25 de janeiro de 2013

COM PREVISÃO DE 50 KM ATÉ 2014, PORTO ALEGRE ABRE CICLOVIA NESTA SEXTA - Laura Gheller

Atualmente, a capital gaúcha tem 11,5 quilômetros de ciclovias. Foto: Laura Gheller / Terra

A partir desta sexta-feira os usuários de bicicletas de Porto Alegre terão a oportunidade de usufruir de mais uma ciclovia. A nova faixa, construída no Centro Histórico, localizada na rua Sete de Setembro, aumentará para 12 quilòmetros a malha destinada às bikes na capital gaúcha. A prefeitura espera chegar a 50 quilômetros de vias exclusivas até 2014, uma meta ainda longe dos 495 quilomêtros previstos no Plano Diretor Cicloviário da cidade.

"Estamos implantando o plano cicloviário, e teremos 50 quilômetros até a Copa. Estamos trabalhando assim: se tem 'cancha', a gente dispara e faz. A próxima é esta da rua Sete de Setembro, porque, no centro, também dá mais segurança às estações das bikes de aluguel. Como os primeiros bicicletários ligam o Mercado Público ao Gasômetro, demos um foco maior àquele trecho", afirma o gerente de projetos especiais da Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC), Antônio Vigna.

Segundo ele, com as novas ciclovias previstas para 2013, já será possível formar um pequeno circuito para os usuários. "Depois, com a ciclovia da rua José do Patrocínio, ligando a Cidade Baixa à avenida Ipiranga - que terá sua ciclovia completa até o meio do ano -, também conseguiremos ligar a Ipiranga até a orla (do rio Guaíba), fechando uma pequena rede", diz.

"Aparentemente, as ciclofaixas surgem como uma coisa isolada, mas depois vamos dando entendimento ao que forma a rede", afirma Vigna, explicando que são necessárias determinadas condições para que a EPTC possa trabalhar em uma via. "Nem sempre temos 'cancha'. Às vezes, queremos fazer uma obra em determinado ponto, mas já está previsto pelo recurso da Copa, então precisamos esperar pela obra", diz. "São várias etapas, várias frentes, várias motivações: obras da Copa, duplicações de vias e a própria ciclovia", explica.

Segundo o gerente da EPTC, não é possível definir uma data na qual Porto Alegre já poderá contar com os 495 quilômetros. "Não tem como determinar. Por exemplo, a avenida Ipiranga, parece tanta coisa, mas são só 10 quilômetros. Para colocar 495 quilômetros nessa cidade não é só uma questão de querer fazer e ter recurso. Tem lugares em que precisa haver desapropriação, por exemplo."

De acordo com a EPTC, as próximas ciclovias previstas para a capital gaúcha são a da rua Dona Adda Mascarenhas de Moraes, na zona norte, com 1,2 quilômetro, entre a Karl Iwers e a Vitório Francisco Giordani; a da avenida Chuí, na zona Sul, com 650 metros, entre as avenidas Icaraí e Diário de Notícias; a da rua José do Patrocínio; e a da avenida Loureiro da Silva, com 2 quilômetros.

Polêmica com cicloativistas 

A ciclovia da rua Sete de Setembro terá 585 metros, dividida em dois trechos: o primeiro, de 185 metros, da avenida Borges de Medeiros até a rua General Câmara; o segundo, de 400 metros, da rua Caldas Jr. até a rua Padre Tomé. A pintura da faixa foi realizada ainda no início do mês, mas precisou ser refeita duas semanas depois. O motivo foi a falta de nivelamento do trecho, denunciada por cicloativistas e consertada pela EPTC após reclamações.

Para o gerente de projetos especiais da EPTC, é natural que as ciclovias estejam em constante aperfeiçoamento e que o diálogo com a sociedade incentive isso. "Os cicloativistas acham que a gente não escuta (as reclamações), mas a gente escuta. E sim, algumas coisas acabam sendo atropeladas. Às vezes, nos falta perna, mas o importante é que estamos atacando em várias frentes, Eu, como ciclista que sou, prefiro uma reserva de espaço para mim mais ou menos do que esperar um ano para um bom. Às vezes, é melhor se apropriar do espaço e a gente vai consertando isso. Daqui a pouco, ali na frente, a gente começa até a ter a adoção da ciclovia por parte de empresas. No caso da rua Sete de Setembro, a gente pode ter uma adoção e a própria empresa faz o que precisa fazer pra deixar ela perfeitinha", explica Vigna.

