17 de fevereiro de 2013

ARTISTAS RUSSOS E ALEMÃES MOSTRAM UTOPIAS FOTOGRÁFICAS - Armen Apressian

Jens Sudenheim. Sem título. Da série "No mundo da Ciência". C Print, 100x100 © Jens Sundheim

No Centro de Arte Moderna de Moscou, foi inaugurada, ao abrigo do Ano da Alemanha na Rússia, a exposição “A Fotografia do Futuro” na qual serão exibidos os trabalhos de dezenas de fotógrafos modernos da Rússia e da Alemanha.

Diariamente, a Web é invadida por centenas de milhares de fotos de variável qualidade e valor artístico. Isso complica a vida dos que se dedicam à arte fotográfica. Por vezes, nem um especialista consegue distinguir uma fotografia feita por um amador da obra de um verdadeiro artista fotográfico. Mas aparecem curadores que inventam conceitos novos e propõem a participação de fotógrafos de vários países. O conceito inventado por Wolf Iro causa admiração pela sua elegância e aparente simplicidade. Ele convidou os artistas a refletirem sobre o tema do futuro e a fotografá-lo.

À primeira vista, soa um pouco estranho: normalmente a fotografia regista o presente, que imediatamente se transforma em passado. Claro que um verdadeiro fotógrafo deve prever o que se irá passar depois daquelas frações de segundo entre o apertar do botão propriamente dito e o funcionamento da câmara. Ao conceber a imagem, ele tenta sempre antever o instante seguinte, mas a sua antevisão do futuro se esgota aí.

Na opinião do autor da ideia, Wolf Iro, “fotografar o futuro é uma tarefa que não é evidente para o artista e nós estávamos curiosos em saber como cada um deles iria abordar essa tarefa. Mas eu tinha a certeza, desde o princípio, que a exposição iria ser muito brilhante, nem que seja porque aqui são apresentados trabalhos completamente novos de autores já consagrados”.

Os autores abordaram a ideia de formas diferentes. A fotógrafa de Dresden Ricarda Roggan registou máquinas de jogos, que deliciavam as crianças há 20 anos, abandonadas e cobertas com grandes camadas de pó. Os trabalhos apresentados na exposição da sua série Reset têm estilo, foram executados com uma grande mestria e bom gosto, fazem mais lembrar pinturas feitas por um pintor hiper-realista.

Já Eva Leitolf documentou, na sua série “Clarificação”, os vestígios do que é pessoal no espaço institucional dos centros de acolhimento alemães para jovens refugiados. Por um lado, nas suas fotos os heróis do futuro têm uma presença invisível, por outro, ela coloca uma questão premente sobre o futuro que espera a Europa, quais serão as nacionalidades a povoá-la e em que línguas irão comunicar.

Se nesses projetos as ideias são transparentes e o espectador não necessita de mergulhar num processo de suposições e de participação no processo criativo, já noutros, como por exemplo no projeto “Dez Fotografias” de Anton Kuryshev, não é fácil entender o conceito. As fotos de pessoas aleatórias, mergulhadas nas suas próprias reflexões, seriam completamente banais fora do espaço de exposições. Mas se se entender esses personagens como uma imagem da humanidade futura, isso resulta perfeitamente conceptual.

A curadora da exposição Ekaterina Lazareva, referiu, ao abordar os critérios de seleção dos autores, que “foram convidados artistas nos quais foi referenciado um interesse pelo futuro e que trabalham precisamente na área da arte moderna”.

“Os fotógrafos apresentados nesta exposição têm uma biografia. Em cada um deles é reconhecível a história de uma linguagem, uma expressão plástica e método próprios. Todos os autores convidados aceitaram com agrado em participar no projeto, mas depois estiveram a refletir longamente: a tarefa não era simples, a utopia não tem nenhuma descrição concreta e é muito difícil visualizar uma utopia, porque entendes que já daqui a dez anos a tua visualização será vista como arcaica.”

Wolf Iro acrescentou: “Eu penso que o público irá gostar. A capital tem uma vida cultural demasiado saturada, enquanto na província russa, em cidades como Nijni Novgorod, Ekaterinburgo ou Novossibirsk, onde nós tencionamos levar o nosso projeto, a arte moderna desperta um grande interesse.”

Em 2013, a exposição irá percorrer várias cidades da Rússia e, para finalizar, será exibida em Berlim.

Veja as fotos

Extraído do sítio Voz da Rússia

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