22 de janeiro de 2013

O TRISTE ADEUS DE WALMOR CHAGAS - Leila Cordeiro


As informações que chegam sobre a morte do ator Walmor Chagas não poderiam ser mais tristes. A própria família admite ter sido suicídio, pois Walmor estava muito deprimido ultimamente, segundo seus parentes e amigos, por conta da saúde fragilizada.

Um amigo de muitos anos chegou a dizer que ele tinha medo de dar trabalho às pessoas, já que estava praticamente cego, com pressão alta, diabetes em estágio avançado e dificuldade de se locomover. Por isso, segundo ainda o amigo, Walmor teria “escolhido o dia de morrer”.

Claro que, ao lado dos problemas de saúde, vem também a depressão por estar fora dos holofotes da fama. Walmor foi um ator irretocável, uma unanimidade de talento e profissionalismo, mas do alto de seus 82 anos sabia que seu tempo tinha passado e por mais que estivesse ciente disso, a falta dos palcos e das câmeras acabaram transformando-o em personagem de sua própria tragédia.

Evidente que o suicídio não deve nunca ser a última saída para uma crise existencial, uma depressão ou mesmo um cansaço da vida por causa de doenças irreverssíveis, mas também não se pode julgar as pessoas que o cometem. Talvez, em vez de covardes deveriam ser consideradas corajosas, pois dar cabo da própria vida é o mais difícil ato que um ser humano pode cometer.

Infelizmente, assim como Walmor, milhões de idosos passam pelo mesmo problema no Brasil.

O que dizer de um país que não cuida apropriadamente de seus velhinhos? Que os deixa na fila da aposentadoria à míngua, horas a fio, a ponto de alguns não resistirem e ali mesmo, no meio da rua, morrerem de dor, fome e exaustão?

O que dizer de um país cuja renda de um aposentado mal dá para comer, quanto mais mais viver com um mínimo de qualidade tendo acesso a divertimentos e distrações adequados à sua idade. Na verdade, trata-se de um segmento da população sem horizontes a caminho da depressão ou da morte.

Walmor se foi, sem deixar uma carta de despedida. Ficaram suposições sobre sua partida e talvez, na família, uma sensação de impotência e a dúvida se realmente deram a ele a atenção que merecia. Se ficar provado que realmente Walmor preferiu desaparecer por conta própria para não dar trabalho, vai ficar o peso da tristeza no coração de todos os brasileiros e a dor de um país que não respeita quem já saiu de cena.

Extraído do sítio Direto da Redação

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