Para os ciclistas que já usam a ciclovia do Centro Histórico, os problemas de agora são normais e devem ser resolvidos conforme o andamento das obras da rede. "Já passava de bicicleta por aqui antes, mas é a primeira vez com a ciclovia. Estou achando bom. Ainda tem muito o que melhorar. Em alguns lugares, a pista estreita. Eu era contra a Copa, mas agora, vendo o que vai ficar para nós, sou a favor", diz Mauren Najar, moradora do centro, que usa a bike "para tudo", há cerca de seis anos.

O contabilista Luciano Quadros destacou outro problema da ciclovia: como o estacionamento no local foi mantido – agora, do lado de fora da ciclofaixa – os contêineres de lixo, que antes ficavam próximos ao meio-fio, foram deslocados para a margem da ciclovia. "Tem o problema dos catadores, do lixo que fica na ciclovia, aí a gente tem que desviar, às vezes. Mas a gente espera que, com o fim das obras, isso normalize", diz o morador do bairro Cristal, na zona sul, que trabalha no centro e, há duas semanas, volta para casa usando uma bicicleta alugada.

Outra característica da ciclovia da rua Sete de Setembro é a interrupção da pintura no trecho da praça da Alfândega. Como o local é tombado, não é possível a aplicação de qualquer tipo de sinalização, o que faz com que ciclistas e pedestres dividam o mesmo espaço. A aposentada Sirlei Bellos, também moradora do centro e ciclista há 10 anos, precisou passar pelo local para ir para casa, na rua Riachuelo, depois de fazer compras no Mercado Público. "Tentei fazer a volta pela avenida Siqueira Campos, mas era muito movimento, acabei vindo por aqui mesmo."

Segundo o gerente de projetos especiais da EPTC, as interferências da via estão sendo consertadas aos poucos. "A gente tenta compor com vários agentes envolvidos. No caso do estacionamento, o lado direito é o que teria menos interferência. Em um trecho, surgiu a questão do contêiner de luz do banco Santander (que estava instalado no trajeto). Tínhamos a opção de esperar pelos três meses que eles ainda têm direito para deixá-lo ali ou fazíamos isso agora, como uma forma de pressionar. Acabou funcionando como pressão, porque eles colocaram do outro lado", diz.

De acordo com Vigna, a EPTC não tem previsão de instalar uma barreira física para separar a pista de rolamento da rua Sete de Setembro. "Como ali não é um local de alta velocidade, deixaremos só a tinta e fixaremos taxões", explica.
Lazer e mobilidade

Com a maior parte das ciclovias da capital localizadas na região central, cicloativistas reclamam que a prefeitura de Porto Alegre está focando as ações apenas para os usuários dos aluguéis de bicicletas, que utilizam o veículo geralmente para o lazer, em detrimento da mobilidade urbana. Para Vigna, o início da implantação das ciclovias passa pela utilização das bikes para o lazer. "A gente aposta na educação, que a pessoa utilize o transporte coletivo, a bicicleta. Mas isso começa pelo lazer. Optamos por usar a parte da orla, por ter mais segurança, mas, em seguida, as pessoas começam a utilizar como complemento de viagem, sim", diz.

"As coisas não podem andar em ritmo frenético também. E é bom que não seja tão rápido. Muita gente precisa assimilar, principalmente os motoristas", explica.

Mesmo com ciclovias sem interligação, alguns ciclistas já fazem trajetos longos pela cidade. É o caso de Mauren Najar, que sai do centro em direção à zona sul usando somente as ciclofaixas. "Eu consigo ir até o Barra (Shopping Sul, na avenida Diário de Notícias) só andando de bicicleta."

Para o administrador Luiz Carlos, que usa a bicicleta principalmente para o lazer, o projeto da rede cicloviária contribuindo para a mobilidade ainda está no começo. "É o início, muito insipiente ainda, mas é um começo, principalmente aqui no centro (...) Uso a bicicleta desde 1994 e, com a implantação das ciclovias, deu para perceber que aumentou bastante o número de usuários com as bikes de aluguel", comenta.

Instalado em setembro de 2012, o sistema de aluguel de bicicletas públicas conta com 16 estações na capital gaúcha, sendo a maioria no centro da cidade. A previsão é que o BikePoa chegue a 40 estações e 400 bicicletas.


Extraído do sítio Revista Bicicleta

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