30 de março de 2013

FRIEDERICH CHOPIN, A VOZ DA POESIA - Diana Orduña Lloret

Friederich Chopin (Louis-Auguste Bisson/Musée de la Musique/Wikimedia)

A sensibilidade como guia

Nascido na Polônia, ele foi um dos mais importantes compositores do romantismo musical. Chopin tinha uma saúde frágil, mas aguda sensibilidade e inteligência. Sua vida foi curta, porém prolífica entre 1810-1849, e ele é conhecido fundamentalmente por sua obra pianística. Chopin também é considerado um compositor nacionalista e o reflexo disso é seu uso das formas tradicionais polonesas como a Mazurca e a Polonesa.

Pianista autodidata, desde muito jovem ele desenvolveu um estilo autêntico e particular, indo além do convencionalismo pedagógico; inclusive rejeitando lições de renomados mestres, buscando seu próprio caminho que resultaria numa técnica brilhante.

Como seu trabalho de composição não lhe dava um retorno econômico adequado, sua principal ocupação foi a docência e, embora não fosse sua vocação principal, a qualidade e sutileza que lhe era típicas, respeitando as características pessoais de cada aluno, lhe renderam uma demanda significante por seus serviços como professor.

O belo canto, fonte de inspiração

Durante sua adolescência, Chopin estudou no Liceu de Varsóvia, onde obteve formação em canto, literatura clássica e desenho, nutrindo seu espírito por meio da exploração de outras disciplinas, exercício de vital importância para um músico.

Ele teve contato com outros reconhecidos compositores de sua época como Hector Berlioz, Franz Liszt, Robert Schumann e Vincenzo Bellini. Em Paris, por meio de Vincenzo, ele entra em contato com o belo canto de estilo operístico italiano, que se caracteriza por ressaltar o aspecto melódico em toda sua amplitude e tem sua expressão máxima nos cantores de ópera, repletos de elegância e brilho.

O caráter lírico da interpretação e escrita de Chopin está fundamentalmente baseado no estilo vocal. O próprio Chopin aconselhava seus alunos de piano a terem aulas de canto para conectarem a natureza do canto a uma convincente interpretação lírica no instrumento.

A ‘Polonesa de Chopin’, de Kwiatkowski, mostra o salão parisiense do Hotel Lambert do Conde Czartoryski (Wikimedia)

Influência de sua “música pura” sobre a música descritiva

Diferente da maioria dos compositores do século XIX, que se valiam de ideias extramusicais (elementos além do fenômeno musical, usualmente literários) como inspiração para suas obras, Chopin acreditava na música pura, que não atribui títulos poéticos nem a relaciona com obras literárias ou eventos.

Porém, devido à familiaridade de seu lirismo pianístico com o estilo vocal e a relação de sua música com a dimensão emocional humana, suas obras acabaram sendo conhecidas por títulos genéricos como o “Prelúdio das gotas d’água”, os estudos “Revolucionário” e “Tristeza de amor” ou a Polonesa “Heroica”.

Além disse, embora não seja um fenômeno muito conhecido quando se estuda este grande músico, alguns compositores posteriores utilizaram temas das obras de Chopin para criarem novas obras descritivas e de inspiração extramusical.

Fogo fátuo é outra mostra do mencionado fenômeno. Trata-se de uma ópera cômica em três atos composta por Manuel de Falla em 1919 sobre alguns temas das obras de Chopin e o livreto de Maria Martinez Sierra que narra a vida de Chopin durante sua estada em Mallorca junto a sua polêmica companheira sentimental, a escritora George Sand.

A franqueza da emoção chopiniana

A ideia da conexão da música instrumental com o canto é imprescindível para formar a mentalidade de todo músico e audiófilo, para que se ter uma noção plena da natureza do fenômeno musical.

Não nos esqueçamos de que o evento musical mais primitivo experimentado pelo ser humano é a voz e o canto da mãe e posteriormente sua própria voz, estritamente relacionada a nosso ser emocional. A personalidade artística e pessoal de Chopin é um claro exemplo de humildade e espontaneidade.

Frequentemente, ele subestimava os elogios dos outros, consciente de que somente expressava seu próprio mundo interior; sua forma de compor era sincera e cheia de inspiração, extraindo música de seu coração. Não obstante, esta qualidade não entra em conflito com o brilhantismo técnico de boa parte de sua obra, assim como seu virtuosismo também não entra em conflito com sua imensa emotividade e beleza.

Algumas de suas composições são extremamente simples e comoventes. Este caráter sensível se reflete também em sua forma de conceber seu próprio aprendizado técnico do piano como um processo autorregulador de aperfeiçoamento por meio da observação, tentando chegar ao ideal musical que todo intérprete almeja.

Definitivamente, um músico que cantou a música da alma e prossegue encantando a alma da audiência.

Extraído do sítio The Epoch Times

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