31 de janeiro de 2013

A VODKA RUSSA FESTEJA SEU ANIVERSÁRIO - Mikhail Aristov

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Em 31 de janeiro, na Rússia comemora-se uma festa não oficial, o aniversário da vodka russa. Neste mesmo dia no ano de 1865, o cientista de renome mundial Dmitri Mendeleev defendeu sua tese de doutorado intitulada “Sobre a combinação de álcool com água”. Ele alcançou encontrar aquela proporção ideal, graças à qual apareceu a lendária bebida com um teor alcoólico de 40 %.

Pelo mundo vaga uma opinião de que o grande químico teria comprovado por via experimental, à custa de sua própria saúde, que a vodka genuína tem de ser de quarenta por cento. No entanto, é apenas uma lenda. O tratado do cientista russo não visou investigar os efeitos das combinações de álcool e água sobre o organismo humano. O estudo de Mendeleev se posicionava exclusivamente no âmbito de Metrologia. Mas aconteceu algo muito similar a descobertas de outros cientistas: indivíduos engenhosos fizeram com que a teoria científica passasse para o plano de mera praxis. Tomando em consideração o sucesso ribombante da bebida de quarenta por cento, em 1894 o governo russo patenteou a mesma, sob a denominação de “Moskovskaia Ossobaia” (Especial de Moscou), como a vodka nacional russa.


Historiadores afirmam que a bebida aparecera na Rússia cinco séculos mais cedo, quando ainda não se sabia medir teores percentuais. Eis aqui um relato de Evgueni Gerasimov, colaborador do Museu da Vodka Russa em Moscou:

“A história da vodka russa remonta ao longínquo século XIV, quando mercadores europeus trouxeram para a Rússia uma bebida a que eles chamaram spiritus vini (espírito do vinho). Na Rússia de então não houve bebidas mais fortes que a chamada medovukha (bebida feita de mel), com um teor alcoólico mais ou menos equiparável com a cerveja moderna, isto é, de quatro a sete por cento. Portanto, nossos antecessores decidiram fazer algo similar à bebida europeia, mas a Rússia não dispunha de vinhedos em proporções necessárias. Foi justamente por isso que escolheram cereais como matéria-prima. O principal ingrediente foi o centeio que naquela época só se cultivava na Rússia”.

Já em 1505, foi registrado o fato de exportação da aguardente russo produzido à base de cereais para a vizinha Suécia. E mais tarde, para outros países. Data exata do aparecimento da denominação “vodka” é desconhecida. Mas em meados do século XVIII este vocábulo já constou em um dos decretos oficiais da imperatriz Elizaveta (Isabel). É curioso que em 1977 a Polônia planejou disputar à Rússia sua prioridade em matéria de autoria da vodka. No entanto, o historiador Vilhiam Pokhliobkin conseguiu encontrar em arquivos provas incontestáveis da prioridade russa e, a raíz dessas provas, a corte internacional de arbitragem declinou a demanda polaca. Foi na altura quando nasceu o slogan comercial: “A genuína vodka provém só da Rússia”.

Contudo, o nome identificador “Russkaia Vodka” (Vodka Russa), enquanto marca independente, hoje em dia não existe, comenta Daria Pichuguina, analista da companhia Investcafé:

“Todos os produtores russos aspiram entrar em mercados internacionais elaborando para tal, marcas especiais. Merece mencionar, por exemplo, a Beluga e a Russki Standart (Padrão Russo). Na Rússia não há um só produtor forte que possa suplantar os demais. É de conhecimento geral que entre as próprias marcas russas se está travando uma concorrência feroz. A vodka russa em si é um conceito tão diluído que não se pode converter em uma marca exclusivamente íntegra, como uísque, ou Schnaps, ou aí por diante. A vodka é mais internacional que todas essas bebidas”.

Para sermos plenamente objetivos, é preciso acrescentar que na Rússia o teor alcoólico de quarenta por cento não chegou a ser um dogma para todas as vodkas. Tradicionalmente, no país se fabricam diversas versões: de 38, 45, 56 e ainda mais pontos percentuais. O essencial que se tem de saber no convívio com esta bebida lendária, é o senso de medida.

Extraído do sítio Voz da Rússia

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