13 de janeiro de 2013

QUANDO FALSIFICAR SE TORNA UMA ARTE - Cláudia Carvalho

Elmyr de Hory, a quem o Círculo de Belas Artes de Madrid vai dedicar uma exposição este ano, foi um dos maiores falsificadores da história: assinou como Picasso, Matisse, Renoir, Modigliani e Degas 

É o velho dilema da arte. Quanto vale uma cópia de um quadro de um grande mestre da pintura? Uma cópia,se for mesmo muito bem feita, tem valor artístico?

Talvez estas sejam perguntas sem resposta. Para a história, e na memória, ficam os nomes de mestres como Picasso, Modigliani ou Degas, e não os daqueles que sempre tentaram imitar a sua arte. Esta é a regra, Elmyr de Hory (1906-1976) é a excepção.

Conhecido como um dos maiores falsificadores de obras de arte da história, o húngaro, que morreu em 1976, vai ter uma exposição em Madrid dedicada à sua obra. Elmyr de Hory. Proyecto Fake, que inaugura em Fevereiro no Círculo De Belas Artes, expõe ao público pela primeira vez os óleos e as aquarelas com que o falsificador se tornou conhecido. A proposta da exposição, curada por Dolores Durán, é pôr o público a reflectir sobre os conceitos de autoria e de verdade na criação artística. Onde está a originalidade da cópia? Como se identificam os traços de cada autor, o original e o falsificador?

Muito recentemente, quando o Museu do Prado, também em Madrid, anunciou, no início do ano passado, a descoberta da cópia mais antiga de sempre da Mona Lisa, de Leonardo da Vinci, estas perguntas voltaram a estar em cima da mesa. Uma cópia mais bonita do que o original, escreveram então alguns jornais. Mas é possível que a cópia seja melhor do que o original? Que crédito merece o autor se não é dele a ideia, ainda que tenha conseguido imitar perfeitamente o mestre?

Por ter posto tudo isto em causa, Elmyr de Hory sempre foi uma figura carismática na arte. Enganou curadores, artistas e directores de museus. Assinou como Picasso, Matisse, Renoir, Modigliani ou Degas. Conseguiu ter quadros expostos em alguns dos locais mais importantes do mundo e vendeu trabalhos a preços milionários. A sua vida e a sua arte despertaram primeiro a atenção do norte-americano Clifford Irving, que em 1969 publicou a biografia Fake! The Story of Elmyr De Hory, the Greatest Art Forger of Our Time, e depois do realizador Orson Welles, que contou a história de Elmyr de Hory no cinema em F for Fake, de 1974.

A exposição do Círculo de Belas Artes de Madrid estará aberta ao público de 7 de Fevereiro a 12 de Maio.

Extraído do sítio Público.pt

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