6 de janeiro de 2013

OS SALÕES PARISIENSES - Tim Gebhart

O objetivo da anfitriã de um salão era o de criar uma atmosfera de respeito e tranquilidade. “No Salão”, de Napoleone Coccetti, óleo sobre tela, 1881, coleção particular (Artrenewal.org)

De acordo com o historiador Tom Standage, o humilde grão de café merece algum crédito por contribuir para o Iluminismo.

Antes da introdução do café na Europa, a bebida matinal geralmente consistia em algum tipo de bebida alcoólica. Mas ao invés de iniciarem o dia ligeiramente inebriados, os consumidores de café estavam alertas e despertos. No séc. VII, este produto recentemente cultivado se tornaria sinônimo de educação e discurso civilizado.

Na Inglaterra, as casas que serviam café eram curiosamente chamadas de Universidades Penny. Qualquer pessoa independentemente do seu status social que tivesse um penny (moeda americana) podia entrar, beber café e ouvir ideias de longínquos cantos do mundo. Mais notório é que a ausência de álcool promovia uma atmosfera de educação, respeito e conversas criativas. O grão de café fez reviver o mundo ocidental e proporcionou uma alternativa respeitável ao álcool.

Encontros, ou em françês, “salons”, eram locais onde as pessoas podiam partilhar as suas ideias em espaço publico de forma construtiva.

Foi nos salões de café da Grã-Bretanha e nos primeiros salões da França que homens e mulheres aperfeiçoaram a arte da conversação. Os resultados foram nada menos que miraculosos.

Mulheres elegantes

Catarina de Vivonne, Marquesa de Rambouillet (1588-1665), criou um conjunto de regras de etiqueta que eram oferecidos à experiência num dos primeiros salões na França realizado no Hotel de Rambouillet, em Paris.

Dentro do ambiente do salão, ser despretensioso e simples era obrigatório. Um pessoa não deve fazer a outra sentir que seus pontos de vista são inadequados. O respeito mútuo e a cortesia devem ser visíveis em todos os momentos; o tom de voz não deve ser elevado e um orador não deve ser interrompido.

Catherine de Vivonne moderava as conversas para ter certeza de que não perdessem o controle ou ficassem sem educação. Seu papel enquanto anfitriã, ou salonnière, era despertar o que havia de melhor nas pessoas.

Em “A mulher dos salões franceses”, por Amelia Gere Mason, Catherine de Vivonne foi citada como tendo afirmado que “o talento social é distinto, e implica uma postura graciosa de caráter e intelecto; a mistura delicada de muitos atributos e não a supremacia de um único. Implica ter gosto e versatilidade, uma discriminação refinada, e a sensibilidade de empatizar com a personalidade do outro, assim como trazer à tona o melhor no outro”.

O objetivo da saloonière era o de criar uma atmosfera de bem estar, de pensamentos e ideias fluidas, para que pudessem ser partilhados de forma construtiva e a critica pudesse ser feita em beneficio do outro para ajudá-lo a avançar suas ideias.

Foi neste contexto que inúmeros poetas, artesãos, filósofos e até Benjamin Franklin exercitaram seus pensamentos e ideias.

As salonnières eram praticamente reverenciadas na sociedade francesa daquele tempo. O seu caráter de alto nível deixava impressões em todos que conhecia. A realeza era frequentemente convidada às casas das salonnières, cujo bem mais precioso era sua graciosidade.

O Iluminismo

Benet Davetian, autor que escreve sobre os salões do séc. XVII e XVIII, nota que “não são necessários milhões de pessoas para mudar a realidade social. Salões em épocas anteriores provaram que é necessário apenas uma mão cheia de indivíduos interessados e criativos para desencadear uma mudança positiva em larga escala”.

A criação de um ambiente onde as pessoas podem interagir e expressar livremente suas experiências de vida levou a uma das épocas mais diversas na civilização ocidental. Dentro dos salões e cafés, uma pessoa podia aperfeiçoar a arte da conversação e da vida.

Benet Davetian afirmou que “os salões eram, portanto, meios extremamente eficazes para mitificar e fortalecer o ideal do comportamento nobre”.

No mês passado, o Consulado da Bulgária em Nova York anunciou a abertura do “Salon Noir de Mlle. Pondeva”, no prédio do consulado em Nova York, sob o patrocínio do Sr. Totchev, cônsul geral da República da Bulgária em Nova York.

O salão é dedicado aos lendários salões da Itália e da França do séc. XVI ao séc. XIX, que ajudaram a inaugurar a era do Iluminismo. Famosas salonnières incluindo Madame Geoffrin, Madame de Staël, Madame de Tencin, Madame Récamier, Condessa Greffulhe, e Catherine de Vivonne (Marquesa de Rambouillet).

Extraído do sítio The Epoch Times

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