23 de fevereiro de 2013

OBRA DE SPIELBERG MOSTRA UM LINCOLN HUMANIZADO - Sara Campos

O ator, Daniel Day-Lewis, interpreta o ex-presidente americano Abraham Lincoln (Divulgação / DreamWorks)

Uma obra repleta de saudosismo. Essa é a sensação transmitida pelo filme Lincoln, do diretor Steven Spielberg. Presença marcante em suas obras, o sentimentalismo humano se mantém como peça fundamental do último filme do diretor que recebeu 12 indicações ao Oscar.

Um Lincoln humanizado e que tenta enxergar com justiça uma nação dividida por uma sangrenta guerra civil dá o tom ao roteiro. O brilhante Daniel Day-Lewis faz um grande trabalho de expressão corporal – a semelhança com o ex-presidente americano ultrapassou os recursos de maquiagem e a impressionante magreza do ator – e foi reforçada por cenários escuros com pontuais focos de luz para o presidente.

É interessante ver a representação dos conflitos familiares de Abraham Lincoln: a relação estreita com o filho caçula, Thomas Lincoln, e a relação fragilizada com o filho mais velho, Robert Todd Lincoln. Sally Field aparece brilhante como a primeira-dama, Mary Todd, que apesar de ser de família escravista e ter dois irmãos mortos pela Guerra de Secessão, apoiou a causa de Lincoln incondicionalmente durante toda a vida.

Apesar da interessante história que revela um processo de abolição da escravatura que influenciaria outros países do globo, o roteiro teve uma intenção nacionalista, talvez um reflexo da necessidade de reafirmação da força de um país em crise diante do mundo. O objetivo pareceu claro ao mostrar um presidente determinado com discursos de apelo emocional.

O cineasta acertou em focar na discussão entre os membros do Congresso sobre a abolição e não em cenas de guerra, fato que contribuiu para que o filme fosse mais denso e reflexivo e que ultrapassasse os roteiros clichês sobre a Guerra de Secessão. Um elemento que faltou ser revelado com mais detalhamento foi a justificativa do apoio à escravidão dos estados Confederados além do deplorável racismo.

No longa-metragem, Spielberg nos permite conhecer a fundo os processos políticos internos para a aprovação de uma emenda constitucional, retirando o papel heroico do presidente que “tudo pode” e valorizando um presidente com grande traquejo político. As 12 indicações ao Oscar foram merecidas – mais merecido ainda foi a indicação a Melhor Ator para Day-Lewis, sem dúvida.


Extraído do sítio The Epoch Times

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