7 de março de 2013

CANAIS DE ENERGIA SEGUNDO A MEDICINA TRADICIONAL CHINESA - Isaac Padilha Guimarães Júnior

Médica chinesa Wenjun Zhang posicionando agulhas de acupuntura (Thomas Lohnes/AFP/Getty Images)

Quando falamos sobre “canais de energia” muitas pessoas franzem suas testas como se estivéssemos falando sobre antigas superstições sem caráter científico. A medicina oriental possui bases científicas diferentes da ciência contemporânea ocidental. Trata-se de uma ciência empírica embasada em um rico conteúdo e uma longa história de observações e experimentações clínicas.

O desenvolvimento da acupuntura e moxabustão (cauterização dos pontos de acupuntura) proporcionaram a base para o desenvolvimento da teoria dos canais. De acordo com uma teoria, a estimulação de alguns pontos proporcionavam uma sensação que se transmitia ao longo de uma linha. Outras observações interessantes é que quando surgiam alterações em uma área, tecido ou ponto, havia prejuízo funcional nesses trajetos e também produziam-se sintomas interiores. Com mais tempo de observação perceberam que alterações internas geravam também manifestações externas como mudança de coloração, textura, temperatura e também de funcionalidade.

O Suwen (Assuntos Fundamentais) é fortemente influenciado pela escola naturalista e nos diz que tudo o que é manifestado provém da atividade sutil, imperceptível aos sentidos humanos. Buscar a resposta para essas questões pelos métodos científicos que dispomos, não invalida o que está descrito nos textos clássicos, apenas comprova que a nossa ciência não é um indicador válido absoluto para definir tais questões.

Atualmente, consideramos que o corpo humano possui 12 canais regulares, 12 canais de conexão, 8 canais extraordinários, todos conectando órgãos, vísceras, tecidos do corpo, regiões, ligando o externo ao interno em uma circulação incessante que mantém a estrutura humana. Nesses trajetos encontramos 365 pontos de acupuntura, iguais aos dias do ano. Nos 12 canais temos uma divisão semelhante aos meses, os oito canais extraordinários nos remetem às 8 direções da rosa dos ventos (pontos cardeais). Essa classificação foi realizada visando à prática de técnicas como a acupuntura e moxabustão.

Algumas contribuições importantes foram acrescentadas pelos praticantes de métodos que usam energia para cultivar o corpo e a mente (Qigong). Algumas dessas práticas forneciam informações sobre a circulação de energia no organismo de acordo com o conhecimento de sua escola.

As práticas de Qigong variam em seus fundamentos. Algumas escolas cultivavam o interior como as práticas de Dao Yin, em quietude. Em outras, o cultivo era externo como nas práticas marciais para o fortalecimento da superfície do corpo. Algumas cultivam simultaneamente o interior e o exterior. As principais escolas são a Buda e a Tao.

No livro Zhuan Falun, de Li Hongzhi, é dito que o corpo humano tem milhares de canais de energia, que esses canais entrecruzam-se horizontal e verticalmente e estão presentes até mesmo nos espaços entre os órgãos internos.

A essa altura alguns leitores podem se perguntar: Se há tantos canais assim, por que a descrição que temos é apenas a descrita na literatura moderna? Na verdade, não há contradição, apenas temos o conhecimento do uso terapêutico das vias utilizadas para a prática da acupuntura, moxabustão, tui-ná, shiatsu.

Mediante uma avaliação criteriosa, podemos tratar uma afecção com um mínimo de pontos, pois todo o organismo está conectado, e um simples ponto pode provocar um estímulo em uma área, tecidos, órgão interno, órgão do sentido, entre outros.

Imagem extraída do livro de Wenbu, “Tratado de Medicina Chinesa”, Editora Roca, 1993

Alguns estudos têm sido realizados para verificar a presença dos canais energéticos, já que não possuem uma base material compatível com nossa ciência ocidental que acredita que toda a atividade é transmitida pelo sistema nervoso.

Segundo Elisabeth Rochat, “Os trajetos são maneiras de expressar a função, não sendo valorizados pela expressão anatômica tangível. O canal não é uma via, mas o regulador das funções de uma área”.

Sendo assim, os canais servem como reguladores da energia vital. Alterações nos canais provocarão mudanças na funcionalidade. Traumas, cicatrizes e alguns tipos de ferimentos são potencialmente danosos à circulação de energia e podem gerar prejuízos funcionais.

Como estamos abordando uma ciência empírica, peço que estejam abertos a experimentar por si mesmos os efeitos dessas práticas e a conhecer suas teorias de base com profundidade.

No passado fui cético e possuía muita resistência à medicina tradicional chinesa, por não ser científica dentro de meu conhecimento. Quanto tive oportunidade de aprofundar meus conhecimentos, percebi o quão profundo e extenso é o conhecimento do oriente que integra o homem, a vida e o universo, que proporciona condições de compreender a natureza das afecções, sua evolução e também meios para a restauração de forma holística.

Isaac Padilha Guimarães Júnior é fisioterapeuta especialista em acupuntura e professor titular do Instituto Brasileiro de Acupuntura e Moxabustão de Porto Alegre (Ibrampa).

Extraído do sítio The Epoch Times

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