22 de janeiro de 2013

O MELHOR DO CINEMA LATINO-AMERICANO EM 2012

Confira os melhores filmes latino-americanos de 2012

Pra quem gosta de ver a vida em retrospectiva, nada mais cômodo do que um ranking. Esse tipo de lista pode se debruçar sobre qualidade ou sobre quantidade, e eis que – dividida entre o uso de uma e de outra coisa – procurei criar aqui uma espécie de ranking que abarca as duas coisas.

Assim que, tratando de refletir o gosto da crítica e os sucessos dos festivais e também os números da indústria, aqui vai um resumo informal do melhor cinema latino-americano de 2012.

BRASIL (86 estreias nacionais)

O som ao redor x Até que a sorte nos separe

Mal começou 2013, e chegou às salas brasileiras um dos maiores acolhimentos do cinema nacional em anos. Som ao redor, primeiro longa-metragem de ficção de Kleber Mendonça, está nas listas mais prestigiadas de melhores do ano. Vale destacar os elogios do New York Times, o prêmio de melhor filme latino do ano oferecido pela organização Cinema Tropical nos Estados Unidos, o reconhecimento no Festival de Rotterdam e comentários de críticos que consideram esse “o filme síntese do Brasil contemporâneo” – como foi Cidade de Deus em seu momento, porém com menor alarde.

Em contraposição a esse hit autoral, temos o filme de maior sucesso comercial no país no ano que passou: “Até que a sorte nos separe”, comédia de Roberto Santucci. Teve 3,3 milhões de espectadores e fez 33,7 milhões de reais de arrecadação, de acordo com os dados da Ancine.

ARGENTINA (cerca de 130 estreias nacionais)

El último Elvis x Dos más dos

Foram muitas as estreias nacionais em 2012 na Argentina, que, por outro lado, continua marcando presença importante nos maiores festivais internacionais de cinema (ainda que não seja mais a queridinha do momento). El último Elvis, primeiro longa de Armando Bo Jr, é um dos melhores filmes do ano segundo a associação de críticos FIPRESCI. Lançado em Sundance no começo do ano, fez um longo e proveitoso caminho por outros eventos.

Enquanto isso, a comédia Dos más dos, dirigida por Diego Kaplan e com Adrián Suar como protagonista, levou quase um milhão de espectadores aos cinemas e arrecadou 27 milhões de pesos argentinos (cerca de R$11,1 milhões).

CHILE (ao redor de 20 estreias nacionais)

No x Stefan vs Kramer

Atualmente em cartaz no Brasil, No, o quarto longa do talentoso diretor chileno Pablo Larraín, é um marco na história do Chile: é a primeira obra nacional selecionada para disputar um Oscar estrangeiro. Essa categoria do Oscar, vale lembrar, costuma ter representantes bem autorais, além de histórias que tocam em temas sociais, políticos, direitos humanos... No, que em seu país alcançou a boa marca dos 110 mil espectadores, é sobre o plebiscito que terminou tirando Augusto Pinochet do poder.

Já Stefan vs Kramer, do popular comediante Stefan Kramer, foi o hit comercial finalizando o ano com dois milhões de espectadores e uma arrecadação de mais de 5 milhões de dólares (cerca de R$10 milhões), virando o maior sucesso da história da cinematografia nacional. Sem dúvida, 2012 foi um ano bom pros chilenos.

COLÔMBIA (23 estreias nacionais)

La Playa D.C. x Mi gente linda, mi gente bela

Também os colombianos têm o que comemorar graças a 2012. Foram 23 os lançamentos nacionais ao longo do ano (cinco a mais que no período anterior), e a Colômbia se fez presente nos festivais internacionais de maior destaque. La Playa D.C., o primeiro longa de Juan Andrés Arango, foi tido como um dos representantes de um novo cinema nacional, mais sutil nas histórias e de boa qualidade técnica. Estreou em Cannes e, depois disso, fez carreira em outros festivais.

Por outro lado, o país é fã de comédias escrachadas com estética televisiva, e desse departamento faz parte Mi gente linda, mi gente bella. O filme trouxe de volta a bem-sucedida dupla Harold Trompetero-Dago García, superando os 600 mil espectadores.

PERU (8 estreias nacionais + 20)

Lima Bruja x Los ilusionautas

Não é fácil seguir os rastros cinematográficos do Peru, começando por analisar suas estreias nacionais: registram-se oito filmes no circuito comercial e 20 em espaços alternativos. O respeitável site Cinencuentro elegeu o documentário Lima Bruja, sobre música criolla, como o melhor filme peruano de 2012. Já o público levantou a bola da animação Los ilusionautas, de Eduardo Schudt, que finalizou o ano como o filme de maior bilheteria, com 740 mil dólares de arrecadação (cerca de R$1,5 milhões).

URUGUAI (15 estreias nacionais)

Tres x Selkirk, el verdadero Robinson Crusoe

O maior nome do cinema uruguaio atualmente é Pablo Stoll, que em 2012 lançou seu quarto longa-metragem: Tres. Apesar de ter ganhado muitos prêmios festivais afora, no país ele conquistou somente 13.500 espectadores. A cifra, na verdade, nem pode ser considerada baixa se comparada com a do filme que mais público teve no país em 2012: Selkirk, el verdadero Robinson Crusoe, visto por 19.700 pessoas.

No Uruguai, é “antiga” a constatação de que o cinema nacional tem dificuldade de se conectar com o grande público. Seja como for, estamos falando de um país de apenas três milhões de habitantes, cujo mercado é naturalmente restrito.

MÉXICO 

Después de Lucía x Colosio, el asesinato

Em meio aos sucessos comerciais que marcaram o cinema mexicano em 2012, filmes de autor se dispersam num mar de opiniões. Mas vale destacar Los últimos cristeros, de Matías Meyer, que chamou a atenção dos críticos e dos frequentadores de festivais. Sem falar em Después de Lucía, de Michel Franco, premiado pela seção Um Certo Olhar, do Festival de Cannes, e que em breve estreia no Brasil.

Em termos de indústria, por outro lado, os dados são claros. Colosio, el asesinato, de Carlos Bolado, gerou ganhos de 56 milhões de pesos mexicanos (R$9 milhões) em bilheteria, tornando-se o maior sucesso do ano no país, segundo os dados divulgados pela Cámara Nacional de la Industria Cinematográfica y del Videograma, que sinalizou que o cinema nacional aumentou seu lucro em 8,82% em relação ao ano anterior.

Extraído do sítio Opera Mundi

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