8 de fevereiro de 2013

BRASIL É TEMA DO CARNAVAL DE COLÔNIA - Christina Weise


Samba e muitas fantasias em verde e amarelo dominam a folia na cidade alemã. Desfile da segunda-feira terá carro alegórico criticando a presidente Dilma Rousseff e o chefe da Fifa, Sepp Blatter.

"Carnaval no sangue – aqui e no Pão de Açúcar" é o lema do carnaval de Colônia deste ano. Desde novembro a cidade às margens do Reno está em clima de samba. Fantasias em verde e amarelo são vistas nas ruas, grupos de sambas conquistaram os palcos dos salões de festa, quase todas as bandas carnavalescas escreveram uma música sobre o Brasil e também o Dreigestirn, o triunvirato formado por um "príncipe", uma "donzela" e um "agricultor" e que é o maior representante do carnaval local, apresentou um samba.

"Nunca um tema havia sido representado tão intensamente nos diferentes setores", explica Christoph Kuckelkorn, vice-presidente do comitê de festa do carnaval de Colônia e diretor do desfile que tradicionalmente ocorre na segunda-feira. "Havia cinco anos que eu desejava ter o Brasil como tema do carnaval de Colônia."

Christoph Kuckelkorn é diretor do desfile de carnaval de Colônia há oito anos
Neste ano surgiu, então, um duplo motivo: há um ano as cidades do Rio de Janeiro e de Colônia se tornaram parceiras, e em maio começa o Ano da Alemanha no Brasil. A iniciativa alemã terá um contraponto no carnaval do Rio: a escola de samba Unidos da Tijuca vai homenagear a Alemanha no seu desfile no sambódromo.

Sons brasileiros

Na região de Colônia, os grupos alemães de samba se empolgaram com o tema deste ano e acabaram um pouco decepcionados. "Nós achamos que seria o ano do samba e também dos grupos de samba da cidade", diz Ralph Plassmann, coordenador de cena do clube Sambacabana. "Mas estávamos enganados: para os grandes eventos foram contratos brasileiros", lamenta.

A logo da edição 2012/2013 do carnaval de Colônia

Mesmo assim, os grupos foram mais solicitados do que no ano passado, mas principalmente para festas privadas. O Sambacabana tem mais a oferecer do que a maioria dos grupos de samba alemães. "O show começa com música, depois vêm os dançarinos – é aí que a festa realmente começa", explica Plassmann, que toca tambor no grupo.

No carnaval de rua, os 32 integrantes da Sambacabana querem impressionar os foliões no Schull e Veedelszöch, desfiles menores pelos bairros de Colônia.

O auge do carnaval

O desfile da segunda-feira é o ápice do carnaval de Colônia. Este ano ele será aberto seguindo fielmente o tema. Cinco sociedades carnavalescas se uniram em um grande grupo e vão comandar, como se fossem uma escola de samba, os sete quilômetros do desfile da Rosenmontag, como os alemães chamam o dia.

"No meio do grupo seguem 150 músicos em um carro coletivo. Sua música vai ser transmitida ao vivo por meio de altofalantes para os outros carros individuais dos clubes", explica, com orgulho, Kuckelkorn. É a primeira vez que isso ocorre. "Assim será produzida a mesma acústica do sambódromo no Rio", diz o carnavalesco.


O Sambacabana é um dos tradicionais grupos de samba alemães

Ele sabe do que está falando. No ano passado, Kuckelkorn viajou duas vezes para o Rio de Janeiro e observou apresentações de escolas de samba. "Eu até participei de um desfile", conta o diretor.

Dilma com o rolo compressor

O desfile da Rosenmontag é conhecido por mesclar temas locais e também nacionais e internacionais. "Neste ano estão presentes a próxima Copa do Mundo, os jogos olímpicos e a Jornada Mundial da Juventude", revela Kuckelkorn.

Críticas a políticos são comuns no carnaval de Colônia, e os carnavalescos alemães não costumam poupar ninguém. Segundo Kuckelkorn, um dos carros alegóricos mostrará a presidente Dilma Rousseff sentada ao lado do presidente da Fifa, Sepp Blatter, sobre um rolo compressor que retira do caminho uma favela. Ao fundo brilham os arranha-céus do Rio. O carros faz alusão às pessoas que foram despejadas para dar lugar às vias e aos estádios da Copa do Mundo.

Outra cultura de carros alegóricos

O brasileiro Wanderley Vieira Bastos constrói há 15 anos carros alegóricos para os carnavais do Rio e de Lisboa. Desta vez ele foi encarregado de criar um para o desfile da Rosenmontag. A temática de seu carro é a floresta tropical na região do Amazonas.

O primeiro desenho de Vieira para seu carro amazônico

Originalmente, ele queria incluir muitos elementos móveis, como pássaros que pairam no ar. "Mas tudo isso não foi possível", lamenta Vieira. As rígidas medidas de segurança na Alemanha não permitem esse tipo de construção. "Em compensação, tudo aqui é muito bem organizado e muito mais profissional do que no Brasil", constata o construtor.

Para a construção de seu carro amazônico, ele precisou de somente um mês. Mas é um carro pequeno, pondera. "Sempre queremos construir carros altos, o mais alto possível. No Rio, eles têm cerca de dez metros de altura", explica Vieira. Entretanto, esses carros desfilam somente no Sambódromo e não nas ruas. Em Colônia, os carros alegóricos não podem passar de quatro metros e meio.

Apesar das regras rígidas, o brasileiro gostou de trabalhar na cidade renana. "Aqui, as pessoas jogam balas durante os desfiles. Isso é muito legal!", comenta. Ele tem certeza de que os brasileiros que estiverem em Colônia vão se sentir um pouco em casa durante o desfile desta segunda-feira.

Extraído do sítio Deutsche Welle

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