão arterial (acima de 14 por 9), estudos mostram que cerca de 50% dos adultos acima de 50 anos são hipertensos e, infelizmente, esse número não para de crescer. Ela é um dos mais importantes fatores de risco para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares, cerebrais e renais, sendo responsável por pelo menos 40% das mortes por acidente vascular cerebral (derrame), por 25% das mortes por infarto e, em combinação com o diabetes, 50% dos casos de insuficiência renal terminal. As principais complicações da pressão alta são: Acidente vascular cerebral (derrame), doença coronariana (infarto e angina), insuficiência cardíaca, insuficiência renal e doença arterial periférica (circulação dos membros). O tratamento da pressão arterial é feito por medidas não medicamentosas (pouco sal, não fumar e beber, controle de peso, atividade física, controle do stress) e através de uso de medicamentos, prescrito por um especialista.

Colesterol alto (Dislipidemia)

Colesterol alto somente, não causa sintomas. Muitas pessoas desconhecem que têm o colesterol em níveis acima dos aceitáveis como normal. É importante saber como anda o seu colesterol, pois diminuir níveis altos de colesterol, reduz a chance de desenvolver doenças cardíacas. O colesterol alto faz com que a gordura seja depositada nas paredes dos vasos sanguíneos e, com o tempo, pode ocorrer diminuição do fluxo de sangue em regiões importantes do corpo como cérebro, coração e rins. Além disso, estas pequenas placas de colesterol (ateroma) aderidas ao vaso podem eventualmente soltar-se e causar uma trombose, infarto ou acidente vascular cerebral. O exame de colesterol no sangue deve ser realizado após um jejum de 12 horas.

Tipos de colesterol

Colesterol total: Nele inclui o colesterol bom e o ruim
HDL colesterol: Colesterol bom
LDL colesterol: Colesterol ruim

Triglicéride: Colesterol ruim (também associado com açúcar e carboidrato).

Os níveis preconizados para o colesterol estão em constantes mudanças de acordo com as diretrizes de cada continente. Os valores normais dos níveis de colesterol variam com a idade, se o indivíduo está em prevenção primária ou secundária, existência ou não de diabetes, motivo pelo qual não serão descritos nesse artigo. O principal objetivo do tratamento é diminuir os níveis de LDL, o suficiente para reduzir seu risco de desenvolver problemas cardíacos. Quanto mais alto o seu risco, mais baixo deve ser seu nível de LDL. Outro objetivo é elevar os níveis de HDL, já que seus níveis elevados protegem o coração. Há duas maneiras principais de reduzir o seu colesterol: pela mudança de hábitos ou com o uso de medicamentos. Mudança de hábitos inclui uma dieta com baixo níveis de colesterol, atividade física regular e controle de peso. Tratamento com medicamentos são realizados em conjunto com a mudança de hábitos para ajudar a reduzir os níveis de colesterol. Em geral o tratamento medicamentoso do colesterol é feito com Estatinas.

O fator hereditário está fortemente ligado aos fatores de risco acima descritos. É muito importante também informar que, a doença cardíaca nas mulheres está aumentando consideravelmente nas últimas décadas. Isso se deve ao fato de que as mulheres, além de ter a função de mãe, estão no mercado de trabalho da mesma maneira que os homens, em relação a carga horária e responsabilidade.

* Sérgio Augusto Latuf é médico cardiologista.

Extraído do sítio Jornal Cruzeiro do Sul

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