2 de abril de 2013

LIVRO INFANTIL TEM PAPEL DECISIVO NA FORMAÇÃO DO CIDADÃO, DIZEM ESPECIALISTAS - Andréa Silva

Leitura na primeira infância é fator determinante para a construção do caráter e desenvolvimento cognitivo da criança.

No mês em que nasceu Monteiro Lobato, ícone nacional da literatura infantil, há muitas celebrações em torno do universo dos livros. O dia 2 é declarado Dia Internacional do Livro Infantil e abre o caminho para reflexões e questionamentos sobre desafios e carências que o Brasil ainda tem com relação a melhorar os índices de alfabetização e de leitura per capita. Educadores afirmam que o hábito da leitura é um dos pilares da cidadania e ainda alertam: como todo bom hábito, o primeiro incentivo deve sempre partir de dentro casa para ser expandido e aprimorado no convívio social, já que o impacto da leitura na primeira infância é fator determinante para o desenvolvimento cognitivo e comportamental de cada cidadão.


“Ler é um processo mental que envolve essencialmente uma conduta de responsabilidade”, afirma Deyse Campos, assessora de Educação Infantil e Primeiro Ano da Editora Positivo. “Uma vez feita a leitura é impossível dizer ‘não sei’. O leitor pode dizer ‘não compreendi’, mas jamais poderá se isentar da responsabilidade”, complementa.

Para o professor Luiz Cláudio Jubilato, diretor geral do Criar-Língua Portuguesa e Redação, a primeira infância é o período mais importante da vida para se educar o indivíduo e, ao mesmo tempo, estabelecer hábitos, rotinas – com o da leitura. “O ensino nessa fase tem de carregar uma grande dose de prazer, nesse momento a leitura deve exercer um papel fundamental, criando um alicerce de discernimento e educação, associada à diversão”, destaca.

No entanto, grande parte das famílias brasileiras ainda peca em achar que leitura é tarefa exclusivamente escolar. Assim, a construção da habilidade leitora é, na visão de muitas famílias, função do professor. “Essa é uma característica cultural brasileira. A família ainda tem um longo percurso a caminhar na construção do hábito da leitura”, afirma Christine Fontelles, diretora de Educação e Cultura do Instituto EcoFuturo. Na opinião dela, a escola deveria ser a extensão da experiência da leitura. “O processo de alfabetização seria muito mais rico se a criança trouxesse de casa essa referência anterior, de construção de vocabulário pela diversidade da leitura praticada em casa, primeiramente pela percepção auditiva, apresentação natural da linguagem”, destaca a diretora.

Os educadores sinalizam que, na prática do dia-a-dia, as ações da família brasileira estão mais voltadas para oferecer à criança experiências de entretenimento como cinema e passeios, deixando a leitura em segundo plano.

No entanto, Fontelles afirma que essa característica cultural não significa que o brasileiro não valoriza a leitura. “Há muitas ações por todo o país na tentativa de disseminar o ato de ler, num esforço da sociedade civil em suprir as ausências de políticas públicas de leitura e biblioteca”.

Papel do Poder Público


Os avanços tecnológicos e da mídia em geral têm contribuído para que as medidas de incentivo à leitura se propaguem pelo país. Desde 1999 tem sido registrado um avanço na participação do Poder Público em ações direcionadas à promoção da leitura. O professor Luiz Cláudio Jubilato enumera uma série de iniciativas neste sentido, tais como as feiras do livro promovidas em diversas cidades; a criação do projeto contadores de histórias; as bibliotecas públicas foram incentivadas a criar espaços específicos para as crianças; muitas escolas passaram a fazer mini-feiras do livro; escritores passaram a ser figuras recorrentes nas escolas e nas feiras - levados pelas editoras, para promoverem suas obras. “O Poder Público também passou a dar o cheque livro aos alunos das escolas públicas para que adquiram livros em feiras promovidas pelas prefeituras, mas ainda é preciso estabelecer políticas claras para incentivar esse hábito e também reduzir o custo do livro, que ainda é muito alto no Brasil”, expressa o professor.

Entre educadores e especialistas é unânime o consenso de que é preciso aumentar o número de bibliotecas públicas, com espaço adequado para as crianças e monitores treinados para incentivá-las a ler. Os especialistas complementam: como toda habilidade, a leitura não se constrói por si só e a simples presença física do livro não forma leitores. É preciso criar mecanismos de capacitação de adultos que possam ser os facilitadores do processo de leitura para as crianças. 

Extraído do sítio Celulose Online

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