19 de março de 2013

CAFEÍNA NEM SEMPRE TEM O EFEITO DESEJADO - Gudrun Heise


Estudantes costumam apelar para a cafeína e outros estimulantes para melhorar o desempenho cerebral. Mas o efeito não é garantido e nem sempre aquele desejado.

Em época de provas, muitos estudantes têm a impressão de que a sua capacidade de concentração diminui. Ou então o tempo para se preparar é curto demais, e a saída é estudar noite adentro. Eles costumam então apelar para um antigo remédio: altas quantidades de café para se manter acordados.

Outros vão além e usam tabletes de cafeína ou até mesmo medicamentos que só podem ser comprados com receita médica – o chamado doping cerebral é muito comum entre aqueles que estão sob estresse.

"Doping cerebral é o consumo de substâncias psicoativas com o objetivo de elevar o desempenho do cérebro. Essas substâncias costumam ser vendidas com receita médica", diz o professor Klaus Lieb, diretor de Psiquiatria e Psicoterapia da Universidade de Mainz.

Estudantes costumam apelar para a cafeína antes das provas
A universidade alemã realizou uma pesquisa com cerca de 2.600 estudantes para saber com que frequência eles recorrem ao doping cerebral. Segundo a pesquisa, 20% dos alunos tomaram, ao menos uma vez, comprimidos de cafeína, anfetaminas, ritalina ou outras substâncias no período de um ano. O percentual elevado se deve ao anonimato assegurado aos participantes e também ao fato de os pesquisadores não diferenciarem entre os tipos de medicamentos.

O professor de neurofilosofia Stephan Schleim, da Universidade de Munique, diz que as pesquisas sobre doping cerebral costumam ser feitas com estudantes porque é muito comum o uso de substâncias para elevar o desempenho cerebral entre esse público. "Mas todas as pesquisas que eu conheço mostram um percentual de uso inferior a 10%", diz.

Com ou sem receita

Na Alemanha, comprimidos de cafeína são vendidos em farmácias sem prescrição médica. Esse não é o caso da ritalina e de outras substâncias. O medicamento tem efeito estimulante e é utilizado no tratamento do Transtorno do Deficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH), uma síndrome caracterizada por desatenção, hiperatividade e impulsividade. A ritalina aumenta a concentração sanguínea da dopamina, mais conhecida como hormônio do prazer.

A maioria dos estimulantes só é vendida com receita médica, e alguns são considerados entorpecentes, diz Schleim. "É importante ir ao médico para saber se existem fatores individuais de risco."

Ritalina eleva concentração do hormônio do prazer
Cada pessoa reage de maneira diferente a uma substância, mesmo à cafeína. Geralmente há também uma diferença entre a melhora percebida pela pessoa e a real, explica o psicólogo Tim Pfeiffer-Gerschel, do Instituto para Pesquisas de Terapia de Munique. Segundo ele, pessoas que consomem uma grande quantidade de estimulantes tendem a superestimar suas capacidades.

Nem sempre o efeito desejado

Uma sensação de euforia é seguida de um estado de depressão – quando o efeito estimulante obtido com o uso de uma substância começa a diminuir, muitas pessoas costumam ingeri-la novamente para manter o efeito. Isso tem um preço: "A pessoa atribui todo o seu desempenho ao uso de estimulantes", diz Pfeiffer-Gerschel. "Esse é certamente um aspecto que consideramos na hora de diagnosticar uma dependência psicológica."

Além disso, estudos mostram que o consumo de substâncias para se manter acordado ou para melhorar o desempenho nem sempre tem o efeito desejado. Muitas pessoas passam a reagir impulsivamente. Na hora da prova, elas podem responder rápido demais, o que pode fazer com que elas tenham notas até mais baixas do que as dos colegas.

A tarefa a ser cumprida também é um fator importante. "Se a tarefa é memorizar números ou cartões de um jogo da memória, o desempenho talvez possa ser um pouco melhorado", diz Schleim. Mas quando se trata de tarefas complicadas ou de planejamento, o uso de medicamentos pode ser contraprodutivo.

Extraído do sítio Deutsche Welle

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