25 de fevereiro de 2013

2º FÓRUM MUNDIAL DA BICICLETA CHEGA AO FIM PROPONDO NOVAS POLÍTICAS PARA O BRASIL - Rachel Duarte

Público total nos quatro dias de evento chegou a 7 mil pessoas, segundo a organização. Foto: Ramiro Furquim/Sul21

A 2º edição do Fórum Mundial da Bicicleta encerrou neste domingo (24) com balanço positivo dos organizadores do evento. A participação nas oficinas foi superior a primeira edição, realizada em 2012, e o público total nos quatro dias de fórum chegou a 7 mil pessoas. Por decisão coletiva na assembleia geral de encerramento, outras cidades brasileiras poderão sediar o Fórum Mundial da Bicicleta de 2014. O prazo para candidaturas dos municípios interessados será até abril deste ano. O principal critério é manter a organização do evento de forma horizontal e independente de apoio institucional.

Realizado de forma totalmente colaborativa, o Fórum Mundial da Bicicleta deste ano teve um foco central nas atividades autogestionárias promovidas na Casa de Cultura Mário Quintana. As pedaladas e passeios ciclísticos turísticos diminuíram em relação a primeira edição. “Nossa primeira edição definiu a presença das bicicletas nas ruas da cidade. Desta vez, nos voltamos a discutir a realidade que queremos em termos de mobilidade. Como a utilização das bicicletas pode trazer transformação social, por meio da consciência ambiental, e uma forma de organização política”, explicou Lívia Biasotto, voluntária na organização do evento.

Uma vez que a visibilidade das bicicletas é importante para incentivo do meio de transporte, uma pedalada cantante foi promovida no último sábado (23), enquanto no domingo (24) cerca de 150 pessoas subiram ao Morro do Osso, na zona Sul de Porto Alegre.

A segunda edição do Fórum Mundial da Bicicleta começou no dia 21 de fevereiro e trouxe palestrantes internacionais como Caroline Samponaro, diretora da Transportation Alternatives, organização nova-iorquina que trabalha com modais alternativos para mobilidade urbana; Laura Marcela Cuña Santa María, da Secretaria de Cultura, Recreação e Esporte da prefeitura de Bogotá; Amarilis Horta Tricallotis, diretora do Centro de Bicicultura de Santiago do Chile; e Mona Caron, artista plástica e integrante da Massa Crítica de San Francisco, cidade dos Estados Unidos onde surgiu o movimento de cicloativistas.

Fórum Mundial da Bicicleta promoveu uma pedalada cantante e uma subida turística até o Morro do Osso.  Foto: Ramiro Furquim/Sul21

Na opinião do cicloativista Marcelo Calil a troca de experiências com a artista estadunidense foi importante para perceber a realidade dos perímetros urbanos brasileiros. “Por meio da arte, ela percebeu os contrastes das cidades, que promovem desequilíbrios no acesso a equipamentos básicos nos bairros. Geralmente bairros mais nobres têm mais ciclovias e estrutura, deixando à margem os bairros periféricos”, comentou.

Segundo Marcelo, a carta de princípios construída no encerramento do Fórum servirá de base para orientar os gestores públicos sobre o futuro da mobilidade urbana. “Queremos cidades mais humanas, onde as pessoas não tenham medo de sair ou ser atropeladas. Cidades verdes, com mais espaço de convivência cidadã”, definiu.

A cidade de Porto Alegre teve modificações em termos de políticas públicas de mobilidade, após a realização do primeiro Fórum. A administração municipal investiu em ciclovias e no aluguel de bicicletas em alguns pontos da cidade. Os visitantes avaliaram as medidas como positivas, mas ressaltaram que as ações não resolvem o problema do trânsito. “Todas as medidas adotadas no país ainda partem da visão de ter o carro como meio de transporte principal. É isso que temos que modificar. Os gestores públicos precisam dialogar com os ciclistas para desenvolver um plano exitoso para convivência das bicicletas no trânsito. Construir ciclovias não resolve o problema da intolerância. Em Porto Alegre, por exemplo, existe um plano cicloviário que não é cumprido”, alega Livia Biasotto.

“Porto Alegre teve melhoras, mas é pouco em relação as demandas que temos na mobilidade urbana. A cultura precisa ser modificada. Muitos que pedalaram conosco aqui durante o Fórum relataram a agressividade dos taxistas da capital”, citou o ciclista Marcelo Calil.

“Porto Alegre teve melhoras, mas é pouco em relação as demandas que temos na mobilidade urbana. A cultura precisa ser modificada”. Foto: Ramiro Furquim/Sul21

O financiamento do evento foi por meio de uma arrecadação espontânea, mobilizada pela internet. Foram arrecadados R$ 16 mil, gastos com a despesas gerais do evento e passagem para os palestrantes estrangeiros. A hospedagem, inclusive dos palestrantes, foi feita de forma solidária. “Eles conviveram conosco nas nossas casas estes dias. Foi muito rico. Conversando, conseguimos construir as políticas de forma coletiva. A troca de experiências faz refletir a nossa realidade e gera um aprendizado que podemos evoluir para solucionar nossos problemas”, avalia Lívia.

A contabilidade do 2º Fórum Mundial da Bicicleta ainda está sendo computada pelos organizadores. Os recursos que sobrarem integrarão um fundo para realização das próximas edições.

Extraído do sítio Sul21

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