1 de março de 2013

FEIRA DO LIVRO DE HAVANA: CONTATOS COM A LÍNGUA PORTUGUESA E A LITERATURA ANGOLANA


Entre os dias 14 e 24 de fevereiro, ocorreu a XXII Feira Internacional do Livro de Cuba, em Havana. Angola foi o país homenageado na edição do evento deste ano. A feira também celebrou os 160 anos de nascimento do mais notório poeta cubano, o herói da independência do país, José Martí (1853-1895).

No evento de Havana, cujo lema foi “Ler É Crescer”, participaram cerca de 20 escritores angolanos que estiveram em sessões de autógrafos, conferências e seminários sobre o atual estágio da literatura no país lusófono africano.

A delegação angolana – que teve à frente a ministra da Cultura, Rosa Cruz e Silva – contou com alguns dos principais nomes das letras em Angola: Arnaldo Santos, José Luís Mendonça, Roderick Nehone, Luandino Vieira, Luís Fernando, Maria Eugénia Neto, Maria Celestina Fernandes, Abreu Paxe, Carmo Neto e João Maimona.

E entre 24 de fevereiro e 10 de março, mais eventos ligados à literatura angolana ocorrerão em outras cidades cubanas, como a exposição “Pintura e Poesia e Vice-Versa em Homenagem a Agostinho Neto”, em referência ao poeta e primeiro presidente de Angola.

A Feira do Livro de Cuba foi realizada na histórica Fortaleza de San Carlos de La Cabaña, erguida no século XVIII pelos espanhóis para a defesa militar de Havana. Nos dias de hoje, o local foi transformado em um centro cultural e em um sítio histórico aberto à visitação pública.

Abaixo, uma reportagem da Agência AngolaPress (Angop) sobre um pouco da repercussão da Feira do Livro de Havana, que tem feito despertar a curiosidade das pessoas de Cuba não somente em relação à literatura angolana, como também à Língua Portuguesa.

Cuba: Angola leva Dicionário de Português à Feira do Livro de Havana – Agência AngolaPress - 21/02/2013


A literatura angolana foi a grande homenageada na edição deste ano da Feira Internacional do Livro de Cuba.

A presença de livros, discos e outras obras de arte angolana na XXII Feira Internacional do Livro de Havana, aberta a 14 desse mês, no Morro de La Cabaña, continua a atrair diariamente dezenas de feirantes ao pavilhão de Angola.

O volume e leque de opções trazidas a Cuba pela delegação angolana é considerável, mas um produto cultural tem chamado, nos últimos dias, particular atenção ao povo cubano: o dicionário em português.

Vários feirantes procuram insistentemente por esse produto, ávidos de conhecerem mais o vocabulário do idioma internacionalizado por Luís de Camões, como ocorre com a cidadã cubana Miobis Guerra.

Estudante primária dessa Língua identitária da Lusofonia, acorreu sem reservas ao pavilhão de Angola, com a esperança de encontrar um “sagrado” dicionário português, cuja falta diz lamentar.

Ouvida pela Angop, Miobis Guerra confessou que gostou da diversidade de livros encontrada, mas a sua atenção estava focalizada no dicionário. “A Feira do Livro é muito importante para nós, porque todos nos interessamos por livros. Eu particularmente estou interessada por um dicionário português, pois gostaria de estudar essa Língua”, expressou.

Disse estar interessada em conhecer a história de Angola e todos os seus marcos identitários, como a Língua, literatura, música e outras artes; daí aconselhar a delegação angolana a incluir o dicionário entre os bens selecionados para eventos como essa feira mundial.

“Eu gostaria de conhecer Angola, e por isso estou a fazer um curso de português. Queria aperfeiçoar o meu português, porque esse curso é pouco profundo na sua abordagem. Tem apenas um ano de duração, mas só agora eu comecei a formação”, referiu.

A Feira do Livro de Cuba, em homenagem a Angola, foi realizada na histórica Fortaleza de San Carlos de La Cabaña, construída no século XVIII.

Outros cidadãos que também mostraram interesse em conhecer mais sobre o português são Javier Morales e a sua esposa Grisel Pita.

Ambos acorreram ao pavilhão de Angola com o mesmo sonho de Miobis Guerra: encontrar um dicionário em português, para dar suporte ao curso que vem fazendo sobre esse idioma lusófono.

Depois de muito procurarem, por vários pavilhões da Feira do Livro, eis que o resultado e o sentimento foram desfavoráveis, trazendo ao casal um sentimento de desilusão. “Não é possível que falte um dicionário de português em todos os pavilhões”, desabafaram.

Javier Morales fez questão de sublinhar que a sua ida ao Morro de La Cabaña, nessa quarta-feira, visou simplesmente procurar um dicionário; daí ter saído de mãos vazias e rosto desiludido.

“Eu vim precisamente buscar um dicionário português, porque estou a estudar essa Língua, mas infelizmente não encontro. Enquanto país convidado, devia haver isso no pavilhão de Angola”, desabafou o cidadão que diz conhecer algo sobre o país.

Já a esposa Grisel Pita disse trabalhar em turismo e ter ido ao pavilhão de Angola confiante de poder encontrar esse material. Com um sorriso no rosto, disfarçou a desilusão de ter ficado sem dicionário, mas mostrou-se confiante que algum estudante de português ou alguma delegação angolana possa trazer, em outras ocasiões, o material a Havana, Cuba.

Disse ter informações sobre a realidade económica e política de Angola, mas gostaria de ter um conhecimento mais amplo sobre a sua história e as suas “gentes indígenas”.

“Sabemos que é um país que está se desenvolvendo muito bem. Mas não temos uma ampla informação da sua cultura, da música. Aqui na Feira devia haver mais informação sobre o país, pois se trata do convidado de honra”, comentou.

A edição deste ano da Feira do Livro de Havana despertou a curiosidade do público cubano quanto à Língua Portuguesa.

A febre pela procura do dicionário em português tomou igualmente conta do cidadão Guillerme Herrera Torres. Diferente dos demais, este não estuda o idioma, nem conhece qualquer vocabulário, mas a sua curiosidade fê-lo chegar ao pavilhão de Angola, em busca do produto.

Apesar de falta o que buscava, mostrou grande interesse em adquirir outros produtos, tendo a sua opção recaído para os livros de literatura infantil.

“Eu vim procurar também livros de crianças e consegui encontrar. Os preços estão muito acessíveis”, disse o cidadão, que se fez acompanhar ao pavilhão de Angola pelo seu filho menor, também amante da leitura e da arte. 

Extraído do sítio Ventos da Lusofonia

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